ícone lista de índices Índice

Diário de Bordo 48 – Moçambique 2 e Suazilândia

Diário de Bordo

(22/11/2008 a 03/12/2008)

Pequeno em tamanho, mas rico em conteúdo!

O Reino da Suazilândia é um dos menores países africanos e uma das poucas monarquias remanescentes no continente. Seu revelo montanhoso é coberto por savanas e pastagens e não é por menos que é chamado de “Suíça Africana”. Apesar do reinado ser muito desenvolvido, a saúde pública enfrenta uma catástrofe: 43% de sua população é portadora do vírus da AIDS (um terço da população adulta e cerca de 60.000 crianças), sendo a mais alta taxa de contaminação do mundo. De acordo com uma pesquisa do Ministério da Saúde suazilandês, estima-se que ¼ da população do país morrerá devido a doença até 2010 e atualmente 200.000 crianças já são órfãs de um ou ambos os pais por causa da AIDS. As Nações Unidas anunciaram que se nada for feito a respeito, a população suazilandesa poderá ser extinta até 2050. Esses dados resultam em um grande declínio econômico e em instabilidade social, onde 2/3 da população vive com menos de 1,00 dólar por dia e 25% dependem de comida doada por instituições.

Apesar de a monarquia possuir seus problemas, seus cidadãos possuem um grande sentimento nacionalista, além de serem muito amigáveis e pacíficos. Uma curiosidade é que a sociedade, patriarcal e formada por clãs, admite a poligamia. O rei Mswati III, anualmente durante o festival de Umhlanga (Reed), escolhe uma nova virgem para ser sua esposa.

Falando agora um pouco sobre nossas experiências…

Os três últimos dias em Moçambique foram muito saborosos. Estávamos ainda em Maputo na casa da D. Maria João e da Melissa, conhecendo um pouco mais da vida dos moçambicanos e ganhando mais uns quilinhos antes de sair do país. Deixamos a casa de nossas amigas com o intuito de visitar mais uma praia em Moçambique, mas mudanças de planos no meio do caminho nos fizeram pegar a direita, e em poucos quilômetros já estávamos na borda com a Suazilândia.

Entramos em território suazilandês pelo quente nordeste, região que fica aos pés das Montanhas Lebombo e malmente entramos, já percebamos uma grande mudança no entorno. A paisagem ficou muito verde, as rodovias impecáveis, as pessoas transpareciam ser bem mais tranqüilas… parecia que estávamos na Suíça mesmo, como muitos nos descreveram.

O primeiro lugar que visitamos foi a Reserva de Animais Mbuluzi, onde pudemos pescar, fazer caminhadas e dirigir por suas trilhas em busca dos diversos animais que habitam o território. A reserva é perfeita para ver muitas girafas e kudus, mas também é possível de se achar entre a densa vegetação: gnus, zebras, nialas, impalas, macacos, warthogs, cágados e besouros roladores de bolas de fezes de animais. O camping, nem se fala… um dos melhores campings em reservas que já ficamos. Mas não pensem que estamos falando isso só porque ganhamos uma noite de graça se divulgássemos o local, viu? Mesmo antes de seu proprietário nos fazer a oferta, já tínhamos uma opinião formada.

Em seguida, como se tivéssemos praticamente pulado a cerca, visitamos, ao lado, o Parque Nacional Hlane Royal. Lá, fomos em busca de um animal bem maior, o último dos “BIG 5” (5 Maiores) que nos faltava ver: o rinocerontes. Comentamos que se não víssemos nenhum rino, ficaríamos mais uma dia no parque. Mas quem disse que não os veríamos? Vimos mais de 15, incluindo um filhote, e foi de se cansar de vê-los. Vale ressaltar aqui, que existem duas espécies de rinocerontes: o branco e o preto. O que vimos aqui era o branco, cuja característica principal é a boca larga, quando que o preto possui boca triangular. Como curiosidade, então, não é a cor que os diferencia.

Em Manzini, a atração foi ir ao supermercado e ver que além de mais opções de produtos, os preços caíram drasticamente. Isso deve-se a proximidade da Suazilândia com o maior produtor de alimentos do continente africano, a África do Sul. Que alegria foi comprar carne, queijo, atum, iogurte… tivemos que nos controlar para não comprarmos só por comprar e mesmo assim, saímos com o carrinho cheio.

Com a despensa reabastecida, seguimos sentido a capital Mbabane. A cidade localiza-se numa região montanhosa e muito bonita, acima dos 1.000m de altitude, porém, não sabemos porque, mas não tiramos nenhuma foto de lá. Seguimos então para as redondezas, onde visitamos os Vales Malkerns e Ezulwini. No segundo, pegamos estradas alternativas que não sabíamos onde iríamos sair e muitas vezes caímos em estradas sem saídas. No final, acabamos fazendo o dobro de quilometragem que faríamos se tivéssemos ido pela rodovia principal, mas é nessas pequenas e belas estradas que vemos o país mais de perto, assim como sua realidade.

No noroeste do reinado, nosso objetivo era visitar a Reserva Natural Malolotja, mas o tempo não ajudou e uma chuvona despencou do céu enquanto os relâmpagos transformavam a noite em dia. Com aquele mal tempo, percebemos que se pagássemos para entrar naquele dia, acabaríamos não aproveitando nada da reserva e decidimos seguir viagem. Estávamos ambos com peso na consciência de não termos visitado o Malolotja, pois a paisagem parecia ser mesmo espetacular.

