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Diário de Bordo 11 – Nova Zelândia 1

Diário de Bordo

(09/05/2007 a 21/05/2007)

Enquanto o Lobo da Estrada está cruzando o Pacífico, nós já estamos desbravando o outro lado do mundo!!!

Saímos dia 9 de maio de Santiago – Chile, viajamos aproximadamente 12h e chegamos dia 11 de maio em Auckland – Nova Zelândia. Nosso dia 10 quase não existiu, foram apenas algumas horas noturnas dentro do avião. Foi a noite mais longa de nossas vidas, pois saímos a noite da América e chegamos 3:40h da manhã na Oceania. São 15h de diferença de fuso com o Brasil!!! Além de confusos com o fuso, estranhamos que os carros andam na contramão, hehehe.

Localizada na Oceania, a Nova Zelândia é formada por duas ilhas principais – a Ilha Norte e a Ilha Sul – e por diversas ilhas menores. Mais da metade do país é composta por fazendas e um quarto é coberto de florestas. A natureza daqui é exuberante, possuindo diversas praias, vulcões, montanhas, lagos de água quente e imensas florestas e parques. Existem diversas plantas e animais que não existem em mais nenhum lugar do mundo, como o famoso Kiwi. O Kiwi, símbolo da Nova Zelândia, é uma ave que não voa, tem hábitos noturnos e vive em um buraco dentro do solo. Dizem que ver esse ícone em seu habitat natural é muito difícil e nós não tivemos essa sorte ainda.

O que planejamos foi sair de Auckland, no norte do país, e descer até Queenstown, extremo sul… já estamos a dois dias no norte da Ilha Sul e neste diário vamos compartilhar um pouco do que vivemos e aprendemos na Ilha Norte.

Passamos 3 dias em Auckland na casa de nossos amigos Kerolin e Paul e pudemos conhecer um pouco desta cidade, que é a maior do país, embora não seja a capital. A Nova Zelândia é o país que possui a maior quantidade de barcos por habitantes do mundo e Auckland é conhecida como a cidade dos veleiros. Passeamos uma tarde pela Marina e ficamos encantados com os enormes veleiros que estavam atracados. São milhares de mastros, um ao lado do outro! Na cidade fotografamos a Sky Tower, a torre mais alta do Hemisfério Sul e visitamos o Auckland Museum, onde pudemos aprender um pouco mais sobre este país e onde assistimos uma apresentação Maori.

Os Maoris são um povo indígena que já habitava a Nova Zelândia antes da colonização européia. Descendem de alguns povos da Polinésia que migraram para cá há aproximadamente 1.000 anos atrás através de grandes canoas chamadas de wakas. Eles não possuem escrita e seus conhecimentos são preservados através de histórias contadas de geração para geração. Algo muito interessante de sua cultura é o ato de tatuar-se (moko). A face toda tatuada é usada pelos homens, enquanto nas mulheres a tatuagem se restringe ao queixo, parte superior aos lábios e nariz. Tradicionalmente, a tatuagem tem um significado pessoal, como status, participação na tribo, etc. A Maori marae, ou casa de reuniões, é um lugar sagrado para eles e os visitantes devem sempre ter respeito. Pudemos ver algumas dessas casas no Museu de Auckland.

Em 1940 foi firmado um tratado de tolerância e justiça entre os povos europeus e os Maoris. A partir da década de 50, muitos Maoris casaram-se com ingleses, os conhecidos Pakeha, e atualmente são raros os descentes puros. Hoje poucas terras do país ainda pertencem a este povo que é orgulho nacional.

Nossos planos eram de viajar pela Nova Zelândia de mochilão nas costas, mas vendo o preço barato do aluguel dos carros, optamos por alugar uma van em Auckland. Além de ter facilitado nosso deslocamento, temos a vantagem de dormir e cozinhar dentro do carro, como no Lobo. Nosso novo amigo (carro) chama-se Soul, pois possui a sua lataria pixada com os reis do soul. De um lado temos a companhia do James Brown e do outro do Ray Charles. Muito divertido!!

As praias neozelandesas são muito bonitas e muitas são comunidades de hippies e surfistas, como as praias de Raglan. Surfistas do mundo inteiro vem para Manu Bay, onde podem experimentar as famosas longas ondas de esquerda e curtir o fantástico cenário.

Algo interessante daqui é que viajamos por paisagens de campos verdes, típicas de fazendas e do interior, com milhões de carneiros pastando (são mais de 60 milhões de carneiros em todo o país, 15 vezes a mais que a população), mas estamos ao lado do mar. O contraste entre o verde desses campos e o azul do mar é surpreendente. Parecem paisagens de filme… e são, pois o conhecido filme Senhor dos Anéis foi filmado aqui.

