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Diário de Bordo 31 – Estados Unidos 6

(28/11/2015 a 05/01/2016)

A volta do Canadá para os Estados Unidos fazia parte dos nossos planos desde o início da viagem, já que Seattle foi a cidade escolhida para despacharmos o carro para a Ásia. O que não aconteceu conforme o planejado foi a data de chegada por lá, tendo nos atrasado quase quatro meses.

Talvez não devêssemos considerar isso um atraso e sim um replanejamento. Inicialmente o Lobo iria ser despachado para a China em setembro de 2015, para que, de lá, dirigíssemos ao norte cruzando a Mongólia em novembro para chegarmos na Rússia em dezembro, quando lá fosse inverno. Mas com a mudança de planos, que teve como principal objetivo ganharmos mais tempo na América do Norte, o Lobo viajaria diretamente para a Rússia no final de dezembro e a Mongólia e a China ficariam para depois.

Em nossa primeira volta ao mundo também foi assim, cheia de mudanças de planos e essa é a forma que acreditamos ser a mais produtiva: ir conforme sopra o vento. O legal disso foi que conseguimos, finalmente, sincronizar as agendas de nossos familiares com a nossa, para que pudéssemos passar o Natal e o Ano Novo juntos em Seattle. Mas até a chegada deles, que seria na metade dezembro, muita água iria rolar…

Dirigimos da fronteira entre o Canadá e os EUA até Seattle por uma região bonita, com montanhas como o Monte Baker e muitas fazendas. Assim que chegamos em Seattle, montamos nosso KG principal no estacionamento de um Walmart, pois ainda tínhamos muita coisa para preparar para a próxima etapa da viagem, a Ásia. Organizar o despacho do carro, pesquisar e comprar passagens aéreas (nessa época malmente sabíamos se iríamos direto para a Rússia ou iríamos primeiro para a Coréia do Sul), receber alguns equipamentos, procurar por outros, limpeza do carro, lavar roupa, estocar comida e outros mantimentos, trocar os pneus por especiais para inverno, trocar as baterias, cortar nossos cabelos, etc, etc, etc… E a boa infraestrutura do Walmart foi essencial, pois se precisássemos comprar algo, eles vendem de tudo. Além de possuírem banheiros e WIFI gratuito!

No fim de semana decidimos ir a Portland, no estado vizinho Oregon, com o clima típico de inverno desta parte dos EUA: chuva. Esta cidade charmosa é conhecida como a cidade das pontes, são 11 que cruzam o rio Columbia. Seu centro é repleto de prédios antigos de tijolo a vista e com uma similaridade entre eles que nos chamou a atenção, a escada de incêndio de ferro externa. Portland também é muito verde, tem um sistema bem elaborado para ciclistas e possui muitas cervejarias. A nossa gelada deixamos para tomar a noite, num pub da cidade. Num dia chuvoso como aquele, foi legal conhecer um lugar famoso da cidade, a livraria Powell, que diz-se ser a maior livraria independente do mundo. São mais de 2 milhões de livros novos e usados e para se localizar lá dentro há até um mapa. Muito bacana.

Domingo o tempo melhorou, então nos dirigimos para uma rodovia cênica e histórica que margeia o rio Columbia e onde há varias vistas panorâmicas do rio, pontes, florestas e muitas cachoeiras. Um lugar muito bonito! E como tínhamos o dia inteiro, fomos parando em quase todos os lugares para contemplar e fotografar como a Vista House e as cachoeiras Latourell, Shepperd, Véu de Noiva, Wahkeegna e Multnomah.

Mas o que não imaginávamos era que a partir de certo momento desse passeio passamos a ser seguidos por ladrões, que analisavam quanto tempo ficávamos em cada parada para planejar sua investida. Quando voltamos da última cachoeira demos de cara com a janela e o trinco do nosso carro em pedaços. Entramos e vimos que eles haviam estourado os cadeados que protegiam nossas coisas dentro do carro e, mais uma vez, a perda foi grande. Desta vez, inclusive, nossos passaportes, documento do carro, cartões de crédito e débito, carteiras de habilitação, outros documentos e como já havia acontecido no primeiro roubo na Colômbia, os equipamentos fotográficos que ficaram no carro. É difícil expressar a angústia e a raiva que ficamos, principalmente quando começamos a juntar o quebra-cabeça dos fatos e descobrimos quem havia nos roubado. Foram dois cidadãos que conversaram conosco duas cachoeiras antes daquela. Deu vontade de chorar!!!

Ficamos sabendo de pessoas que trabalham no local que isso é algo que ocorre com muita frequência e provavelmente são ladrões que precisam sustentar sua dependência de drogas. Quanto a polícia, foi outra decepção, pois além da demora para chegar ao local, levaram quase quatro dias para nos enviar o laudo que era imprescindível para que pudéssemos solicitar novos documentos. E a gente sempre imagina a polícia americana como aquela dos filmes de Hollywood!!!

Naquele mesmo dia voltamos os mais de 200 quilômetros (com um plástico colado na janela quebrada para nos proteger do frio e da chuva) até nosso KG no Walmart para trabalhamos no prejuízo. A partir dali, para somar a todo o trabalho de antes do roubo, tínhamos que bloquear os cartões e pedir por outros, solicitar novos documentos no Brasil para que nossos familiares pudessem traze-los em sua vinda, novos passaportes e outros documentos nos EUA, trinco da porta, vidro lateral, compra dos equipamentos roubados e muito mais. Mas tudo bem, dos males, novamente, foi o menor. Somente tivemos prejuízos materiais, estávamos bem e poderíamos seguir viagem. Nós até já superamos tudo isso e novamente aprendemos algo a mais em nossas vidas. O que valeu, também, foi que pudemos contar com a ajuda de muita gente, tanto no Brasil como nos EUA. Obrigado amigos!!!