Um pouco antes da cidade mineira de Bulembu, paramos para tomar um café da tarde apreciando as belezas da região e assim que desligamos o carro, vimos que dali não sairíamos mais e que este seria o lugar de nosso acampamento. Já estava quase escurecendo, quando um carro parou ao nosso lado e saiu um sujeito nos perguntando se iríamos dormir ali mesmo. Ele falou que não nos aconselhava e ofereceu para dormirmos em sua casa, na cidade de Bulembu. Relutamos um pouco, mas logo aceitamos o convite e foi assim que conhecemos o engraçado e falador sul-africano George. Ficar em sua casa, além de sua ótima companhia, foi uma oportunidade de conhecer melhor essa pequenina cidade.

A cidade de Bulembu foi construída em 1936 para abrigar os trabalhadores de uma mina de asbestos. Após o fechamento da mina, seus 10.000 empregados partiram e suas coloridas casas de ferro corrugado, em estilo Art Deco, ficaram abandonadas entre as altas montanhas da região. Atualmente, ela é uma cidade particular com fins não lucrativos e pretende-se torná-la um refúgio para crianças e viúvas, proporcionando esperança, ajuda e um crescimento auto-sustentável para a comunidade. Bulembu possui apenas algumas centenas de habitantes e ficamos surpresos pela quantidade de pessoas, especialmente jovens, trabalhando na reforma da cidadela. Nosso amigo George mora lá de graça e a única condição para isso, é que ele cuide da casa em que está morando. A tranqüilidade do lugar é tanta, que ele nem se preocupa em fechar sua casa quando sai para trabalhar.

No dia seguinte, acordamos com um tempo pra ninguém botar defeito. Acabamos  não resistindo e voltamos cerca de 50km até a Reserva Natural de Malolotja.

 

A região é, em sua maioria, composta por verdes altas montanhas (acima dos 1.500m de altitude) e ainda existem grandes áreas inexploradas. Uma das melhores maneiras para desbravar suas belezas é a pé, pelos mais de 200km de trilhas que a reserva oferece. Decidimos fazer alguns quilômetros de carro e outros caminhando até uma exótica cachoeira que despenca de paredões rochosos vale abaixo. O visual compensou nosso retorno e por entre estas montanhas e vales de se perder de vista, vimos os pequenos antílopes blesbocks, diversas e coloridas flores selvagens e muitas espécies de aves.

Depois de estarmos com a sensação de missão cumprida na Suazilândia, seguimos nosso rumo para a África do Sul. Parece que entramos há pouco tempo na África e quem diria que já chegamos no país mais ao sul do continente.

Alguns dos animais que vimos na Suazilândia:

Niala: Antílope Africano de médio porte da família Bovidae. Os machos possuem grandes e torcidos chifres de até 83cm, quando que nas fêmeas é ausente. Principalmente as fêmeas, possuem listras brancas e evidentes no dorso, quando no macho, o detalhe é mais forte em sua testa. O Niala macho é o único antílope africano que possui uma franja de pêlos em seu dorso e na garganta.

Rinoceronte: Devido ao grande valor de seus chifres, o rinoceronte é o mamífero mais ameaçado de extinção de toda a África. Existente em duas espécies, o branco e o preto, e são diferenciados pelo tamanho e formato de sua boca. O preto possui uma estatura menor, boca triangular e é mais agressivo, enquanto que o branco é maior e possui boca larga. Seu chifre pode atingir 1,30m de comprimento e podem pesar de 800kg até 1.400kg.

Kudu: Segundo maior antílope africano e os machos possuem massivos chifres em espiral. A cor de sua pelagem é marrom clara com 6 a 12 listras brancas nas laterais. Kudus procuram pela melhor folhagem para alimentarem-se, preferindo as densas savanas. Pesam de 190kg a 320kg e seus chifres podem chegar a 1,80m de comprimento. Existem dois tipos de kudu: o grande e o pequeno, diferenciados pelo tamanho e pela cor.

Blesbock: Este antílope é um animal relativamente alto para as suas proporções físicas, pesa em torno de 70kg e mede um metro de altura (contando o chifre). Possui uma pelagem avermelhada, a qual é mais escura na parte traseira, e sua característica mais marcante é uma grande mancha branca na testa. Seu habitat preferido são os campos abertos e montanhosos, sem muita vegetação que impeça seu movimento e obstrua a sua visibilidade.

*** Para ver mais animais africanos, visite os Diários de Bordo da Etiópia, Quênia, Tanzânia e Malawi.

Álbum: Moçambique 2

[flickr]set:72157631545532133[/flickr]

Álbum: Suazilândia

[flickr]set:72157631545620527[/flickr]

Compartilhe

Veja Também

Diário de Bordo

Diário de Bordo 1 – Planejamento 1

21 | dez | 2006
Diário de Bordo

Diário de Bordo 2 – Planejamento 2

21 | fev | 2007
Diário de Bordo

Diário de Bordo 3 – Festa de Despedida

28 | fev | 2007