ícone lista de índices Índice

2005-2006: Deserto do Atacama e Uyuni [Roy Rudnick e Michelle Francine Weiss]

Outras Aventuras

Em agosto de 2005 tomamos a decisão de nossas vidas: partir no início de 2007 para uma viagem de volta ao mundo de carro. Já fazia um bom tempo que o Roy não realizava nenhuma viagem, que eram de costume, anuais. Nosso namoro estava firme e forte, porém, precisávamos testar como nos comportaríamos juntos numa viagem mais longa. O Roy, então, me convidou para fazer uma expedição de carro pela Argentina, o Chile e a Bolívia.

Equipamos nossa defender 110 com apenas o básico e necessário. Tiramos o banco traseiro para colocarmos um colchão que nos permitiria dormir dentro de nosso carro, levamos um fogão a gás, utensílios de cozinha, comida, computador, máquina fotográfica, um GPS antigo (sem mapa) que funcionava apenas para nos direcionar norte/sul e nos dar a altitude, 3 mapas impressos e as coisas pessoais de cada um.

Dia 17 de dezembro de 2005 partimos para o que é, hoje, um dos meus lugares preferidos do mundo: o famoso DESERTO DO ATACAMA.

Tínhamos apenas 16 dias para ir e voltar, por isso teríamos que rodar em alguns dias grandes quilometragens. Para não perdermos tempo, fizemos um bom plano diário do que gostaríamos de conhecer x deslocamentos.

Partimos cedo de São Bento do Sul em direção a Posadas, Argentina e cruzamos a fronteira internacional via Dionísio Cerqueira – SC. Dirigimos, dirigimos, dirigimos e só paramos num camping de um alemão a beira da Ruta Doce (12 em espanhol), próximo a região das missões. Foram 964km rodados nesse dia.

De Posadas fomos a Salta e após cruzarmos o rio Paraná a paisagem foi dominada pelo chaco argentino. A estrada virou uma reta só, com muitos buracos. A vegetação era sempre a mesma e uniforme, o calor era intenso. Milhares de pombas voavam de um lado para o outro da rodovia e tínhamos que ficar atentos para evitar atropelamentos. Já borboletas, que voavam em maior quantidade, não tinha jeito de desviar. O que quebrava a monotonia da viagem eram as paradas policiais, quando os guardas tentavam arrancar nosso dinheirinho. Um deles foi tão cara-de-pau que até para pintar a guarita pediu dinheiro. No final da tarde surgiram as primeiras curvas e montanhas, indicando que ali iniciava a Cordilheira dos Andes. Chegamos tarde da noite em Salta, pegamos uma pousada no centro da cidade e saímos para jantar. O Roy já de cara pediu algo bem típico da região: vinho tinto misturado com água gaseificada bem gelados, que mataram a nossa cede quase insaciável. Voltamos para o hotel e desmaiamos de cansaço, pois nesse dia havíamos dirigido 1.209km.

O terceiro dia começou cedo novamente e iniciamos a subida da cordilheira. Haviam duas possibilidades para se chegar ao nosso próximo destino, a cidade de San Pedro de Atacama: pelo Paso Sico ou pelo Paso Jama. Como em sua viagem anterior ao Deserto do Atacama o Roy já havia cruzado o Paso Sico, optamos pelo caminho desconhecido de ambos, o Paso Jama. Subimos uma serra de estrada asfaltada, repleta de curvas e com uma vista surreal. Avistamos os primeiros salares e as primeiras lhamas e vicuñas. No meio da subida, fizemos uma parada para o almoço. Junto com nosso terceiro tripulante, o Pato Donald, preparamos aquela refeição. Continuamos a subir – ainda bem que nosso carro era turbinado, o que amenizava a perda de potência devido a pouca quantidade de oxigênio – e atingimos a altitude de 4.840m acima do nível do mar. Cruzamos a fronteira da Argentina para o Chile e a paisagem ficou mais impressionante ainda. Estávamos no meio do Deserto do Atacama! Lá longe avistamos o vulcão Lincancabur e empolgados paramos para tirar fotos, dignas de cartão postal e pinturas. Nessa hora percebemos que não foi só nosso carro que sofria com a falta de oxigênio, pois nós também sentimos os sintomas da altitude. O Roy se abaixou para tirar uma foto e quando levantou meio rápido, sentiu-se mal e ficou com uma forte dor de cabeça. Qualquer esforço maior não era bem aceito pelo nosso corpo. Chegamos em San Pedro e fomos direto para um camping comer e descansar.

Noutro dia tivemos que ir a aduana chilena regularizar a entrada do carro no Chile. Todo o procedimento foi tranqüilo, porém, devido a grande rigidez chilena com a entrada de alimentos frescos no país, tivemos que abandonar nossas frutas, verduras e ovos. Pelo menos o leite, a manteiga e o bolo de natal que minha mãe mandou de presente nos deixaram ficar.

