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A Guerra da Bósnia

Educacional

Você ainda se lembra dos anos 1992, 1993, 1994 e 1995? Onde estava? O que fez? Ou algo especial que tenha acontecido? O texto abaixo conta um pouco da história de um povo que nem querendo conseguirá apagar esses anos de suas memórias. Trata-se de mais uma história de guerra, infelizmente.

A Iugoslávia foi um país socialista composto pelos atuais países europeus Sérvia, Montenegro, Bósnia e Herzegovina, Croácia e Eslovênia, mas com o enfraquecimento do sistema comunista no mundo, passou a desintegrar-se no ano de 1991. A ideologia comunista abriu espaço para movimentos nacionalistas e separatistas e neste mesmo ano a Croácia e Eslovênia se tornaram independentes. A Bósnia e Herzegovina, por sua vez, que era um país multi-étnico e multi-religioso, por hospedar sérvios, croatas e bósnios, declarou independência em 1992, mas os sérvio-bósnios, que almejavam um país que unisse a todos os sérvios, não aceitaram a independência e deram inicio a uma sangrenta guerra, que resultou em aproximadamente 200 mil vítimas.

O conflito que envolveu sérvios cristãos ortodoxos, croatas católicos romanos e bósnios muçulmanos tomou proporções catastróficas não só pelo número de vitimas, mas pela duração do combate e, principalmente, pelos crimes de guerra cometidos, incluindo genocídio.

Sarajevo, a capital da Bósnia e Herzegovina, fora cercada por forças sérvio-bósnias por um período de 1425 dias e segundo informações de um museu, a quantidade de projéteis atirados contra seus prédios, casas, homens, mulheres e crianças fora em média 330 por dia. Num dos dias da guerra, o dia 22/07/1993 para sermos mais exatos, as Nações Unidas registraram 3777 disparos, todos com intenção de causar a maior destruição possível. O objetivo dos atacantes era conquistar a capital, mas como suas intenções falharam devido a vigorosa resistência por seus defensores (que tinham dramaticamente menor poderio de fogo), a cidade foi submetida a uma das sagas mais duradouras e brutais de guerra dos tempos modernos.

Nós, no Brasil, ouvíamos muito falar sobre a guerra da Bósnia naqueles anos, mas como declarou uma menina num depoimento para a televisão: só tem ideia do inferno que passou Sarajevo quem esteve lá, e por incrível que pareça, 500 mil pessoas sobreviveram (essa palavra com significado ao pé da letra) pois por estarem cercados pelo exercito inimigo, ficaram limitados de tudo: comida, água, eletricidade, combustível, ou seja, do mínimo necessário para a sobrevivência.

O museu próximo ao aeroporto que conhecemos mostra exatamente o que ajudou esse povo a sobreviver. A luta pela vida fez com que os habitantes de Sarajevo construíssem, em total segredo e por debaixo da pista do aeroporto da cidade, o hoje chamado “Túnel da Vida”. Com um quilometro de extensão e apenas 1,5 metros de altura, sobre trilhos para vagonetes foram transpassados mantimentos para meio milhão de pessoas no período da guerra.

Sarajevo, nos dias de hoje, é uma cidade linda, muito segura e agradável, mas as marcas da batalha ainda estão evidentes em cada esquina, nos buracos causados pelos tiros nas paredes dos prédios e casas. Sem contar a destruição de tantas outras cidades do país que também sofreram com a guerra, como Srebrenica, onde em questão de duas semanas mais de 8000 bósnios muçulmanos foram assassinados. O primeiro caso reconhecido como genocídio após o Holocausto.

Guerras envolvem tantos interesses políticos por parte dos governantes dos países, que muitas vezes é difícil entender os verdadeiros motivos dos combates. Nessa guerra, além dos ataques sérvios contra os bósnios muçulmanos, os croatas lutaram em dois lados, primeiro a favor e depois contra os bósnios. Nós passamos por uma cidade na Bósnia chamada Mostar, que possuía uma ponte em arco lindíssima, que era um marco da história local, mas os croatas a destruíram. Ela foi reconstruída, claro, mas não é mais a mesma coisa. Depois na Croácia, quando conhecemos Dubrovnik, logo ao entrar na parte antiga da cidade, que é muralhada, vimos um mapa onde os croatas mostravam cada ponto onde a cidade havia sido bombardeada, esta que também é um patrimônio da humanidade.

Cada um, agora, parece mostrar onde foi ferido, colocando a responsabilidade no outro. Mas e as 200 mil vidas perdidas? Será que valeu a pena brigar?

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