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Diário de Bordo 7 – Peru 3

Diário de Bordo

(23/03/2007 a 31/03/2007)

O deserto continua nos acompanhando pelo Peru!

Ao sul de Lima a paisagem se caracteriza por extensas planícies desertas localizadas entre o Oceano e os Andes. Ali se localiza a Reserva Natural de Parakas, onde existe uma grande quantidade de lobos marinhos, pingüins de Humboldt, pelicanos e outras aves.

Passamos um dia e meio nesta Reserva conhecendo diversas praias e baías de água cristalina. Belíssimas!!

Dia 25, antes de entrarmos na Reserva, aproveitamos para encher pela primeira vez nossa caixa d’água. Neste primeiro dia rumamos direto para a parte mais ao sul e depois fomos subindo e parando para curtir a paisagem. Foi numa dessas paradas que escutamos um barulho estranho dentro do carro. Vinha do motor-home e parecia que havia um motor ligado. Quando olhamos para trás vimos o chão inundado. A primeira vista pensamos que a nossa caixa d’água havia vazado, porém acabamos descobrindo que aquela água provinha de um galão menor e que a bomba deste galão com a trepidação havia ligado sozinha. Paramos então a beira da praia Mendieta para organizarmos o carro que havia virado uma bagunça. Ali a beira mar e ao lado de milhares de pássaros ficamos organizando tudo e o Roy aproveitou para concluir a instalação hidráulica. Oba, agora temos água para banho e para lavar louça!!Depois de tudo em ordem seguimos para conhecer uma formação chamada La Catedral, que forma um pórtico a beira mar, devido à erosão do vento e do mar.

Nesta noite acampamos de frente para o mar, num lugar extremamente inóspito e de uma visual de tirar o chapéu. Lá pudemos tomar um banho no nosso chuveirinho, que não é de prástico; e tomar um chimarrão jogando uma partida de canastra.

No segundo dia de manhã cedinho fomos conhecer de barco os famosos Candelabro e Islas Ballestas. O candelabro é um desenho feito no solo semelhante aos feitos em Nasca e data de aproximadamente de 500 a.C. Como os outros desenhos, não se sabe o porque de sua existência. Já as Islas Ballestas, não é por menos a sua fama. Elas abrigam milhões de pássaros e milhares de lobos marinhos, que vem a ilha procriar. O barulho é imenso, tanto de aves quanto dos lobos marinhos. Também vimos pingüins de Humboldt. Chegamos a passar de barco por baixo de um pórtico formado pela erosão…esse foi um lugar que não queríamos mais sair. Era muito impressionante! Depois do passeio pegamos uma praia chamada La Mina de água cristalina e congelante, o que explica a vinda de pingüins do Pólo Sul para cá.

Bom, a viagem continua e tivemos que deixar o paraíso para trás. De lá seguimos para a capital do Peru, Lima. Esta cidade abriga 1/3 da população peruana e possui um Centro Histórico muito bonito. Lá passamos um dia limpando o Lobo da Estrada, lavando roupa, arrumando a máquina fotográfica, trocando o óleo do carro…nos organizando.

Não deu tempo de sentir saudades das alturas, pois dia 28 subimos novamente a Cordilheira dos Andes! Desta vez chegamos aos 4.500 metros acima do nível do mar. Nosso destino foi Huaráz, cidade que cedia a maior parte do turismo no vale entre as Cordilheiras Blanca e Negra! Essas cordilheiras são assim chamadas, pois a Cordilheira Blanca possui minérios que a deixam mais clara e, talvez por sua situação geográfica, possui uma grande quantidade de neve em seus picos. Enquanto que a Cordilheira Negra se parece mais com o desertão que nós sempre vínhamos vendo. Possui coloração escura e não tem neve.

A Cordilheira Blanca está inserida no Callejón de Huaylas, terra preferida pelos escaladores do mundo inteiro por possuir 35 picos que superam os 6.000 metros de altura.

Entre eles estão o Huascarán com 6.768 metros, segundo maior pico da América; e o Alpamayo com 6.120 metros e conhecido como a montanha nevada mais bonita do mundo devido ao seu formato piramidal.