San Pedro de Atacama fica no meio do Deserto do Atacama e possui ao seu redor muitos atrativos. Por isso atrai pessoas do mundo inteiro, que vão desbravar o deserto. A cidade é repleta de pousadas, restaurantes, agências de turismo e demais infra-estruturas necessárias aos viajantes.

Trocamos dinheiro e o jeito, agora, era aproveitar. Fomos às agências de turismo coletar informações do que se tem para ver, fazer e como se chega a esses lugares de carro, sozinhos. Ao sair da última agência, dois franceses perguntaram se poderiam pegar uma carona conosco, já que gostariam de conhecer a Laguna Cejar e não tinham como chegar lá. Nos ofereceram o valor que pagariam a uma agência. Topamos! Com esse dinheiro, na tarde daquele dia, fizemos uma caminhada guiada pela Cordilheira de Sal, que finalizou com um pôr-do-sol no Vale de la Luna.

A Laguna Cejar fica ao norte do Salar de Atacama. É uma lagoa de água cristalina esverdeada com uma alta concentração de sal. O Sol estava de rachar, mas a água, congelante. E eu pensei: “ vou mergulhar de uma vez!” e me joguei de ponta. Mas a alta concentração de sal fez meus olhos, boca e nariz arderem muito, logo no primeiro contato com a água. Foi o primeiro e último mergulho, pois o sal incomodava muito. O legal dessa lagoa é que nosso corpo malmente afundava, devido a grande densidade da água pela concentração do sal.

Voltamos para a pousada loucos por um banho de água doce. Nossa pele estava branca pelo sal e nossos cabelos duros como uma pedra. O Roy preparou o almoço (almôndegas enlatadas com miojo), mas quando nos demos conta do horário, saímos correndo e comendo no caminho para não perder o passeio da tarde que havíamos contratado.

E que show foi esse passeio! A primeira parada foi no Vale de la Muerte (Vale da Morte). Não se sabe ao certo o porque desse nome, mas existem três hipóteses: uma delas e a mais provável conta que o fundador do museu, um padre, disse que o lugar parecia um vale de Marte e os índios acabaram entendendo erroneamente como muerte. Outra conta que ali eram enterrados os mortos e a terceira diz que viajantes e seus animais muitas vezes morriam tentando atravessar esse lugar. Aos nossos olhos, a hipótese que se pareceu mais provável foi a primeira, visto que tudo ali se parecia com um outro planeta, devido a aridez e formações no deserto. Dali, de carona com a van da agência, fomos ao ponto de partida da caminhada na Cordilheira de Sal, de onde descemos pelo vale até chegarmos num cânion com suas paredes cobertas de sal. Segundo nosso guia, essas montanhas salgadas se mantém intactas devido a aridez – chove cerca de cinco dias ao ano, somente em março, aproximadamente dez minutos por dia. E quando chove a água trás o sal para a superfície e forma-se um solo oco e frágil.

A van nos esperava no final do cânion e nos levou, finalmente, para o famoso Vale de la Luna (Vale da Lua). Centenas de turistas já aguardavam o fim do dia para ver o pôr-do-sol naquele lugar paradisíaco. O sol ainda estava alto e tivemos que enfrentar uma subida forte para chegar ao mirante. Com a pressa que saímos da pousada, levamos apenas uma garrafa pequena de água para nós dois e essa já havia acabado fazia tempo. A sede pegou. Mas o visual compensou qualquer esforço. Ele justificava toda aquela gente estar ali. Avistávamos uma formação chamada de anfiteatro, uma duna gigantesca e o vulcão Lincancabur, com sua forma cônica perfeita. Como o ar é seco, é possível enxergar centenas de quilômetros. Por fim, vimos um belíssimo pôr-do-sol e voltamos a pequena San Pedro realizados com nosso dia perfeito.

A noite de San Pedro é agitada. As construções de abobe são iluminadas com luzes de velas e o cheiro da comida espalha-se pelo local. A música andina, vozes, risadas em diversos idiomas vem de todas as esquinas. A atmosfera é encantadora, mas típica de um lugar realmente turístico. E os preços também! Jantamos uma deliciosa comida no Café Étnico e é claro que depois de um dia desses, uma cerveja gelada não poderia faltar.

Dia 21/12 acordamos antes do sol nascer, as 3h40, com o intuito de ver o amanhecer nos Geisers del Tatio. É no clarear do dia que o espetáculo é mais bonito, no contraste da água fervente que sai dos gêiseres com o frio da manhã. Pegamos uma estrada ruim de aproximadamente 80km com muita pedra solta, tornando o deslocamento lento, mas mesmo assim fomos um dos primeiros a chegar no local. O frio era intenso, certamente que os termômetros marcavam graus negativos. O sol nasceu por detrás da fumaça de vapor, enquanto isso, alguns gêiseres apenas borbulhavam, outros, vez ou outra, esguichavam a água a toda pressão atingindo alguns metros de altura.

