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Diário de Bordo 24 – Tailândia 1 e Myanmar

Diário de Bordo

(10/11/2007 a 18/11/2007)

Entramos em território tailandês no dia 10/11/2550…

2550??? Vocês devem ter achado que cometemos um erro gravíssimo de digitação, porém este ano está absolutamente correto. A Expedição Mundo por Terra, depois de percorrer mais de 50.000km, chegou no futuro.

Foi mesmo interessante quando fizemos as primeiras compras aqui na Tailândia e recebemos as notas fiscais com esta data. Na verdade, o calendário budista está 543 anos a frente do nosso calendário, pois eles tomam como ano zero, o ano de nascimento de Buda, que aconteceu 543 anos antes de Cristo. E para se ter uma idéia, 95% da população tailandesa é budista e em todos os lugares que vemos estendida a bandeira nacional, vemos ao lado a bandeira amarela budista. Apenas uma pequena minoria desta população é muçulmana e estes concentram-se na extremidade sul do país, que faz divisa com a Malásia. Cruzamos esta região quase que sem paradas, pois lá, recentemente, tem acontecido vários problemas, tais como revoltas e bombas, e tudo isso devido a esta minoria de muçulmanos estar lutando por sua independência.

A Tailândia entrou nos tempos modernos em melhores condições que os outros países do sudeste asiático, pois enquanto seus países vizinhos foram dominados por potências européias e entraram em guerras civis, a Tailândia permaneceu independente e unida, não tendo mudado sua cara, por força da colonização. A experiência de se estar neste país chega a atingir a alma do viajante e os comentários são que a pior parte do planejamento de sua viajem por aqui, consiste em saber por quanto tempo você conseguirá estender sua estadia e quanto tempo levará para que você retorne para cá.

Mas se não entramos no futuro, devido ao ano de 2550, entramos no paraíso, pois as praias do sul da Tailândia são mesmo coisa de cinema. Inclusive o filme “A Praia” foi gravado nesta região, assim como um dos filmes do James Bond. Areia branca, água verde jade e cristalina e o que mais impressiona mesmo são as milhares de ilhas que brotam do mar em formas escultóricas, com seus altos paredões cobertos por uma vegetação muito verde. Essas pedras não só brotam do mar, mas também da terra e formam uma paisagem impressionante. Fizemos, em companhia de nossos amigos Myriam e Mathias, um passeio de barco por 4 destas ilhas nas proximidades de Krabi, onde ora estávamos esticados na areia, ora estávamos fazendo snorkel e contemplando a infinidade de vida marinha que habita o Mar de Andaman.

Vendo essas belas praias é impossível de acreditar que há 2 anos atrás aconteceu aquela tragédia: a Tsunami. Dos 12 países devastados pela onda gigante, a Tailândia foi um deles, tendo sido afetada em sua costa oeste. O turismo, como principal negócio da região, caiu drasticamente, mas como o tailandês é um povo muito trabalhador, pouco a pouco eles vem se recuperando. Na verdade, não se vê mais sinais de destruição e a única coisa que comprova que a tsunami um dia passou por aqui, são os varios sinais de alerta que foram colocados nas praias: “CUIDADO! PERIGO DE TSUNAMIS” e outras placas que orientam para uma rota de fuga, caso algum dia, uma tsumani volte a acontecer.

Fomos subindo o litoral oeste e contemplando as praias. Em Phuket , ilha onde reina o turismo com seus luxuosos resorts e restaurantes, decretamos feriado antecipado em comemoração a Proclamação da República Brasileira e passamos um dia na praia, ora embaixo do guarda-sol lendo ou comendo, ora tomando banho de mar em uma água quase invisível. Dois dias depois, resolvemos conhecer Myanmar, nem que fosse somente por algumas horas. Vizinho da Tailândia, este país é extremamente fechado ao mundo externo, sendo que teremos que despachar nosso carro de navio para a Índia só porque não é permitido cruzar o Myanmar por terra. Muitas pessoas vão para a cidade de Kawthoung somente para estender seu visto tailandês, mas nós, como não precisavamos estendê-lo, fomos para lá mais para conhecer e ver um pouquinho desse país tão inusitado. Para cruzar a borda foi necessário pegar um barco, os famosos Longtail Boats (barcos de rabo comprido), chamados assim por possuir um motor com um eixo bem comprido onde em sua extremidade, localiza-se a hélice. O barulho desses barcos era de estourar os tímpanos e os piloteiros faziam manobras radicais com aquelas longas hélices, que vezes, até passavam por cima de nossas cabeças. Estar em Kawthoung, Myanmar, é como voltar uns 50 anos no passado devido as condições de vida do povo que ali reside. Tudo é muito precário e todos muito pobres, porém, isso contrasta com o luxo que os templos budistas ostentam. Visitamos um templo, comemos de sua comida típica, passeamos pelo mercado municipal… tumulto, tumulto, tumulto.

