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Diário de Bordo 6 – Brasil 1

(17/08/2014 a 05/09/2014)

Era hora de pegar a estrada…

Depois de muitos abraços de despedida, era hora de pegar a estrada.

Onde moramos, São Bento do Sul – SC, há quatro saídas principais com sentidos diferentes: Joinville, Jaraguá do Sul, Curitiba e Mafra. Nossa opção foi ir sentido Mafra, pois noutro dia, segunda-feira, ainda teríamos que lacrar a placa de nosso carro e seria preferível fazer isso ainda dentro do estado. Nos primeiros 30km familiares ainda acompanhavam o tranquinho lento do Lobo da Estrada, que parecia estar feliz em viajar novamente. Na BR-116, em Mafra, há um posto da Polícia Rodoviária Federal. Foi lá mesmo que dormimos nossa primeira noite.

Noutro dia, com o carro lacrado e placas novas, seguimos a Curitiba, onde fizemos mais um pit-stop na casa do Yguaçu e da Silvia. Para partir numa viagem grande como essa, você inicia os planos com muita antecedência, mas dificilmente está 100% pronto na hora de partir. Essa parada foi justo para deixar nosso carro um pouco mais em ordem. Mas é o seguinte, escrevemos esse diário no trigésimo dia de estrada e ainda não terminamos a arrumação. Isso leva um tempo, algo entre 30 e 900 dias talvez, hehe. No Yguaçu, claro, rolou aquele churrasquinho de praxe.

O primeiro maior deslocamento foi quando fomos a Araçatuba – SP. Lá situa-se a fábrica da RedFly, onde tínhamos uma encomenda para pegar e levar conosco nessa volta ao mundo. É o paramotor, a aeronave que vai nos tirar do chão para fazermos imagens aéreas.

Araçatuba nos recebeu muito bem, tanto pelos proprietários da RedFly, Claudemir e Vermelho, como pelo prefeito da cidade, que nos convidou inclusive para participar de um evento solene de inauguração de uma escola e nos deu a honra de deixarmos nossa marca na cidade, plantando um Jequetibá nesta escola.

O paramotor é algo novo para nós. Então, como parte do plano, fizemos um rápido treinamento em manutenção e regularem, visto que haverá diferentes altitudes em nosso caminho e o motor irá requerer regulagens específicas para cada uma delas. Nosso motor é um Fly 100, com 100 cilindradas. É leve, pesando menos de 20 kg sem combustível. Talvez, para as maiores altitudes, o motor devesse ser mais forte, mas como ambos queremos voar e somente temos um motor, para a Michelle, muito torque seria exagero. A estrutura central onde o motor é acoplado é de alumínio, mas a periférica é fibra de carbono, tendo sua hélice em madeira. Aliás, levamos conosco três hélices para eventuais pousos ruins que possam quebra-la e mais algumas peças extras. As velas, que são as mesmas utilizadas para vôo livre (parapente), ficam no bagageiro dentro do carro, mas o motor, colocamos numa caixa externa sobre o reck. Essa caixa, assim como outras para o equipamento fotográfico e computador, são de uma marca americana chamada Pelican, muito resistentes e 100% a prova de água ou pó. É importante ter proteção e isolamento garantido para nossos equipamentos.

Pode parecer estranho, se após Araçatuba, tendo MT e MS como destino, nós nos dirigimos a Belo Horizonte! Sim, foram muitos quilômetros em sentido oposto, mas que tinham uma razão especial. Estávamos indo aprender a registrar nossa viagem através de vídeos.

Na primeira volta ao mundo fomos um pouco teimosos, confessamos. Muitos nos sugeriram filmarmos tudo, mas pela nossa inexperiência, acabamos só fotografando. Se nos arrependemos? Sim, mas nunca é tarde para mudarmos de opinião, certo?

Nosso instrutor em filmagem Alberto Andrich e sua família, conhecemos em São Paulo, quando gravamos a campanha de divulgação da Adventure Sports Fair de 2014. Sabe aquela sintonia que acontece de vez em quando? Então, com eles aconteceu e por isso fizemos esse deslocamento todo para um curso que poderíamos ter feito muito mais próximo de nossa cidade.