O plano para esse dia era conhecer, além dos gêiseres, pueblos (vilarejos) da região. Como de costume no Deserto do Atacama, o céu estava azul, sem nenhuma nuvem. Aos poucos fomos guardando os cobertores e tirando nossas roupas de frio. Pegamos uma serrinha chamada Quebrada Chita e seguimos rumo a Caspaña. No caminho víamos pilhas de pedras bem altas, comuns aqui na região, mas só fomos descobrir o porque da sua existência um bom tempo depois. São chamadas apachetas. Os viajantes as montavam para demarcar as rotas. Geralmente eram feitas em formato piramidal e ocas no meio para guardar coca, alimentos (comumente carne seca de vicuña) e água.

De repente, no meio daquela planície monocromática surge um buraco, como uma erosão, e ali dentro instalava-se o vilarejo Caspaña. Apenas um pequeno riacho cruza o pueblo e a pouca água que nele corre é o suficiente para trazer verde e vida àquele lugar. As casas são simples, de barro ou pedra, com telhados de palha e jardins e hortas impecáveis. As plantações são feitas em terraços, que ajudam na sua irrigação. Caspaña parece um vilarejo de estória encantada.

Adiante vimos a Laguna Chiu-Chiu de profundidade não identificada. O francês Jacque Cousteau veio estudar a sua profundidade, pois o povo local dizia que de tão profunda, a lagoa possuía ligação com o mar. Ela também é chamada de Laguna Inca Coya devido a uma trágica lenda inca que conta o seguinte: “Colque-Coillur era a mais bonita das princesas incas e sua doçura e beleza conquistaram o inca Atahualpa Yupanqui, que havia chegado as belas terras chiuchiuanas. Uma promessa de seu amado iludiu a jovem e eles conceberam um filho. Porém a princesa foi traída e ela acabou suicidando-se no lago com o pequeno em seu ventre.”

Dali, entramos em mais um vale verde, repleto de lhamas peludas e fofas. Estávamos entrando no Vale do Rio Lòa. Essa localidade é famosa pelas inscrições rupestres de 3.000a.C que ficaram intactas até a chegada dos espanhóis. Fomos procurando os ditos petroglifos, mas nada de diferente víamos naquelas pedras que delimitavam o vale. De tanto querer vê-los, estávamos vendo coisas que nem existiam. Chegamos a vila de Lasana, que possui ruínas de um forte de aproximadamente 400d.C e decidimos voltar. E aí sim, olhando para as pedras por um outro ângulo, encontramos diversos petroglifos e as nossas caras tristes mudaram. Seguimos para Chiu-Chiu e visitamos uma das igrejas mais antigas do Chile com detalhes de madeira de cactos. Essa madeira é tão bonita que acabamos coletando uns pedaços e trouxemos para presentear o pai do Roy.

Continuamos pelo deserto, calor e poeira, e chegamos em Calama, a cidade que hospeda uma das maiores minas de cobre do mundo. Por pouco não batemos nosso carro com um ônibus. Morrendo de fome, paramos em uma feirinha no centro da cidade e comemos um sanduíche de bife, tomate e cebola. De Calama regressamos a San Pedro de Atacama. Aproveitamos o resto do dia para passear nas feirinhas e fazer faxina no carro, o qual estava uma bagunça. Mais um dia terminou, dessa vez com uma taça de vinho.

Sexto dia de viagem deixamos San Pedro e o Chile para entrar na Bolívia. Na fronteira cruzamos com diversos brasileiros, fizemos os trâmites (apenas de imigração já que a aduana ficava num posto avançado) e partimos rumo a uma grande aventura. O plano era cruzar o deserto até o Salar de Uyuni numa rota chamada Circuito das Jóias Altoandinas. Não tínhamos mapa no GPS para nos guiar e muito menos sabíamos o caminho. As informações que tivemos era de que alguns carros de agências de turismo faziam esse trajeto levando turistas e que poderíamos segui-los. Foi nossa idéia…

Nos primeiros quilômetros dentro do novo país está a linda Laguna Blanca (Lagoa Branca) de água cristalina, que reflete as montanhas de fundo. Sua coloração é branca e milhares de flamingos faziam a sua morada ali e embelezavam ainda mais o cenário. Uns mais brancos, outros mais rosados faziam pose para a nossa câmera. Alguns quilômetros a frente chegamos a Laguna Verde (Lagoa Verde). Assim como as águas da Lagoa Branca são brancas, as da Laguna Verde são verdes! Sentamos e ficamos observando aquela beleza singular. De repente, a superfície lisa da água que até então refletia o Vulcão Lincancabur começou a ficar ondulada devido ao vento que passou a soprar e a lagoa se transformou num verde opaco intenso. Um fenômeno interessante! O vento surge do nada e dizem que isso acontece diariamente no mesmo horário.