No dia de chegada a Huaráz, após colher algumas informações turísticas, pudemos relaxar nas Termas de Monterrey. Já no segundo dia fizemos um passeio muito legal entre os Picos Huascarán, Chopiqualqui, Yanapaqcha, Chacraraju e Huanday… todos com mais de 6000 metros de altura. Devido ao seu degelo, entre eles se formaram duas lindas lagoas de águas cristalinas e esverdeadas chamadas Lhanganuco e Orconcocha. Esses picos possuem uma lenda que diz que há muito tempo atrás, havia um Império, cujos reis tinham guerras constantes. Um tinha um filho homem chamado Huáscar e o outro uma mulher, chamada Huandy. Os jovens eram apaixonados e namoravam as escondidas. Numa noite foram pegos em flagrante por guardas e entregues aos seus pais, que os puseram amarrados frente a frente. Os jovens choraram tanto que suas amargas lágrimas se transformaram em gelo e os dois se transformaram em montanhas. Huandy se transformou no nevado Huanday e Huáscar no alto Huascarán.

Quando chegamos neste incrível local o tempo estava meio aberto e pudemos apreciar todos os picos, mesmo que com algumas nuvens, porém logo começou a chover e o tempo fechou… De agosto a outubro é a melhor época para se visitar esta região, pois o tempo sempre está limpo.

Abaixo deste caminho se situa a cidade de Yungay, onde pudemos caminhar no Campo Santo. Neste local, no dia 31 de maio de 1970, exatamente as 15:25hs, 4.000 toneladas de neve arrastaram a cidade em uma avalanche provocada por um terremoto, matando praticamente 40% da população! Dizem que no total desta avalanche, desceram do morro Huascarán 10.000 toneladas de neve e que outras cidades próximas foram devastadas… Lá pudemos ver o que sobrou da antiga Yungay: 4 palmeiras, o cemitério, restos de carros e ruínas da igreja. Triste, não?

De Yungay, seguimos por uma estrada de terra, pedras, curvas, túneis, etc… onde conseguíamos manter os míseros 24 km/h de média. Foram mais de seis horas de uma cansativa jornada!  Cruzamos o Cañon del Pato. Foi praticamente só descida e neste trajeto passamos por 47 túneis escavados em pura rocha! Ali sim, que pudemos constatar que as cordilheiras são terra de gigantes! Passávamos entre montanhas com paredões de mais de 2000 metros de altura em ambos os lados!!! Se nós fossemos exagerar iríamos dizer 3000 metros de altura, hehe…

Nosso próximo destino foi a cidade Trujillo, a qual possui ruínas de duas civilizações Pré-Incas. Uma das civilizações, que era chamada de Moche ou Mochica viveu +/- entre os anos 200 e 850 d.C e deixou templos (huacas) de oferendas, pedidos e enterros impressionantes. Visitamos a Huaca de la Luna de onde pudemos observar a Huaca del Sol. Todas as construções foram feitas de argila e adobe e de forma super interessante, prevendo sempre que a mesma deveria suportar abalos sísmicos! As decorações nas paredes ainda se conservam e estas possuem diferentes figuras. Estas civilizações não possuíam escrita e para comunicar-se usavam a iconografia, que é por onde os arqueólogos estão descobrindo suas histórias. As escavações começaram apenas em 1991 e a cada dia estão sendo desvendadas mais coisas sobre essa antiga civilização.

No outro lado da cidade, visitamos o Palácio Tschudi que fica localizado dentro da cidade de Chan-Chan considerada como a maior cidade de lama do mundo (20 quilômetros quadrados de superficie) e que apenas é comparável aos restos arqueológicos de Teotihuacan no México ou as velhas cidades do Egito. Porém, esta cidade já era de outra civilização, a dos Chimus que viveram entre os anos 850 e 1400 d.C(após 1400, a civilização Chimu foi dominada pelos Incas). É muito bom reviver o passado através destas tão bem conservadas ruínas…

*Uma curiosidade: em Trujillo existe uma Lei Municipal que estabelece a necessidade de se ter, junto aos monumentos históricos, cachorros Biringo,  a raça mais antiga de caos existentes. Ele caracteriza-se por nao possuir pêlos e dizem que possui propriedades medicinais… se dormir com ele pode-se curar asmas, problemas ósseos, dentre outros…

Dia 31 de março já entramos no Equador…o verde voltou a reinar, assim como os mosquitos!!! Vejam no próximo capitulo…hehehe

Álbum: Peru 3

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