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Diário de Bordo 15 – Dia a dia no nosso carro

Diário de Bordo

Olá pessoal, estamos aqui novamente e com um assunto diferente e bem interessante! Gostaríamos de compartilhar com vocês um pouco sobre os bastidores da expedição Mundo por Terra, ou seja, como estamos nos virando dentro dos poucos metros quadrados…

… que cedem espaco para quarto, cozinha, escritorio, armarios e tudo mais de nossa nova casa.

Então, uma das rotinas diárias que nos cabe é a procura por um lugar plano, seguro e de preferência que tenha banheiros na redondeza. Felizmente a Austrália é um país que oferece tais facilidades, pois quando temos um mapa mais detalhado em mãos, temos a possibilidade de planejar, conforme as atividades diárias, qual será a “Rest Area” em que passaremos a próxima noite. Além de constarem nos mapas, estas “Rest Areas” contam com uma ótima estrutura para parar um carro e dormir, banheiros em volta (quando inexistentes, o matão é a solução!) e o principal, segurança.

O nosso dia começa cedo, logo após um cafezão da manhã! Para isso, contamos com uma geladeira/freezer Waeco que é de onde vem o queijo e o leite. Essa geladeira possui capacidade de 50 litros de armazenagem e tem controle de temperatura podendo chegar a 25º C abaixo de zero. Imaginem quantas cervejinhas não caberiam ali dentro… Para esquentar a água do café adquirimos, da marca Coleman, um fogão de duas bocas movido à gasolina, ou melhor, ao gás gerado por esta gasolina. É simples, você enche um pequeno botijão com um litro de gasolina, bomba-o manualmente e acaba gerando o gás para a combustão. Essa foi uma ótima alternativa para quem transita em tantos países, pois, se o fogão fosse a gás propano, teríamos dificuldade em encher ou comprar botijões, sendo que as conexões não seriam as mesmas. Com este fogão à gasolina, a única dificuldade que poderemos ter é se o combustível não for limpo, pois poderá entupir o queimador, o qual pode ser facilmente substituído.

Faz parte de nossas manhãs, principalmente em dias úmidos e frios, a tarefa de secar nosso carro internamente. Como é um lugar pequeno e com bastante metal aparente (alguns ferros da estrutura do Motor-home e o alumínio das janelas) a água condensa facilmente através do contato com estas superfícies que ficam geladas. Pra agravar a situação da água, mesmo com tubos e tubos de silicone, ainda não conseguimos isolar duas infiltrações que acontecem no chapéu frontal do motor-home, e por ironia do destino, é o lugar escolhido para ficarem nossas cobertas e travesseiros. E quando nos esquecemos de estancar uma destas infiltrações com uma baita toalha, a água escorre diretamente no colchão. Mas isso tudo faz parte, hehehe… e temos certeza que logo vamos resolver este problema.

O dia transcorre normalmente viajando tanto por estradas de chão como asfaltadas. E são nas estradas de chão que nos lembramos repentinamente da compra econômica do rádio/CD (com entrada para MP3) e do próprio MP3 que havíamos comprado no Paraguai no começo da viagem. Ambos possuem problemas por terem sido opções mais baratas!

Detalhe: como aqui na Austrália o lado do volante é ao contrario do nosso, quando o motorista faz uma besteira, quem é xingado é o passageiro, pois as pessoas dos outros carros pensam que supostamente este estaria dirigindo.

O dia passa e lá vamos nós novamente procurar algum lugar para passar a noite. Em lugares quentes é possível tomar banho de água fria com nosso chuveirinho improvisado (água bombada pela caixa d’água), mas no frio, sem chance. Então, quando passamos pelas cidades, vezes vamos a algum clube de natação, vezes vamos a algum camping e pagamos somente pelo banho. Mas, como as coisas sempre evoluem com o passar do tempo, algumas alternativas de se esquentar a água do nosso chuveirinho já foram pensadas, mas, uma que é infalível e que poderá substituir esses banhos pagos é o banho de canequinha. Mesmo assim, definitivamente, banhos não acontecem todos os dias.

À noite geralmente fazemos uma janta caprichada. Não é nada de especial, mas sempre gostamos de preparar algo no fogão ou no forno, pois nós dois gostamos muito de cozinhar. OPS, FORNO? É, essa, achamos nós, foi a melhor aquisição até agora! A Coleman possui um pequeno forno desmontável adaptável a qualquer fogão de acampamento. Ele se sobrepõe a uma das bocas e é aquecido quando seu prato metálico inferior fica em contato direto com o fogo. Na verdade ele fica exatamente como se fosse uma panela, porém é um forno. Como esse forno possui um pequeno termômetro em sua porta, sabemos que é possível passar de 200º C em seu interior… ixi, agora pra assar pão ficou moleza! A vantagem é que nestes dias frios e úmidos, ao invés de fazer algo cozido, que ainda gera mais vapor dentro do carro, podemos preparar algo no forno o qual acaba sendo um aquecedor e desumidificador para o carro.

Sabemos que não é o mais correto, mas para não perder muito tempo cozinhando o almoço durante o dia, acabamos comendo algo rápido e fácil e esse é mais um motivo que fazemos algo mais elaborado a noite. E como ninguém é de ferro, aquele vinhozinho tinto seco que se compra em caixa de 4 litros não pode faltar na mesa.