Na viagem que se seguia, a cada curva uma nova surpresa, uma nova paisagem de tirar o fôlego. Paramos para ajudar o motoqueiro Miguel que já estava há quatro horas tentando fazer a sua moto funcionar. Ele estava sozinho no meio do deserto e nenhum carro que passava parava para lhe ajudar. O Roy identificou o problema quase que prontamente, pois acontecera ao Miguel o mesmo problema nas velas que ele tivera em sua viagem ao Ushuaia. Quando sua moto pegou, Miguel abriu um sorriso naquele rosto rosado, típico de um senhor andino e o deixamos com algumas barras de cereal e água.

Saímos da trilha principal para ir a aduana regularizar a entrada de nosso carro na Bolívia. O curioso é a localização dessa aduana, que fica junto de uma estação produtora de ácido bórico sobre um vulcão. Está a 5.050m de altitude (maior altitude alcançada em nossas vidas até então!!!). Com informações dos agentes aduaneiros, ficamos sabendo que já havíamos passado dos Geisers Sol de Mañana. Mas como não era longe, voltamos e lá estavam eles, completamente diferentes dos Geisers del Tatio. Eram característicos pelo lodo acinzentado, alguns apenas soltavam pressão, outros borbulhavam tão alto que tínhamos que manter uma certa distância. A fumaça e o cheiro fedorento de enxofre eram muito fortes.

Logo mais a frente, avistamos algo diferente, o que parecia uma miragem. Fotografamos para registrar e pelo que os mapas indicavam era a Laguna Colorada. Quanto mais nos aproximávamos, mais curiosos ficávamos. Haviam nuvens de fumaça, redemoinhos que levantavam a poeira do solo. Logo identificamos uma espécie de salar no meio do qual acumulava-se uma água vermelha onde haviam milhares de pequenos pontinhos rosados, que na verdade eram milhares de flamingos. Era sim a Laguna Colorada! Ficamos chocados com a beleza exótica do lugar. Não sabíamos o que fazer, nem o que pensar. Como pode existir uma beleza dessa?

Os jipes com os quais havíamos cruzado pouco antes haviam desaparecido e não fazíamos a mínima idéia de que caminho seguir. Única informação é que eles iriam passar a noite num abrigo próximo a lagoa. Era impossível terem sumido assim e estávamos com receio de ficar procurando-os e assim gastar nosso precioso combustível. Resolvemos ir na direção da ponta da lagoa, subimos um morro e quando chegamos ao topo ficamos boquiabertos: avistamos a continuação da Laguna Colorada. Imensa! Aqueles flamingos, a cor branca e vermelha era uma visão muito louca.

Seguimos para um lugar que parecia ser os tais abrigos, mas o que representava perto, na verdade, eram vários quilômetros. Quando chegamos, uma mulher local nos confirmou que essas expedições passam a noite ali. O sol ainda estava alto (+/- 2h da tarde) então resolvemos voltar para a lagoa e curtir mais um pouco o visual. Logo encontramos um jipe e avistamos os demais chegando. Mais algumas fotos e decidimos seguir viagem. Como dormíamos em nosso carro, qualquer lugar nos serviria de acampamento.

A trilha que existia transformou-se em vários caminhos no meio do deserto. Agora que os outros carros ficaram para trás, tínhamos que seguir sozinhos. O Roy estava empolgadíssimo com as estradas, que assim como as paisagens, mudavam a toda hora. Areia, pedras, cascalho… de tudo! Em uma bifurcação ficamos em dúvida para onde seguir: reto, ou pegar a direita. A única indicação era uma placa de concreto com um mapa desenhado, mas que estava em pedaços no chão e não estávamos com a mínima vontade de brincar de quebra-cabeça naquele momento. Escolhemos o caminho da direita – por sorte o caminho certo. Segundo um dos nossos mapas impressos, cruzaríamos com as Lagunas Altiplanicas, mas a estrada foi ficando cada vez pior. Outra referência era o Vulcão Ollague que também constava no mapa e todas as montanhas altas que passávamos, achávamos que era ele. Tínhamos três mapas, mas todos eram diferentes. Vimos uma montanha muito linda, cheia de neve. Pedi para o Roy estacionar para eu fotografar e ele disse: “vamos só passar essa curva”. Quando passamos a tal curva, nos deparamos com uma lagoa imensa, cheia de flamingos. Estavam ali as lagoas que tanto procurávamos e a cada vale que passávamos, surgia uma diferente. De tão lindas, parecia um sonho.

Descemos uma estrada horrível e chegamos no que parecia uma estrada principal. Sem nenhuma indicação, seguimos para a direção mais provável, a esquerda. Depois de 34km, um trilho de trem cruzava a estrada e percebemos que estávamos no caminho errado. Ali era a divisa da Bolívia com o Chile. Já estava anoitecendo e nosso carro estava cheio de pó, por fora e por dentro, e nós dois cansados não víamos a hora de chegar a San Juan, tomar um banho e descansar. Voltamos até o local onde encontramos essa estrada maior e rodamos 14km na outra direção até encontrarmos uns containers-casa e pedimos informação. Um homem nos falou que passamos da entrada a uns 20km atrás. Voltamos e depois de muitos quilômetros rodados a toa achamos o que parecia ser uma entrada para uma pequena trilha. O Roy achou melhor pararmos e dormirmos ali mesmo para confirmarmos se estávamos certos a luz do dia. Estávamos famintos, mas com toda aquela poeira dentro do carro não dava vontade de mexer um dedo para arrumar a cama e cozinhar. Por mim, dormiria sentada no banco mesmo. Pegamos um vidro de palmito e uma lata de milho e essa foi a nossa janta. Arrumamos a cama e capotamos.

