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Diário de Bordo 14 – Austrália 1

Diário de Bordo

(11/06/2007 a 03/07/2007)

123 dias, 22.695km, 2.614,57 litros de combustível, 2 continentes, 11 países, 3 idiomas, 11 moedas, 5 fusos horários, 3 oceanos, 2 mares, 14 diários, 5 decolagens, 1 transbordo, 1 verão escaldante, 1 inverno arrepiante…

… algumas mudanças de planos, inúmeras amizades, milhares de imagens gravadas e incontáveis histórias pra contar…

Podemos assegurar que esses 15% ainda não completos do total do percurso proposto transformaram nosso dia a dia por completo. Não existe um dia igual ao outro nem tampouco uma experiência igual à outra… conseguimos fugir da rotina, o que está nos fazendo muito bem. Mas poder compartilhar dessa experiência com todos os que nos acompanham através deste diário é o que tem sido o mais prazeroso.

Estamos há duas semanas na Austrália, mais especificamente em Melbourne, tratando do recebimento de nosso carro que está vindo de navio da Venezuela. O carro inclusive já chegou e até já o tiramos do container, porém ainda não está liberado para trânsito, faltando as inspeções da aduana e da Quarentine (bacteriológica).

Por aqui, fomos muito bem recebidos por Ralph e Mary Ann, motociclistas que já tiveram experiências de expedições pela América e Ásia e também pelo são-bentense Luciano Peters, que está morando nesta cidade. Ambos nos ofereceram suas casas para que pudéssemos fugir do frio neste tempo de espera pelo carro. As vezes é muito bom ficar por mais tempo em um só lugar e poder sentir o aconchego de um lar… principalmente quando podemos ter, assim, tempo para se organizar e replanejar. Mas estamos contando os minutos para botar o pé na estrada e conhecer esse país.

A Austrália, com seus 7.682.300km quadrados, é o sexto maior país do mundo, vindo logo atrás do Brasil. Uma das coisas que diferenciam estes dois países é que a Austrália possui apenas 10% da população do Brasil, ou seja, possui imensas áreas inóspitas, onde você pode percorrer dias sem ver uma alma viva. É considerada ao mesmo tempo ilha e continente, tendo o Oceano Pacífico a leste e o Índico a oeste. Sua capital Camberra, assim como Brasília, foi projetada para este fim e, junto com a as cidades que hospedam 70% da população do país, fica na costa leste. A Tasmânia, um Estado da Austrália, é uma ilha que fica na extremidade sul do país, separada do continente pelo estreito de Bass.

Estima-se que a mais de 46 mil anos, os aborígines já habitavam estas terras. Vindos do sudeste asiático, para chegar aqui, tiveram que cruzar passagens de água de no mínimo 70km e isso aconteceu na época em que o oceano estava baixo durante a Era Glacial. Depois disso, a Austrália foi vista pela primeira vez por desbravadores holandeses no século XVII, porém quem a descobriu oficialmente e colocou sua bandeira foi a Inglaterra, em 1770, pelo Capitão James Cook.

Atualmente os aborígines constituem apenas 1,6% da população, e, ao contrário da época em que se iniciou a colonização no país (1788), este povo é ponto prioritário na agenda política nacional. O parlamentarismo na Austrália, como sistema político, foi herdado da Inglaterra, e, sendo uma federação desde o começo do século, possui seu primeiro-ministro e abaixo seus governos estaduais. Mesmo assim o país conserva a rainha do Reino Unido, Elizabeth II, como chefe-de-estado formal.

Ao sul de Melbourne, segunda maior cidade do país, encontra-se a imperdível Great Ocean Road que, com seus mais de 300km de extensão, costeia parte do litoral sul. Como o Lobo ainda não tinha chego e nós não podíamos perder muito tempo, resolvemos alugar um carro, o Little Chicken, para percorrer esta estrada. Belas praias com ótimas ondas para o surf, a exemplo da Bells Beach que cedia uma etapa do campeonato mundial de Surf, penhascos, gigantes monólitos eroditos formando os Doze Apóstolos, florestas… e, espetáculos a parte oferecidos pelas baleias e pelos coalas.

As baleias somente vimos de longe, quando vez ou outra uma aparecia jogando jatos de água e abanando com seu rabo na hora em que mergulhava, mas os coalas… isso foi show. Tivemos a informação que os veríamos nas florestas de eucalipto, mas já estávamos quase desistindo de procurá-los quando, de repente, vimos o primeiro. Paramos o carro e vimos outro, e mais outro e mais, mais, mais… Chegávamos muito perto deles e pergunta se eles estavam preocupados! Simplesmente abriam um ou dois de seus olhos pra ver o que estava acontecendo e logo já fechavam novamente. Como esses animais vivem das folhas do Eucalipto, pobre em nutrientes, desenvolveram hábitos como dormir 20 horas por dia. Mas o que podemos afirmar é que eles são iguaizinhos aos de pelúcia. Cabe aqui salientar que a Austrália possui em torno de 500 espécies de Eucalipto.

A Austrália, por seus 40 milhões de anos de isolamento de outras grandes massas de terra, desenvolveu fauna e flora únicas em todo o mundo. Pouca chuva e solo pobre significam alimentos escassos, forçando que plantas e animais desenvolvessem formas curiosas de sobrivência. Aqui o cisne é preto, alguns mamíferos botam ovos e algumas árvores perdem as cascas ao invés das folhas. Um exemplo interessante é o ornitorrinco, que vive na água como um peixe, amamenta seus filhotes como um mamífero e coloca ovos e tem bico como um pato. Mas na medida em que nós formos vendo-os, comentaremos sobre eles. Ah, detalhe, ainda não falamos do canguru porque ainda não o vimos, ok?

Então, trocando de saco pra mala, na quinta-feira a tarde ou sexta-feira de manhã iremos pegar nosso carro, na OSS World Wide, empresa que está nos auxiliando com a burocracia do recebimento do carro. De lá, iremos direto para a empresa australiana Ironman especializada em Off-Road, com quem mantivemos contato desde a feira 4×4 da Venezuela, e eles serão nossos parceiros com alguns equipamentos importantes para o nosso carro.

De lá, partimos passo a passo para o Nordeste até a cidade Cairns de onde começamos nossa grande e inóspita aventura pelo Out-back até a cidade Perth, no sudoeste. Este grande trajeto que faremos pelo centro da Austrália é famoso por suas quilometragens no meio de nada, ou seja, paisagens fantásticas com civilização quase zero.

Então é isso pessoal, nos encontramos novamente no próximo diário!

 

PS 1 – Num domingão desses, em companhia do Luciano, fomos a um leilão de bicicletas novas… Acabamos comprando uma por um pouco mais da metade do preço. É interessante que o ano financeiro na Austrália acaba em Junho, portanto, muitas e muitas lojas acabam promocionando seus produtos para que em Julho, comecem com produtos novos.

PS 2 – Contrariando as crenças populares, nem todo bumerangue volta para seu arremessador. Objeto inventado pelos aborígines tinha várias utilidades, como: caçar, lutar, fazer fogo, mexer no carvão e em jogos. Com o passar do tempo, formas mais complexas foram desenvolvidas para permitir que ele retornasse ao arremessador. Estes possuem suas extremidades viradas em direções opostas com a superfície inferior chata e a superior convexa (conceito de uma asa de avião).

Álbum: Austrália 1

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