A Nova Zelândia é o país dos esportes radicais e também dos “gastos radicais”. Um deles foi em Waitomo. Pagamos uma fortuna para visitar duas cavernas, a Waitomo Glowworms Cave e a Aranui Cave, que pelo preço, deixaram a desejar. Achamos que no Brasil existem cavernas muito mais interessantes. Teve só uma particularidade da Wiatomo Glowworms Cave, que nos encantou: os insetos brilhantes (glowworms), que existem apenas aqui e em algumas cavernas na Austrália.

Estes Glowworms são insetos que emitem luz para atrair outros insetos voadores, dos quais se alimentam. Eles produzem linhas pegajosas de alimentação, semelhantes a teias de aranha, as quais ficam suspensas no topo das cavernas. Para sobreviver, eles necessitam de um habitat especial de umidade para evitar que as linhas sequem; de uma superfície protegida e calma, para evitar que as linhas se entrelacem; de escuridão suficiente, que permita que sua luz atraia comida; e de um lugar farto de insetos para devorar. As cavernas são perfeitas para eles.

Quando entramos na escuridão da caverna de Waitomo e olhamos para cima, vimos o que parecia ser um céu super estrelado. Eram milhões de pontinhos brilhantes formando diversas constelações. No meio da escuridão e do silencio da caverna, ficamos alguns minutos admirando aquele espetáculo da natureza.

De Waitomo Caves seguimos para o point dos turistas, a cidade de Rotorua, que de tão turística é conhecida como “Rotorvegas”. Rotorua está situada sobre uma área de grande atividade vulcânica com diversos gêiseres, fumarolas, lama borbulhante e terraços de sílica. Situa-se literalmente no chamado Cinturão de Fogo do Pacifico e muitas dessas coisas estão no meio da cidade! O cheiro de enxofre é fortíssimo e por isso foi chamada, por um viajante, da Cidade do Pum. EKA! Esta cidade também entrou para a nossa lista dos locais de gastos radicais e antes que eles acontecessem, caímos fora de lá.

Seguindo viagem, fomos até o Lago Taupo, o qual é o maior lago da Nova Zelândia e se encontra em uma caldeira criada por uma enorme erupção vulcânica, que ocorreu há aproximadamente 26.500 anos atrás. Segundo indícios, este vulcão já entrou 28 vezes em erupção em 27.000 anos e no ano de 181 passou por uma grande erupção, a qual é considerada a maior dos últimos 5.000 anos da terra.

Pertinho dali, no Tongariro National Park, pudemos realizar uma caminhada entre belas paisagens e os vulcões: Tongariro (1.968m), Ngauruhoe (2.291m) e Ruapehu (2.797m), este último é o ponto mais alto da Ilha Norte. A caminhada iniciou cedo, às 7h da manhã, quando pegamos um ônibus que nos levou ao inicio da trilha. O sol ainda estava escondido e a geada dominava os campos. O frio era de congelar, mas o espetáculo do amanhecer com os vulcões de fundo compensava.

A estrutura do parque é surpreendente, com trilhas em bom estado, sinalização, banheiros, cabanas para acampamento… Foram 17km caminhando entre 1.100m e 1.900m de altitude e aproximadamente 6 horas e meia. Passamos por crateras, lagoas de cor esmeralda e azul, fumarolas com cheiro de enxofre. Foi fantástico! Voltamos ao carro realizados com o dia que passamos.

Nossa última parada na Ilha Norte foi em Wellington, a cidade das fortes rajadas de vento oriundas do Estreito de Cook. Velejadores chamam esse fenômeno dos ventos fortes de Roaring Forties Latitudes (latitudes entre 40 e 50 graus sul) e Wellington é a única capital do mundo que se situa nesta zona. Outro fenômeno que acontece constantemente aqui são pequenos tremores de terra. Lá fizemos mais alguns programas culturais, como visitar o Museu Nacional Te Papa, o maior museu do país e gratuito. De Wellington, no dia 21 de maio, pegamos um ferry em direção a Ilha Sul. Foram 3:30h de viagem e agora já estamos nos preparando para mais uma caminhada que será de 3 dias.

That’s all folks!!!

PS 1: As pessoas neozelandesas, autodesignados como kiwis, são muito receptivos e hospitaleiros. Muitos dos carros que cruzam conosco nos cumprimentam, sem ao menos nos conhecer.

PS 2: Em uma casa típica neozelandesa não pode faltar um motor-home e um barco no jardim.

 

Álbum: Nova Zelândia 1

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