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Diário de Bordo 9 – Venezuela 2

Diário de Bordo

(13/04/2007 a 26/04/2007)

Por trás de lindas fotos e boas histórias pra contar, há também muito trabalho e burocracias. Dar a Volta ao Mundo não é moleza!!!

Desde que chegamos à Venezuela não sossegamos. Foram duas semanas de correria e muitos contatos para acertar o despacho do carro para a Oceania e pegar nosso Carnet de Passage de Douanes.

– Estamos parecendo dois patos! Voando pra lá e pra cá…, disse o Roy.

Para nossa alegria, a obtenção do Carnet de Passage foi rápida e tranqüila. Ele já está em nossas mãos, resolvendo parte de nosso problema, pois só possui validade de 1 ano. Mas daqui a 1 ano a gente se preocupa com isso novamente, hehe. O despacho do carro é mais importante neste momento!

Quando estávamos planejando nossa viagem, colhemos algumas informações de como são os procedimentos de envio de um carro via navio para outro país ou continente. Mas isso só se aprende mesmo na prática, quebrando a cara e fazendo o nosso primeiro despacho…

Lá no Automovil Club de Venezuela, enquanto tratávamos do Carnet de Passage, aproveitamos e pegamos uns contatos de agências aduanais e de empresas de transporte marítimo. Fizemos vários contatos via telefone (pra ajudar, em espanhol) e descobrimos que procurar primeiramente um Agente de Aduana seria o mais indicado. Descobrimos também que a fonte disso tudo não fica em Caracas, e sim, no maior porto da região, Puerto Cabello. Fomos direto para lá e nos hospedamos em um hotel barato, pois no carro seria muito perigoso dormir, devido Puerto Cabello ser uma cidade portuária bastante perigosa.

No dia 13 de abril, plena sexta-feira 13, chegamos na primeira Agência de Aduana, a qual nos indicou para uma outra… que nos indicou ir em outra… que nos indicou ir para uma outra… Percebemos que ninguém queria nos ajudar. A última agência que visitamos em Puerto Cabello ficou de nos passar uma cotação, porém ficamos a ver navios e estamos até hoje sem retorno.

Como o dia estava acabando e chegava o fim de semana, não tínhamos muito que fazer. Era esperar as cotações das agências e voltar na segunda para fechar com alguma. Seguindo indicações fomos passar o final de semana em Tucacas, cidade do litoral venezuelano, o qual é banhado pelo Mar do Caribe. A cidade de Tucacas cedia o Parque Nacional Mocorroy, que é famoso por suas praias de areias brancas e águas cristalinas. Este parque, que ocupa tanto áreas terrestres como aquáticas do Golfo Triste, possui uma grande quantidade de ilhotas espetaculares e junto delas muitos corais.

No sábado passamos o dia no hotel nos organizando e o domingo, tiramos para aproveitar esse litoral fantástico. Pegamos o carro e como todos, fomos farofar a beira da praia embaixo de muito calor. Apesar de tanta beleza, os cuidados que as pessoas têm em manter as cidades limpas por aqui são mínimos. É muito comum ver lixos serem lançados para fora dos carros. Em Tucacas, as pessoas após desfrutarem desse paraíso, quando regressam para a cidade não levam seu lixo embora, ficando tudo imundo!!!

A segunda-feira chegou e nada das cotações dos agentes. Tínhamos voltado para Caracas para alterar nosso vôo para dia 30 de abril e sorte que tínhamos na manga um contato com a Agência Ven Marine de lá, a qual foi muito prestativa e demonstrava ser de confiança. Perdemos uma semana inteira com eles, gastando pra caramba em Caracas, com hotel e alimentação e ainda por cima não fazendo nada de interessante.

Caracas é uma cidade bonita, mas aqui tudo é muito caro. A única coisa que é barata na Venezuela é o combustível, pois isso tudo é uma mina de petróleo… Há algo interessante nesse país: economia instável, portanto existem dois tipos de câmbio muito distintos… O câmbio oficial está 1 dólar para 2.160 bolívares, enquanto que o câmbio negro está 1 dólar para 3.300 bolívares podendo chegar, para a compra, em 3.800 bolívares. É muito caro conseguir dólar aqui, então, uma boa dica para quem quer vir para cá, é trazer dólar em espécie, pois isso vale como ouro… ou seja, você acabará tendo uns 50% de rentabilidade em seu viagem.

O que mais se vê nas ruas através de inscrições pichadas, outdoors, televisores, etc… é a imagem do atual presidente da República Bolivariana de Venezuela – Hugo Chavez. Com o slogan “Rumo ao Socialismo” ele promete que essa mudança será implantada até 2021 e sua estratégia já repercute com o fechamento de algumas empresas privadas. Por sua vez, as estatais serão a bola da vez, principalmente no que gera maior riqueza ao país, o combustível. Contentamento de uns, mas descontentamento de outros, o governo Bolivariano de Venezuela diz que é a voz do povo.