Mais ao norte, agora pela costa oeste tailandesa, na cidade de Cha-am, fomos jantar fora e adivinhem o que pedimos? Churrasquinho de camarão! E essa vocês precisam ouvir! Na frente dos restaurantes existem umas piscinas de concreto e cada uma delas recheada com algum tipo de vida marinha: camarões, lagostins, caranguejos, baratas do mar, peixes, arraias, moluscos, etc. Você escolhe o que quer e eles assam os bichinhos vivos na sua frente. E como disse nossa amiga Dianne (a qual nos indicou este lugar): “Triste, mas delicioso!!!!” Por uma merreca, comemos meio kilo de uns camarões gigantes e também experimentamos caranguejo assado, que porém, os que fazemos refogados no Brasil, ainda são melhores.

Falando um pouquinho mais de culinária, a comida daqui é muito gostosa e barata. Se come super bem, por apenas 1 ou 2 dólares e percebemos que vale mais a pena comer fora do que cozinhar por nossa conta. É claro que os lugares turísticos são mais caros, mas as comidas mais simples e mais baratas não deixam a desejar. Ah, não podemos deixar de falar da pimenta, que está sempre presente. Existem alguns pratos que intercalamos uma garfada de comida e um gole de água. A comida é quente em pimenta, mas muitas vezes fria em calor e é óbvio que o prato principal continua sendo o arroz.

O moeda daqui é o Baht, sendo U$ 1 = 31 Baht e a língua oficial é o Thai que é escrita, aliás, desenhada de uma forma bem diferente da nossa. Tem vezes que não entendemos nada, nem cardápio, nem sinais de trânsito, pois não existe nem uma letra sequer familiar ao nosso alfabeto. Ás vezes, quando paramos a beira da estrada para comer em um restaurante local, onde geralmente ninguém fala inglês e nós não falamos o Thai, escolhemos o prato pelo nome que achamos mais interessante e depois vemos a surpresa.

Assim como a comida, os hotéis são super baratos, porém não estamos abrindo mão de dormirmos dentro do Lobo, pois é muito seguro parar em qualquer lugar, seja em postos de combustível ou de frente para o mar, na nossa casa de praia. Na verdade o que  mais está pesando em nosso bolso é o diesel, com seu preço similar ao do Brasil.

Quanto aos banheiros, podemos ressaltar que eles não são iguais aos nossos, pois aqui o povo usa aqueles vasos sanitários de ficar de pé e o mais curioso é que eles não usam papel higiênico. Ao lado do vaso existe um pequeno tanque de água com uma pequena vasilha. Esta vasilha serve tanto para lavar o nãnãnã como para despejar a água dentro do vaso, pois estes não possuem descarga.

Damneon Saduak foi a cidade em que nos batemos para achá-la mas mesmo após alguns km de errada, valeu muito a pena, pois tivemos a honra de navegar pelos canais da cidade, onde se situa o Mercado Flutuante Saduak. Muito legal mesmo, ver toda aquela gente vendendo seus artesanatos e suas especiarias tendo suas vitrines viradas para o leito do rio, pois as pessoas que estão ali para comprar,  circulam em barcos, seja a motor ou a remo. Os vendedores que não possuem uma vitrine em terra firme, navegam com suas mercadorias em seus próprios barcos, pra levantar um trocado no final do dia.

Nove dias de viagem pela Tailandia e chegamos em sua capital, a qual foi estabelecida em Bangkok em 1782. Mas na verdade, o nome Bangkok que foi batizado por estrangeiros, refere-se a apenas uma pequena vila dentro da capital. Os tailandeses chamam sua capital de Krung Thep, ou Cidade do Anjos, mas esta é uma super simplificada versão do verdadeiro nome oficial o qual é uma total enrolação de língua: Krungthep mahanakhon amonratanakosin mahintara ayuthaya mahadilok popnopparat ratchathani burirom udomratchaniwet mahasathan amonpiman avatansathit sakkathattiya witsanukamprasit.

Iremos ficar em Bangkok por uns 6 dias organizando nossas coisas: carro, replanejando e principalmente emitindo os vistos para os próximos países que iremos visitar. Das nossas experiências aqui na capital, podemos adiantar que a mais marcante foi na culinária, exótica e incomível para muitos. Huuuuummmm, tava bem gostoso!!!!

Álbum: Tailândia 1

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