Na Austrália e na Nova Zelândia, o padrão de vida é bastante superior ao do Brasil, então, quando vamos ao mercado, temos que tomar muita atenção com os preços (que sempre são mais caros que no Brasil) e descobrir o esquema deles, por exemplo: preço normal do quilo da banana é entre 5 e 6 dólares por quilo, mas quando vamos bem cedinho no mercado, temos a possibilidade de comprar uns pacotes fechados de bananas, que no dia anterior foram caindo dos cachos, e o preço cai drasticamente para 1 dólar o quilo. Fora isso, viramos fregueses de carteirinha de uma marca chamada “Home Brand”, ou seja, marca caseira que os mercados possuem e que são as mais baratas.

Quanto ao nosso equipamento elétrico, estamos bem servidos. Temos 5 lâmpadas fluorescentes, 6 tomadas 110Volts ligadas a um inversor de 300 Watts, uma bomba d’água com capacidade de 2,5 galões por minuto, um ventilador mal posicionado, outras luzes que iluminam as caixas de roupas, fora as coisas originais do carro e a geladeira… e tudo isso conectado a um sistema “Anti se Ferrou” de duas baterias (uma Deep Cicle) que alimentam tudo. Esse sistema, da Ironman, funciona assim: todos os equipamentos extras que ligamos estão conectados na segunda bateria, a qual poderá perder toda a carga sem retirar um pingo de energia da bateria mãe, que é a primeira… e é por causa dessa primeira bateria que ficamos sempre felizes da vida quando, lá no meio do deserto, sem nada por perto, giramos a chave e o carro pega de primeira, mesmo que passamos a noite anterior usando tanta energia. Para uma situação de baixa carga na primeira bateria, com um simples apertar de botão, é possível conectar a segunda para que as duas façam força para girar o motor de arranque. Existe ainda um visor que indica a quantidade de carga que cada bateria possui. Xique né?

ORGANIZAÇÃO!!! Ahaha, essa palavrinha tão danada é extremamente importante para quem vive em um espaço tão pequeno e que chacoalha tanto. Bom, isso é uma coisa que podemos melhorar a cada dia que passa. Primeiro se livrar daquilo que não está sendo útil, seja o que for. Fica um pouco difícil quando esse “aquilo” for um presente de natal que você ganhou da namorada, hua, hua, hua! Mas isso se faz importante, pois cada centímetro quadrado ganho e cada grama a menos no peso, é uma vitória. Nossos armários ganharam 6 caixas (feitas de uma palha dura) dentro dos quais colocamos os talheres, enlatados, temperos, pacotes de comidas… enfim, organizamos quase tudo lá dentro. Ficou muito mais prático e fácil, pois essas caixas fazem a função de uma gaveta, apesar de não ter trilhos. Na parede lateral da pia, finalmente colocamos um porta treco que veio junto conosco desde o Brasil e estava rolando pra lá e pra cá. Neste local, temos as coisas que mais usamos no dia-a-dia, sem ter que sempre abrir os armários para pegá-las.

Para dar mais aconchego e esquentar o ambiente, colocamos um tapete no corredor do motor-home, escondendo assim, aquele piso frio “de ônibus” feito de alumínio. Isso também tirou um pouco da frieza interior ocasionada pelos móveis vermelhos que ainda por cima estão com cantos vivos, onde de vez em quando, damos uma raspada meio forte.

Externamente, o carro também teve suas melhorias, principalmente para as estradas em pior condição que ainda encontraremos ao cruzar o Out-Back australiano. Com o aumento significativo de peso que tivemos com a construção do Motor-home, a suspensão original não deu conta do recado e ficou bastante instável fazendo-nos ter que trocá-la por molas e amortecedores da Ironman, as quais deram uma evolução grande para o carro, além disso, o mesmo ainda ficou 2 cm mais alto na frente e 3 cm atrás. Também deste mesmo fabricante australiano, colocamos dois faróis auxiliares que tornam a noite um dia, hehe… As luzes são muito fortes e ajudarão bastante em dias que tivermos que viajar a noite.

Um High Lift Jack nos foi doado pela empresa GEO 4WD da Venezuela. Isso é um macaco de fácil manuseio e que tem possibilidade de erguer o carro em até 1m e meio do chão. Perto do High Lift Jack, que foi fixado na parte frontal do rack, ainda temos nosso segundo estepe, um galão de diesel sobressalente e nossa bicicleta…

Algumas vezes já comentamos que quando nossa viagem terminar teremos um carro ideal para uma expedição de “Volta ao Mundo”. E isso procede, pois desde que deixamos o Brasil, nossa casa de rodas vem sofrendo alterações e tem melhorado muito. E uma coisa é certa: desde a primeira noite que dormimos dentro de nosso carro, que foi num posto de combustível em Curitiba, não o trocamos por nada. É um motor-home extremamente confortável para passar esse restinho de década.

Charada: Marque com um x a alternativa correta. Quem é que suja todas as partes do carro, até os lugares mais impossíveis, quando está fazendo pão?

a)      Michelle

b)      Pato

c)      Polvo

d)      Grilo

e)      Roy…

 

Logo, logo, estaremos mandando mais notícias sobre os acontecidos por aqui.

Abraços,

Canguru e Coala.

 

 

Álbum: Bastidores da Expedição

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