Levantamos com o sol alto e descobrimos que dormimos praticamente ao lado do Vulcão Ollague. Seguimos viagem e vieram as confirmações de que estávamos no caminho certo. Encontramos com carros de agências de turismo vindo do Salar de Uyuni e num deles haviam brasileiros que nos falaram: “O salar é de ELITE”. Cruzamos Chiguana, uma base militar boliviana e avistamos a cidade de San Juan. Nesse trajeto, uma luz no painel do carro se ascendeu indicando algum problema na caixa de câmbio. Não estávamos num bom lugar para ter problemas mecânicos. Preocupados, seguimos viagem e logo a luz se apagou. Fomos cruzando diversos pueblos, passamos da entrada de Uyuni, voltamos, perguntamos e finalmente achamos a entrada para a imensidão do Salar de Uyuni.

A direção a ser seguida seria a Isla del Pescado, uma das diversas ilhas que brotam daquela planície branca do salar, mas em que direção estaria ela? Naquele mar de sal, de quase 300km de diâmetro, como acharíamos uma simples ilha se não tínhamos um GPS? O Roy tinha uma suposição da direção, já que esteve lá em outra oportunidade, porém, vindo da direção oposta. E falou com convicção: – Temos que ir para lá!…  que referência ele usou eu não sei, mas confiei na sua intuição. Havia alguns centímetros de água que espelhavam o céu o que multiplicava ainda mais a sensação de amplitude. Logo nos primeiros quilômetros nosso Land ficou coberto de sal. Tínhamos que seguir devagar, pois podíamos cair num buraco – o sal é como a areia, acaba camuflando as bordas do solo e muitas vezes morros e buracos passam despercebidos a nossos olhos.

E não é que a direção estava certa? Depois de mais de 1h30, chegamos a famosa ilha. Pelo que parecia, foi um vulcão no passado, pois seu solo estava coberto por rochas similares a vulcânicas. Os cactos dominavam quase todo o seu território. Alguns com mais de 1230 anos. Para saber a idade de um cactos basta medir a sua altura. Este milenário possuía 12,30 metros – cada centímetro de altura representa um ano de vida. Subimos até a parte mais alta da ilha, de onde podíamos ter uma vista de 360 graus do maior deserto de sal do mundo. Segundo os bolivianos, o Salar de Uyuni possui 12.000 quilômetros quadrados e em alguns lugares a profundidade de sal pode chegar a 100m.

Estávamos morrendo de fome e com preguiça de cozinhar, então resolvemos comer no restaurante que havia na ilha. Comemos carne de lhama, com salada, batata frita e dois molhos muito saborosos de pimenta e salsa. Demos carona para uma mulher chamada Victoria. Ela nos mostrou a direção para a cidadezinha de Llica (para onde seguiríamos no próximo dia) e posteriormente nos deu referências de uma lavação, uma casa de câmbio e um hotel barato para ficarmos em Uyuni. Ficamos até tarde na lavação, tirando o quanto antes o sal do carro e aproveitamos para fazer uma limpeza na poeira que se acumulava em seu interior.

No outro dia cedo, dia de natal, fomos procurar uma oficina para checar o que estava acontecendo com nosso carro. Descobrimos mais tarde que o sensor do óleo da caixa estava “pirando”. Seguimos viagem e fizemos mais quilômetros sobre o sal (acho que no total foram 300km somente no salar de Uyuni). Llica foi o primeiro de muitos povoados que passamos até o Salar de Capasa. Esse salar também era muito bonito e tivemos a sorte de encontrar alguns flamingos no meio de sua brancura. Por essas regiões menos turísticas éramos praticamente os únicos circulando e muitas vezes tínhamos que adivinhar que caminho seguir. Chegamos a Psiga, fronteira da Bolívia com o Chile. Abastecemos, lavamos mais uma vez o carro e logo estávamos em Colchane – Chile. Ali, ficamos “P” da vida, pois os agentes da aduana nos fizeram tirar tudo de nosso carro para fazerem vistoria e quando falamos que seguíamos para Putre, falaram que não era indicado cruzar o caminho que passava pelas montanhas. As vezes, se estamos em busca de aventura, temos que ignorar esses palpites! Nós seguimos por esse caminho e foi ali que pegamos a primeira chuva da viagem, que veio para aliviar um pouco o calor e a poeira que estavam insuportáveis.