Aí chegaram a Natascha, Leones e Leomar (irmã e pais do Roy) e uma semana mais tarde a Daniela e o Cleiton (irmã e cunhado da Michelle) e foi só alegria. Alugamos uma casa por um período de três semanas e de lá, com um carro alugado para 7 pessoas, partíamos todos os dias para algum evento ou passeio nas redondezas de Seattle.

Seattle é uma cidade com cerca de 600 mil habitantes, mas considerando a região metropolitana, pode chegar a 4 milhões. Grandes nomes e grandes empresas fazem parte de sua história como: Ray Charles, Jimi Hendrix, Nirvana, Pearl Jam, Soundgarden, Alice in Chains, Boeing, Microsoft, Amazon, Starbucks, dentre outras. Também foi a cidade onde residiu por algum tempo o lendário Bruce Lee e onde ele foi enterrado após sua morte. Nós visitamos importantes marcos da arquitetura, comércio e artes plásticas da cidade, como a Space Needle, o Mercado Público e o museu de Chihuly, com obras em vidro muito diferenciadas. No Mercado Público há de tudo e, como forma de atrair a freguesia, os vendedores de peixe fazem um teatro a cada venda realizada e arremessam peixes para assustar os espectadores! Tudo no embalo de uma cantoria. Com certeza treinaram muito bem os arremessos, pois são peixes grandes e os jogam com muita força.

Num dia fomos a Leavenworth, uma cidade colonizada por alemães e que promove uma festa natalina com comidas típicas, corais, orquestras e muitos visitantes. A grande atração são os milhares de foquinhos que iluminam as árvores e as fachadas das construções germânicas. E para completar aquele momento mágico e criar um verdadeiro clima de Natal, nevou!

Outro dia visitamos o museu de aviões da Boeing. Se alguém algum dia decidir visitá-lo, que não cometa o nosso erro, de ir após o almoço. Subestimamos o tamanho do museu. Talvez até um dia inteiro seja pouco, mas vale a pena. Há aviões de todos os gostos, épocas e finalidades, além da história da própria Boeing que foi uma das empresas que fez com que Seattle saísse de uma crise e se tornasse uma cidade modelo para o mundo.

Foi engraçado, pois nós (Roy e Michelle), nas duas semanas que estivemos na região antes da chegada de nossos familiares, não vimos nem a cor das montanhas que existem ao redor, pois o clima estava sempre cinzento. Depois de alguns dias que nossas visitas chegaram tivemos dias lindos, daqueles que não se vê uma nuvem no céu. E há uma montanha que se sobressai das outras e faz parte dos cartões postais da cidade chamada Monte Rainier, com 4.392 metros de altitude. O vimos de todos os lados da cidade, além de tê-lo visitado de perto, quando pegamos a temperatura de quase –8oC. Os dois pontos mais fotogênicos para apreciá-lo a partir de Seattle foram do mirante Kerry Park no bairro Queen Anne onde é possível enquadrar a Space Needle com os demais prédios e o Monte Rainier ao fundo; e do septuagésimo terceiro andar do Columbia Center, o prédio mais alto da cidade. E a vista de lá de cima não precisa nem falar… é só ver as nossas fotos.

Noutros dias visitamos a Biblioteca Central, um projeto de Rem Koolhaas inspirado em uma pilha de livros; uns foram no museu da música e em túneis subterrâneos da cidade histórica; outros viram concertos; fomos todos a outlets e dirigimos ao longo da ilha Whidbey com a esperança de avistar alguma baleia. E teve o dia da patinação no gelo, onde o show, quem deu, foram as mulheres. Os homens só saiam do chão para cair novamente. Foi um festival de tombos!!! O mérito ficou para o Sr. Leomar, que não desistiu por nada.

Apesar de temos visto tanta coisa, tivemos bastante tempo para matarmos as saudades uns dos outros. O tempo passa voando e já estávamos a quase um ano e meio longe de nossa família! A ideia de alugar uma casa foi ótima, pois ali tivemos um lar completo, inclusive com uma churrasqueira. No dia de Natal, por exemplo, saboreamos um salmão grelhado que foi de lamber os beiços.

O ano novo celebramos também com muita alegria. Confessamos que esperávamos um pouco mais de agito, emoção e fogos de artifício na Space Needle, que é o ponto principal de Seattle, mas tudo bem! Achamos que nós, brasileiros, é que estamos mal acostumados com toda a festa que fazemos. O que importava era que um ano novo começava e muita aventura estava por vir no continente vizinho.

Dia 05 de janeiro de 2016 todos nós levantamos as 3h30 da manhã para irmos juntos ao aeroporto. De lá, Natascha, Leones, Leomar, Daniela e Cleiton voaram de volta ao Brasil e nós, Roy e Michelle voamos para Seul, Coréia do Sul, fazendo uma longa escala em Shanghai, China.

Agora, onde será nosso próximo encontro???

 

Outros posts sobre esse trajeto:

Seattle – Estados Unidos

Mais um domingo para recordar…

Troca do vidro

Nossas visitas chegaram…

Primeiro despacho marítimo

Mais visitas chegaram…

Feliz Natal!

 

Itinerário percorrido

Trajeto percorrido EUA 6

Fotos

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