ícone lista de índices Índice

Diário de Bordo 29 – Tailândia 3 e Malásia 2

Diário de Bordo

(04/01/2008 a 03/02/2008)

Já era a quarta vez que estávamos entrando na Tailândia somente nesses 3 meses de viagem pelo sudeste asiático.

Pois é, a primeira vez foi quando viemos da Malásia; segunda quando voltamos daquele simples dia pelo Mianmar; terceira quando não conseguimos entrar no Camboja diretamente pelo Laos, fazendo-nos desviar aquela aduana pela Tailândia… e quarta vez, última, quando saímos do Camboja tendo como destino final a Malásia, de onde despacharemos nosso carro para a Índia. E o mais interessante dessa história é que mesmo a Tailândia sendo um país bem organizado em suas fronteiras, nenhuma tramitação foi igual a outra, ou seja, cada aduana fazia suas próprias regras e exigências particulares.

Essa questão nos ensina uma grande lição, sendo ela: definitivamente não existe uma regra ou lei que assegure a sua entrada com seu próprio carro em algum país… seja ele o qual for. Tudo pode variar conforme a aduana e ainda mais, conforme a boa vontade do oficial de aduana que estará te atendendo naquele momento. E uma coisa é certa, aquele plano que você já vem traçando há meses ou até há anos, poderá ser influenciado ou simplesmente forçado a alterações pela mera questão emocional deste oficial. Vai que seu lutador de muay thai levou uma surra na última luta, hehehe!!! Mas é exatamente para isso que servem os planos, para serem alterados.

Então, quando cruzamos aquela aduana, saindo do Camboja para entrar na Tailândia e não tivemos nem um probleminha sequer mesmo tendo transitado no Camboja somente com aquele pedaço de papel carimbado, tivemos que comemorar.  Uma coca bem gelada pra cada um e pé na estrada, pois ainda tínhamos chão pra queimar.

Rodamos, rodamos, mas somente no outro dia chegamos em Kanchanaburi, cidade situada no oeste Tailandês às margens do rio Mae Klong, onde em 1942, sobre controle japonês, a famosa ponte do rio Kwai foi construída por prisioneiros da guerra. Mas além da ponte, estávamos ali por mais dois motivos: um de reencontrar nossos amigos franceses Coralie e Thierry, com os quais iríamos estudar a possibilidade de cruzar o Mianmar de carro (mesmo que isso seja uma tarefa para ele, Chuck Norris) e outra de visitar os parentes do Richard Parker, tigre asiático que conhecemos através do livro Life of Pi (Vida de Pi, o qual sugerimos como leitura).

E tudo isso foi muito legal. Com os franceses, conhecemos mais uma família francesa que tem uma história super interessante. Pai, mãe e mais três filhas entre 9 e 15 anos nunca tinham saído de seu país, mas nem para visitar a vizinha Alemanha sequer e, num belo dia, decidiram dar a volta ao mundo de carro. Ah, detalhe, esta família também nunca tinha tido um cachorro na vida e por isso, decidiram comprar logo um com mais de 50kg (Barkhan) para fazer companhia na viagem. Imaginem o quanto não nos divertimos ouvindo suas histórias!!!

E quanto aos parentes do Richard Parker, sem comentários. Tudo isso fica no Templo Budista Pha Luang Ta Bua, onde seus monges há algum tempo atrás, passaram a tomar conta de alguns filhotes de tigres asiáticos. Hoje, mais conhecido por Templo dos Tigres, o santuário recebe visitas de muitas pessoas que vão lá por uma questão especial: andar, tocar, deitar e rolar com tigres onde os grandes possuem mais de 250kg. E tudo isso sem qualquer jaula separando ambas as feras. É mesmo difícil de explicar a sensação de estar ali, com estes tigres, principalmente quando se leva um jato quente de demarcador de território nas pernas, hehehe!!!

Ainda tínhamos alguns dias na Tailândia, então resolvemos voltar para uma das praias que mais gostamos, Krabi, situada ao sul do país. E que surpresa agradável encontrar o irmão mais velho do Lobo da Estrada!!! O casal alemão Jochan e Cordula deixaram seu país a 4,5 anos, a bordo de uma Land Rover 130, branquinha também, com um motorhome em cima e um trailer atrás, carregado com mais duas motos. Experiências pra dar e vender, inclusive a de ter cruzado o incruzável Mianmar de carro, no ano de 2004. Perguntamos a eles por quanto tempo pretendem viajar e a resposta foi: pra sempre… não temos planos de voltar para a Alemanha. Ai nós, “Tão tá, né?”… e botamos o pé na estrada, pois nós precisamos voltar para o nosso Brasil!!!