Ficamos 8 dias em Minas Gerais. Desses, três passamos nas imediações da Serra do Cipó, captando tudo através das lentes de nossa câmera. A propósito, nossas câmeras fotográficas também filmam, então será o mesmo equipamento para fotos e filmagens.

A Serra do Cipó é lindíssima, situada a menos de 100km ao nordeste de Belo Horizonte. A vegetação que predomina é o cerrado, cortado por rios cristalinos de tirar o chapéu. Lá, além de toda a beleza, há duas lendas, uma morta e outra viva, que gostaríamos de compartilhar. A morta é o Juquinha, um senhor muito simples que encantava os turistas com flores nativas colhidas no campo. Mas Juquinha virou lenda porque custou a morrer. Isso deve-se a uma doença rara que ele tinha, a catalepsia, que fazia com que seu coração parasse de bater e depois de um bom tempo, voltasse a vida! Dessa forma, houve mais velórios do tal Juquinha, que do nada, se levantava do caixão assombrando a todos! Juquinha morreu de verdade em 1983.

A outra lenda, que ainda está viva, é o amigo que fizemos por lá, o Beto Cipoeiro! Um cara muito bacana e conhecedor da Serra do Cipó como ninguém, tendo feito filmagens de todos aqueles rios e cachoeiras de um helicóptero. Beto Cipoeiro foi quem nos recebeu em sua casa no período que lá ficamos. Esse é daqueles caras que entendem um pouco de tudo, sabe? Seus palpites devem mesmo ser levados em consideração. Além de guia de aventura, Beto dá instrução de combate a incêndio na mata.

Mas nem falamos das filmagens ainda!!! Bom, este vídeo abaixo falará por nós…

Os três dias filmando em campo e mais cinco na casa do Beto Andrich aprendendo a baixar, organizar, tratar, mixar e finalizar os vídeos, nos deram noção de como devemos proceder para fazer um trabalho com qualidade. É claro, daqui para frente é prática. Junto ao Beto, as coisas eram facilmente esclarecidadas e corrigidas. Dali para frente seria com a gente. Agradecemos imensamente ao Beto, Alessandra, Amanda, Yuri e Thor pela ótima estada. Foi muito divertida a convivência com a família “Seis por aí”!

Quem se lembra da campanha de lançamento de nossa expedição “O que você faria em 900 dias?” Nela mostramos alguns de nossos principais objetivos mundão afora nos 900 dias de expedição. Nosso primeiro grande sonho é ver de perto, na vida real e sem grades, o fascinante, temível e bem brasileiro predador: a onça pintada!!! Chegou a hora de ir ao Pantanal em busca dela.

No meio do caminho, que é longo, visitamos o Luli, Cheila, Maria Alice e João Luis, em Mineiros – GO. Luli, ou Luis Carlos, é primo da Michelle e mora há 6 anos pras bandas de cá. Como a maioria dos que moram por aqui, trabalha com a agricultura. São fazendas e mais fazendas. Algumas de perder de vista no horizonte. A maioria são de soja, cana de açúcar e algodão. Também aqui se situa a maior planta da Perdigão, o que atrai trabalhadores de diversas partes do Brasil. Tivemos ótimos momentos em Mineiros, mas o nosso primeiro grande destino nos chamava.

E vamos que vamos rumo ao Pantanal…

 

PS 1 – enquanto viajávamos, olhávamos constantemente os campos ao redor, tendo como alvo das nossas lentes o tamanduá bandeira. Até agora nada, mas ainda há grandes expectativas de encontrá-los antes de sair do Brasil.

PS 2 – no vídeo, quando filmamos do paramotor, reparem que no meio do Rio Cipó aparecem 5 pequenos objetos não identificados boiando. São capivaras, ok? Quem sabe, quando adquirirmos mais experiência de voo, possamos filmar os animais mais de perto!!!

PS 3 – gostaríamos de registrar aqui nosso profundo agradecimento a empresa paulista, da qual temos a honra de fazermos parte, chamada ECCO TALENTOS. (www.eccotalentos.com.br) Representados por Mariana Britto, Marcelo Siqueira e David Schurmann, são eles que trabalham conosco desde o primeiro dia de planejamento desta expedição.

Trajeto percorrido

Itinerário 6

Fotos

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