Entramos no Parque Nacional do Vulcão Isluga com 5.530m de altitude. No pueblo Isluga não havia ninguém, mas no pueblo Enquelga, que também estava desértico, encontramos um casal, que pode dar-nos informações. Não haviam hotéis ou campings, mas fomos gentilmente convidados a usar uma casinha desocupada. No meio dos entulhos havia uma mesa, onde poderíamos cozinhar. Decidimos aceitar o convite! Não haviam chuveiros, só um banheiro comunitário no meio da vila. Quando fui usá-lo, vi que a senhora estava limpando-o para nós e logo o senhor nos trouxe uma toalha para colocarmos na mesa. Estávamos sendo muito bem recebidos.

Arrumamos a cama no jipe e fomos para dentro do pequeno abrigo cozinhar, pois estávamos mais uma vez apenas com o café da manhã e algumas barras de cereal. A chuva trouxe o frio! Primeiro fizemos um café para nos esquentar e depois, a nossa ceia natalina: pepino em conserva, macarrão ao molho de atum, extrato de tomate e ervilhas. Tudo isso regado a muito nescau com vodca natasha – tudo para nos aquecermos. Oferecemos aos nossos hospedeiros um pouco de pepino e um pedaço de bolo de natal. Ambos recusaram. Acredito que estavam com receio de experimentar algo desconhecido. E veio a hora dos presentes. Eu ganhei uma bolsa da Bolívia e o Roy um pedaço de madeira de cactos, rsrsrs. Abri também um presente enviado pela minha irmã Daniela e aí, quando li o cartão, não deu para agüentar a emoção. Era meu primeiro natal longe de casa e da família.

Louça limpa e fomos dormir, mesmo que ainda estava claro. O Roy teve uma crise de sonambulismo e bateu seu olho em algum lugar no carro. Estava assustado e sentia muita dor. Quando fui buscar um pouco de água para ele, numa torneira fora do carro, percebi o quão congelante estava o ar. Nosso natal de 2005 foi ali, naquele povoado simples, ao redor de casas de barro e aos pés do vulcão Isluga. São momentos inesquecíveis.

Levantamos cedo noutro dia, tomamos café, arrumamos nossas coisas, tiramos uma foto com nossos hospedeiros e partimos. Seguimos por vales verdes entre as montanhas, vales com rios cristalinos, habitados apenas por lhamas. Logo apareceram as primeiras montanhas com neve em seu cume – provavelmente havia nevado na última noite. Chegamos a cerca de 4.750m acima do nível do mar e o frio ficava cada vez mais intenso. Quando chegamos no Parque Nacional das Vicuñas, entramos no Salar de Surire e fomos em direção a termas, onde encontramos um casal de franceses. Tanto eles quanto nós estávamos receosos de entrar nas águas termais, pois não sabíamos se era indicado para banho. O cheiro de enxofre era altíssimo e a cor da água comprovava que nela havia uma grande concentração dele. O Roy se arriscou primeiro e logo foi seguido por todos nós. A água estava muito quente e foi perfeita para relaxar.

Do outro lado do salar avistamos o Vulcão Guallatiri (6.071m), cuja base ficava a cidade Guallatiri. Ele estava coberto de neve e muito lindo. Dali para frente haviam muitas montanhas cobertas de neve. A chuva nos acompanhava… Comentei com o Roy que nunca tinha visto nevar. De repente chegamos num topo de um morro e nos deparamos com uma área plana muito branca. Ficamos em dúvida se era neve ou sal e ficamos em silêncio. Mas logo confirmamos que era neve, pois flocos caiam do céu. Que alegria!!!  No dia 25 de dezembro, natal, nevando. Saímos do carro de roupas curtas e chinelo – definitivamente não estávamos esperando pegar neve. Fizemos muitas brincadeiras e fotos, mas tivemos que seguir viagem.

O plano agora era descer a cordilheira até Arica. Foram horas para ir de 4.200m de altitude até o nível do mar. O trajeto passava por uma serra gigantesca que ia de montanha em montanha. Dela saiam serras menores que davam acesso as cidades situadas nos vales – provavelmente por causa dos rios. Chegamos em Arica para o almoço e como era cedo, decidimos seguir até Cuya. Foi novamente um sobe e desce interminável. Vilas e cidades nos vales verdes e deserto plano nas partes altas, impressionante. De Cuya fomos ainda até Iquique, onde passamos a noite.

26/12, acordamos não muito cedo e saímos para organizar algumas coisas. Primeiro fomos em busca de uma oficina mecânica e depois fomos fazer ligações e mandar e-mails para casa. Aproveitamos o começo da tarde para passear no centro e nas feirinhas de Iquique. De volta a nossa Land, dirigimos para a praia e fomos molhar nossos pés nas águas congelantes do Pacífico para então seguir a Tocopilla.