Mas nestas andanças todas, vez ou outra, uns foras são mesmo inevitáveis! Quando chegamos no sudeste asiático e cruzávamos pela primeira vez a Malásia, conhecemos umas pessoas muito bacanas que nos convidaram para uma viagem de três dias por entre as florestas do Taman Negara Nacional Park, a qual nos levaria diretamente para as plantações de chá do Cameron Highlands. Tínhamos dia e hora marcada, mas, aparentemente, fomos trocados por um jet-ski último modelo, e nós… ficamos a ver navios. Caímos fora de Kota Bharu quando percebemos que aquela viagem, na verdade, jamais existiria e rumamos para Kuala Lumpur, onde começaríamos com os contatos para despacharmos o carro para a Índia.

E um desses contatos (Sham), que por sinal não foi com quem efetivamos o despacho, foi super hospitaleiro e nos levou para sua casa para saborearmos uma comida típica malaia bem como experimentar algumas das frutas típicas do país. A mais interessante é a Durian, que por seu cheiro forte e fedido, chega a ser proibida sua venda em determinados locais; mas o mangustin foi mesmo a mais gostosa de todas as frutas.

Chegou o fim de semana e resolvemos sair da metrópole para apreciar as lindas plantações de chá no Cameron Highlands, que por estar localizado a 1.500 metros acima do nível do mar, propicia, pelo clima e pelo solo, um cultivo excelente. O Lobo se sentiu em casa, pois para cada muda de chá plantada, uma Land desfilava na cidade. Sério, podemos assegurar que pelo mínimo 30% dos carros da região são Land Rovers, novas ou velhas, em uso ou estaqueadas, mas a cada esquina tinha uma.

E foi bem ali, no País das Lands, que encontramos mais três carros que estão em viagens similares a nossa. Dois deles, como não poderiam deixar de ser, eram Land Rovers vindos da Dinamarca e o outro, da Alemanha, um Volkswagen Van 4×4. Fizemos uma boa amizade com todos… e com o alemão Marc, que estava em companhia de seus amigos conterrâneos, passamos alguns dias juntos de volta em Kuala Lumpur.

Dos dias que passamos juntos, um merece destaque. Mesmo que a Malásia seja um país representado em 90% por muçulmanos, os hindus também possuem seu dia sagrado, quando é realizado o festival Thaipusan. Os devotos, que são por sua maioria indianos, se preparam para a celebração se purificando através de rezas e jejum. E no dia do festival, raspam suas cabeças e adentram em uma peregrinação onde eles engajam em vários atos de devoção, sendo eles dos mais simples, onde as pessoas carregam um pote de leite, até os mais ousados, onde os devotos mortificam suas carnes colocando piercings (espécie de um anzol ou ferpa) ao longo de seu corpo, língua e lábios. A prática mais espetacular é o Vel Kavadi, essencialmente um altar portátil de até 2 metros de altura atarraxado ao devoto por 108 destes anzóis que fisgam sua pele no peito e nas costas. Diz-se que os devotos são capazes de entrar em transe e com isso, não sentem dor, não sangram e em sua pele não ficam cicatrizes. Mas mesmo assim, quanto maior o sacrifício ou a tortura, maior seu mérito perante seus deuses.

Essa foi a parte da teoria sobre o Thaipusan… mas na prática o negocio foi espantoso mesmo. Gente, gente e mais gente; tumulto; sujeira; calor; barbearias provisórias para raspar a cabeça dos devotos em todas as esquinas; quando chegávamos bem perto das pessoas que estariam supostamente em transe, elas estavam mesmo, pois seus olhares e expressões eram coisas do além; arrepiantes cerimônias de colocação dos piercings ou anzóis no corpo das pessoas… enfim, um prato cheio de boas vindas a Índia, aquele país “diferente” que nos espera para os próximos meses.

E das várias informações que pegamos com amigos sobre o que é a Índia na realidade, as controvérsias são enormes. Uns planejam ficar em torno de seis meses para conhecer bem o país, mas desistem já na terceira semana; outros, que já gastaram mais de ano circulando por lá, pretendem voltar, pois suas experiências foram mesmo apaixonantes… mas o que é verdadeiro e não se discute sobre este país é que o mesmo possui uma das maiores populações do mundo, com 1,2 bilhões de pessoas, portanto o tumulto, trânsito maluco, falta de privacidade, e tudo de estranho que se possa imaginar, irão, definitivamente, nos acompanhar por esta grande fase de nossa expedição. Dois amigos da Austrália que estão lá neste momento nos deram uma definição que registramos: “Não é ruim, mas é diferente”.

Nosso carro já está em trânsito marítimo para Chennai, sudeste da Índia, e nós, após um ótimo e divertido fim de semana na casa de nosso amigo Arjune, em Kuala Pilah, também voaremos para lá partindo de Singapura, no dia 03/02, mas chegaremos em Chennai somente no dia 04/02, dia em que iniciaremos as negociações de retirada do carro do porto, pois até agora, mesmo tendo tentado contato com mais de dez agências aduaneiras, nenhuma, mas nenhuma mesmo nos retornou. O que nos deixa mais tranqüilos é saber que isso é algo totalmente normal para este país.

