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Chernobil, a maior catástrofe ambiental do mundo

Ambiental

De acordo com informações contidas no Museu de Chernobil, em Kiev, capital da Ucrânia, o engenheiro que projetou a Usina Nuclear de Chernobil assegurava que ela era tão segura, mas tão segura, que poderia ser construída na Praça Vermelha, no coração de Moscou.

Maquete Reator 4 da Usina Nuclear de Chernobil.

Os fatos comprovam que ele não tinha tanta razão. Na madrugada do dia 26 de abril de 1986, quando alguns experimentos eram executados no reator número 4 do Complexo Nuclear de Chernobil, Ucrânia (na época este país fazia parte da União Soviética), este veio a explodir e a causar o maior desastre nuclear da história (medição 7, numa escala que vai de 0 a 7), espalhando partículas radioativas por parte da União Soviética (Ucrânia, Bielorrússia e Rússia) e Europa Ocidental.

Foto aerea do reator danificado.

Medições de radiação na região-

Propagação da radiação.

A gravidade do acidente foi tamanha que, comparando-se as bombas de Hiroshima e Nagasaki no final da Segunda Guerra Mundial, esta espalhou 400 vezes mais material radioativo. Além da quantidade, a área atingida foi vasta, tendo as cinzas sido transportadas pelo vento inicialmente para Oeste e depois para Sul. Os oficiais soviéticos tentaram silenciar o ocorrido para evitar um alarde internacional, mas de nada adiantou, pois a Suécia detectou radioatividade em seu território e se pronunciou. Dentro do território soviético, com essa tentativa medíocre de mascarar a tragédia por parte dos oficiais do governo, ações de emergência, como a de evacuação das pessoas que moravam na área atingida demoraram para acontecer, deixando-as expostas a alta radioatividade por um período longo. Cento e trinta mil pessoas tiveram que ser evacuadas de suas moradias e uma parte delas não puderam mais voltar, pois a zona contaminada de Chernobil foi interditada por tempo indeterminado. Hoje ela é chamada de “zona excluída”.

Notícias nos jornais.

Locais deixando suas casas.

Se a causa da explosão foi erro de projeto ou falha dos operadores da usina, essa foi uma discussão de muitos anos após o acidente. Hoje especialistas independentes atribuem problemas em ambos os lados. Para simplificar, um defeito no reator foi exponencialmente agravado pela falha humana. No museu de Kiev tivemos acesso a muita informação, bem como documentos, depoimentos, fotos, jornais, pertences de pessoas que trabalhavam na ocasião do acidente e na megaoperação de limpeza após a tragédia, que envolveu em torno de 600 mil pessoas.

Mil e oitocentos helicópteros jogaram cerca de 5000 toneladas de material extintor (areia e chumbo) sobre o reator que ainda queimava. Esses trabalhadores (muitos voluntários) não fugiram da responsabilidade e bravamente expuseram-se a alta radiação, primeiro apagando o fogo e depois construindo um sarcófago de chumbo e concreto sobre o reator número quatro para deter por completo sua radiação.

É difícil estimar o número de fatalidades decorrente do acidente, pois dependendo da intensidade do contato com a radiação, pessoas podem morrer horas após o acidente ou até décadas mais tarde, de câncer ou outros problemas de saúde. Mas foram muitos, isso sem contar as mutações genéticas que podem afetar futuras gerações. No museu vimos um feto suíno que possuía dois corpos para uma cabeça só.

Oficiais do exército, médicos, pesquisadores e população em geral se envolveram na causa.

As marcações com o símbolo de radiação são as pessoas que morreram em questão de dias após o acidente.

A energia atômica é questionada no mundo atual, pois apesar de ser uma fonte de energia eficiente, os riscos a população são muito grandes, tanto por possíveis acidentes, como pela destinação dos resíduos radioativos. Vale lembrar que o Brasil sofreu um acidente gravíssimo (medição 5, numa escala que vai de 0 a 7) em Goiânia em 1987, quando catadores de ferro velho encontraram em uma clínica abandonada um aparelho de radioterapia. Por pensarem que era sucata, o desmontaram e repassaram para terceiros, criando um rastro de contaminação que afetou a saúde de centenas de pessoas, trazendo inclusive a morte para algumas. No dia 11 de maio de 2011 ocorreu um acidente nuclear no Centro Nuclear de Fukoshima I, Japão, motivado por um tsunami. Este também registrou medição 7 na Escala Internacional de Acidentes Nucleares.

A questão é muito delicada. Há outras formas de geração de energia, mas no caso da hidráulica, por exemplo, ela também traz impactos a natureza na criação das represas. O Brasil hoje opera três usinas nucleares em Angra dos Reis.

Nosso caminho pelo Norte da Ucrânia e Sul da Bielorrússia passou próximo a area excluída e especialmente na Bielorrússia, quando dirigimos por uma floresta verde e bonita, em vários pontos vimos placas que alertavam sobre a radioatividade. Acreditem, não é uma sensação gostosa de se viajar nessas terras. Aquele dia nós só paramos para pernoitar quando estávamos bem longe.

Placas nas florestas no sul da Bielorrússia.

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