A paisagem litorânea é alucinante. No Brasil temos o mar, seguido de uma grande planície, da qual nasce a serra do mar. No Pacífico, a cordilheira dos Andes brota praticamente onde batem as ondas! O Roy comentou que na primeira vez que passou por aqui, dirigiu somente por estradas de chão. Agora tudo já estava asfaltado. Depois de um pôr-do-sol incrível sobre as águas do Oceano Pacífico, chegamos ao nosso destino.

Por não termos encontrado camping, pegamos um hotel. Era bem simples, onde hospedavam-se muitos trabalhadores das minas. Jantamos no hotel mesmo e aproveitamos para abrir um vinho. Estávamos tomando em copos normais de bebida, mas quando a dona do restaurante viu aquilo, foi correndo buscar taças de vinho. A verdade é que as taças dela não tinham nada haver com as nossas e sim com taças de sobremesa. Caímos na gargalhada…

De Tocopilla fomos para Antofagasta e no caminho paramos para apreciar o Monumento Natural La Portada – um pórtico esculpido pelo vendo e água do Oceano Pacífico. Almoçamos ali mesmo, o que nos deu mais tempo para curtir a beleza daquela praia. Antofagasta é a maior cidade que cruzamos, industrial, onde tudo girava em torno das minas. A maioria dos carros eram caminhonetes de mineiros.

Subimos a serra e em La Negra enchemos o tanque no que seria o último posto de combustível dos próximos 450km. Nosso caminho era sentido Mina Escondida (mina de cobre) e depois rumar sentido a Argentina pelo Paso Socompa. Nós tínhamos dois mapas que não batiam entre eles: um dizia para pegarmos a direita antes de cruzar o trilho do trem e o outro, depois do trilho. Passamos por um pequeno salar e quando chegamos em uma casa abandonada nos ligamos que era uma estação de trem e que estávamos no caminho errado. Já tínhamos cruzado os trilhos e não havíamos visto nenhuma estradinha para a direita. Voltamos e nisso começou a anoitecer, quando fomos presenteados com um maravilhoso pôr-do-sol. Chegamos no local onde cruzamos os trilhos e achamos uma estrada quase paralela a principal. Comemoramos, pois pelo que tudo indicava era a estrada correta a seguir. Andamos no meio do deserto, na escuridão, mas não havia sinal de vida. Descemos uma serra e saímos num vale entre as montanhas. Queríamos confirmar se estávamos certos, por isso seguimos mais um pouco, mas quanto mais andávamos, mais nosso combustível corria risco de faltar, caso não estivéssemos certos. A estradinha foi ficando mais difícil e terminou num vale sem saída. Então dissemos: – Agora chega. Vamos passar a noite aqui e amanhã resolvemos esse impasse. Verdade, isso é uma coisa que um viajante tem que aprender. É preciso viajar de dia, pois a noite, além de não se poder admirar a natureza, os perigos aumentam. A noite foi congelante, pois estávamos acima dos 4.000m de altitude.

Dia 28 acordamos cedo e fomos em busca do caminho certo. A alguns metros a frente achamos a continuação da serrinha, que subia e cruzava diversas montanhas, mas depois de algum tempo encontramos uma casa abandonada e decidimos voltar. Já estávamos bem receosos. Chegando na principal, voltamos mais uma vez no cruzamento do trilho de trem e resolvemos fazer mais uma tentativa numa outra estrada que saía a direita mais perto do salar. Subimos umas montanhas e de repente achamos uma estrada maior, com os trilhos do trem novamente e placas indicando SOCOMPA. Até que enfim achamos o caminho. Apesar do alívio, tínhamos uma preocupação – com tanta quilometragem de perdidas (+/- 100km), será que ainda teríamos combustível suficiente para chegar ao próximo posto? Estávamos sempre sós, nós e o deserto. Era perto do meio-dia quando chegamos na fronteira.

Quando planejávamos fazer essa viagem, o Roy comentou com seu primo Roni – o qual também planejava fazer uma viagem no Atacama e na mesma época que nós – que queríamos cruzar o remoto Paso Socompa. Ouvimos falar que ali passou uma das provas do famoso Camel Trophy. Em sua viagem, o Roni decidiu passar por esse mesmo local e o engraçado foi que quando assinou no livro da imigração para entrar na Argentina, três dias depois que nós havíamos passado, assinou embaixo dos nossos nomes. Isso significava que em três dias não havia passado ninguém por aquelas bandas. Quando o Roni comentou isso com os guardas, que a pessoa que havia assinado antes era seu primo, eles custaram a acreditar.

Tranqüilos por termos encontrado o caminho certo, paramos para preparar um merecido almoço, pois aquele dia nem tínhamos tomado café da manhã e logo pegamos estrada novamente. Queríamos encontrar mais descidas do que subidas, para economizar combustível, mas não parávamos de subir. Costeávamos montanhas gigantes e o trilho do Trem de las Nuebles sempre nos acompanhava. Chegamos a um belíssimo salar que avistamos do alto e pelo que parecia no mapa este era o maior salar argentino. Levamos muito tempo cruzando-o até chegarmos numa pequena cidade rodeada por lindas montanhas com picos nevados.