No mais, ficamos aqui ansiosos pelo próximo desafio que temos pela frente e, em umas duas semanas, passaremos através do próximo diário, nossa própria definição do que é a Índia. Até lá!!!

 

PS – As receitas tailandesas abaixo (uma sopa de entrada, um prato principal e uma sobremesa) fazem parte do menu que aprendemos em nosso curso de culinaria em Chiang Mai – Tailandia. Elas foram feitas e aprovadas por nos e combinam os 4 sabores principais da comida tailandesa: doce, salgado, azedo e apimentado.

 

Sopa de frango quente e azeda – Tom Yam Kung

Ingredientes:

50g frango (pode ser substituido por camaroes, peixe, lula ou tofu)

3 – 4 pedacos de capim limao

3 – 4 pedacos finos de galangal (gengibre tailandes)

2 folhas de limao kaffir rasgadas ao meio

1-3 chilis frescos ou secos esmagados

30g cogumelos “straw” cordados em quartos

30g cebola cortada em quartos

30g tomate cortado em quartos

1 colher de cha de salsa

1 colher de cha de acucar

1 – 1 1/2 colher de sopa de suco de limao verde

1 colher de sopa de molho de peixe (ou molho de soja)

1 1/2 xÌcara de molho de frango (ou molho de vegetais)

 

Preparo:

1. Colocar o molho de frango, o capim limao, o gengibre, as folhas de limao kaffir e o chili juntos na panela e cozinhar ate ferver. (se usar frango ou tofu, adicionar nesta etapa)

2. Adicionar os cogumelos, a cebola e mexer gentilmente. Esperar por alguns minutos ate tudo estar bem cozido.

3. Adicionar o tomate, o molho de peixe, acucar e limao. (se usar camarao ou peixe, adicionar nesta etapa) Desligar o fogo.

4. Colocar a salsa sobre tudo e esta pronto para servir.

 

* Esta porcao e para uma pessoa.

* O gengibre tailandes pode ser substituido pelo gengibre comum

* Cuidado com os chilis, pois esse e um prato quente. Quanto mais esmagar o chili, mais forte ira ficar o prato e o chili seco e mais forte que o fresco.

* Nao sabemos a traducao para os cogumelo “straw”, mas ele parece uma orelha de elefante e e branco.

* O molho de frango pode ser de frango cozido na agua e sal ou pode ser caldo knor.

 

Macarrao frito em estilo tailandes – Pad Thai

Ingredientes:

50g macarrao de arroz estrito

50g frango em pequenas tiras (ou camarao)

20g tofu duro ou mole, cortado em pequenos cubos

10g cebolinha chinesa ou cebola verde, cortadas em 3cm de comprimento

30g broto de feijao ou repolho

1 colher de cha de alho esmagado

1 ovo

2 colheres de sopa de oleo

1 1/2 colher de sopa de molho de ostra (ou molho de cogumelos)

1/2 colher de sopa de molho de peixe (ou molho de soja)

1 colher de cha de acucar

1/4 xicara de agua

 

Preparo

1. Fritar o tofu no oleo ate ele ficar douradinho. Adicionar o alho e fritar.

2. Adicionar o frango (ou camarao) e mexer ate ficar cozido.

3. Adicionar o macarrao e a agua, mexer ate ficar macio.

4. Colocar o molho de ostra, o molho de peixe, acucar e mexer bem.

5. Quebrar um ovo inteiro, espalha-lo e depois virar.

6. Adicionar o broto de feijao (ou repolho) e a cebola verde e mexer ate que tudo fique pronto para servir.

 

* Esta porcao serve 01 pessoa.

* E possivel adicionar ainda amendoim moido, chilli em po, camaroes secos e suco de limao conforme o gosto.

 

Banana no leite de coco – Buat Fak-thawng

Ingredientes:

80g banana picada em rodelas (pode ser usado abobora ou batata doce)

3/4 xÌcara de leite de coco

3/4 xÌcara de agua

4 colheres de creme de coco

2 – 3 colheres de sopa de acucar

1/2 colher de cha de sal

 

Preparo:

1. Aquecer a agua e o leite de coco juntos. Adicionar o acucar, o sal e deixar em fogo medio ate ferver.

2. Adicionar a banana, ferver ate estar bem cozida e adicionar o creme de coco.

 

* Esta porcao serve 2 pessoas.

* Pode ser servido quente ou frio.

 

Mao na massa e bom apetite!

Álbum: Tailândia 3

[flickr]set:72157631545279040[/flickr]

Álbum: Malásia 2

[flickr]set:72157627057827391[/flickr]

Compartilhe

Veja Também

Diário de Bordo

Diário de Bordo 1 – Planejamento 1

21 | dez | 2006
Diário de Bordo

Diário de Bordo 2 – Planejamento 2

21 | fev | 2007
Diário de Bordo

Diário de Bordo 3 – Festa de Despedida

28 | fev | 2007