Na quarta, dia 18, fomos na Ven Marine resolver alguns detalhes do despacho. A mulher que estava nos atendendo falou que poderíamos ficar tranqüilos e viajar no outro dia, pois dia 19 de abril é feriado nacional, o qual celebra o começo do Movimento de Independência em 1810. Ela só ficou de nos passar um e-mail neste mesmo dia com a confirmação da reserva do navio e com o contato do agente aduaneiro em Puerto Cabello, o qual faria a burocracia.

Neste dia, como não víamos a hora de cair fora do trânsito engarrafado de Caracas (pior que o de São Paulo), seguimos rumo ao litoral leste para curtir o feriadão. A viagem era um pouco longa e acabamos dormindo na estrada em um refúgio para caminhoneiros. Impressionou pela limpeza.

Quinta de feriado seguimos até Puerto La Cruz, de onde parte o ferry-boat para a famosa Ilha Margarita. O lugar estava um caos, muita gente indo para lá, deixando os ferry-boats lotados. Seguimos para o próximo ferry, em Cumaná, mas depois de 3h na fila, desistimos. Decidimos que vamos deixar este passeio para a volta da viagem e fomos aproveitar melhor as praias da costa. LINDAS!!!!

No outro dia fomos na internet, em Carupano, para ver a resposta da Ven Marine, porém nada. O Roy estava com um mal pressentimento. Depois de deixar quilos e mais quilos de roupa para lavar, fomos em busca da praia Medina. Passamos por vários vilarejos através de uma estrada esburacada, mas no final compensou. Chegamos nesta praia com seus milhares de coqueiros nos cedendo sua sombra naquele calor escaldante. As águas eram cristalinas, porém não tão quentes quanto as de Tucacas. Sentamos ali, a beira mar, e lemos um pouco dos nossos livros de cabeceira (Asas do vento – A Primeira Volta ao Mundo num motoplanador de Gérard Moss e Em Busca do Sonho – Vinte anos de aventura da Família Schürmann). O Roy não sossegou, foi ligar para a agência aduaneira. Eles nos cortaram!!! Preocupados, voltamos para Carupano e recebemos, enfim, o tão esperado e-mail da Ven Marine. Eles estavam nos dando o bolo. O e-mail dizia:

“Estimado Sr. Roy:

Me es grato saludarlo e informarle que debido a la falta de respuesta por parte del agente aduanal en Puerto Cabello y en vista de la premura que usted tiene en viajar, lamentablemente no podemos realizarle los trámites para su exportación.

Sin más por los momentos, y ofreciendo disculpas por los inconvenientes causados, se despide.”

Ficamos indignados com a notícia!!!!!!!!!!!!!!! Pode viajar tranqüilo Sr. Roy, dizia ela. Por causa dessa situação, atrasamos mais uma semana nossa viagem. Nos abandonaram… o que fazer? Final de mais uma sexta-feira e quem iria nos ajudar? Tentamos alguns contatos, mas já era tarde. Confessamos que isso acabou estragando o nosso feriadão. Estávamos preocupados.

O domingo não foi muito proveitoso. Passamos um pouco de tempo na linda praia Los Hicacos e depois viajamos sentido Puerto Cabello. Queríamos estar cedo lá para tentar conseguir uma nova agência. E conseguimos, UFA! Porém teremos que adiar nosso vôo para a Nova Zelândia pela terceira vez. Mas ainda bem que agora conseguimos uma agência organizada e prestativa de verdade, que está fazendo as coisas acontecerem. Teremos espaço em um navio no dia 5 de maio e amanhã teremos a confirmação para que dia ficará o nosso vôo.

A partir de segunda, terminaremos todos os trâmites aduaneiros, taxas, inspeções, carregamento do container, etc… Como o embarque do carro está só começando, deixaremos o detalhamento do processo de despacho para o próximo diário, tentando suprir as dúvidas de muitos interessados.

Uma das vantagens deste atraso, é que poderemos participar do Venezuela Off-Road & Adventure Festival, o qual vai começar amanhã, dia 27! Aparentemente é uma enorme feira de 4×4 que acontece uma vez por ano… estamos inclusive tentando contato com a organização para ver se não conseguimos um espaço no evento para divulgarmos nossa Expedição.

Bom, diário 9 era isso… esperamos que o próximo já possa ser publicado da Nova Zelândia, até lá!!!

 
 
Álbum: Venezuela 1
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