Adiante, chegamos numa região de paisagem diferente, com montanhas de altura moderada e muito avermelhadas. Segundo o Roy, parecia com a região de Cafayate, próxima de Salta. Em Pocitos teríamos que regularizar nosso carro na aduana argentina, mas devido as festas estavam fechados, o que nos fez seguir ilegais no país. A estrada melhorou e finalmente chegamos no cruzamento da estrada do Paso Sico. O Roy reconheceu o lugar que passou em sua viagem solo de moto. A paisagem começou a ficar mais colorida. As montanhas altas, cobertas de neve estavam rodeadas por pesadas nuvens e tudo indicava que estava nevando nos cumes. Veio Santo Antonio de los Cobres e um posto de combustível. UFA! Voltamos 20km para ver o viaduto do famoso Trem de las Nuebles – o viaduto de maior altitude acima do nível do mar. Ele era muito alto e bonito, mas começou a chover e esfriar, então corremos para o carro. Flocos de neve estavam pairando no ar. Já estava escurecendo e seguimos viagem para Salta descendo por uma serra muito bonita e asfaltada. A noite caiu e Salta não chegava. De repente o asfalto acabou e voltou estrada de chão. Pegamos uma serrinha muito lenta e o pouco que víamos na escuridão, eram enormes buracos e precipícios ao nosso lado. Foram 50km intermináveis. Finalmente lá longe avistamos as luzes de Salta.

29/12 cruzamos novamente o chaco, com suas retas intermináveis e calor insuportável. O entardecer nessa região foi muito interessante. Milhares de cigarras cantavam juntas um estridente canto. Chegava a doer o ouvido. E já era tarde da noite quando um guarda – divisa de estados – nos parou e começou a fazer diversas perguntas. Ele queria propina, é claro. Pediu para mostrarmos o kit de primeiros socorros, os dois triângulos, o extintor e o cambão. Não tínhamos dois dos itens (kit de primeiros socorros e cambão) e ele queria nos multar. Chamou o Roy para dentro da guarita e depois de muita discussão acabamos pagando vinte pesos argentinos. Fomos embora inconformados. Chegando em San Roque Sáenz Pena estávamos caindo de sono. Eu, na verdade já estava dormindo faz tempo. Paramos num posto de combustível e estacionamos junto com os caminhoneiros para passar aquela noite, quente e infestada de mosquitos.

O Roy, quase sem conseguir dormir, levantou as 6h da manhã e seguiu viagem, comigo dormindo atrás, por uns 70km. Este dia foi um dos dias mais chatos e apenas de deslocamento, sem nada de interessante no caminho. O calor estava mais que insuportável. Passamos por Posadas e tocamos direto até Foz do Iguaçu. Na fronteira, estávamos receosos que iriam implicar que não demos entrada do carro na aduana argentina. Mas ninguém questionou nada em Puerto Iguazu e chegamos a Foz. Demos a sorte de conhecer um guia muito bacana que nos ajudou a encontrar um hotel.

Passamos a manhã do último dia do ano de 2005 fazendo algumas comprinhas no Paraguai. O Roy trocou os quatro pneus do carro por um preço super em conta. Infelizmente, devido a data, as lojas fechavam as 13h e voltamos cedo para o Brasil. A tarde aproveitamos para relaxar no hotel e nos preparar para a virada do ano.

Não tínhamos o que fazer na virada. A maioria das festas eram fechadas em clubes ou hotéis e custavam uma fortuna. Apenas alguns barzinhos estavam abertos e foi num desses mesmo que decidimos jantar. As 23h45 fomos para a calçada a espera de ver um show de fogos, mas que nada, pouca coisa aconteceu. O jeito foi voltar para o hotel e descansar para o último dia de viagem.

No dia 01/01/2006 saímos depois das 10h de Foz do Iguaçu, ansiosos para chegar em casa. O dia custou a passar e já estávamos agoniados e impacientes dentro do carro. Nossa chegada em São Bento do Sul foi debaixo de chuva as 19h, totalizando 8.742km rodados! Estávamos felizes por chegar em casa. A viagem fora maravilhosa, mas puxada, com dias cheios e longas quilometragens. Mas a melhor parte de chegar em casa não foi o descanso, mas sim que iríamos iniciar os planos para a nossa viagem de volta ao mundo.

por Michelle Francine Weiss

 

Compartilhe

Veja Também

Outras Aventuras

1999-2000: Ushuaia – A rota do fim do mundo [Roy Rudnick]

30 | maio | 2011
Outras Aventuras

2000-2001: Deserto do Atacama de Honda CB 500 [Roy Rudnick]

30 | maio | 2011
Outras Aventuras

2001-2002: Paraguai, Bolívia e Peru de S10 [Roy Rudnick, Sandro Becker e Juraci Claudio Rossetto]

30 | maio | 2011