ícone lista de índices Índice

Diário de Bordo 47 – Malauí 2 e Moçambique 1

Diário de Bordo

(31/10/2008 a 22/11/2008)

Foi com um “Boa Tarde”, quase sem sotaque no português, que fomos recebidos pelos queridos nativos moçambicanos em nosso primeiro acampamento no estado da Zambézia, Moçambique.

É mesmo fantástica esta experiência, quando aqui neste país do leste africano, tão longe de nosso Brasil, podemos fluentemente nos comunicar com todos, desde adultos até as crianças, mesmo nos lugares mais remotos imagináveis.

O português, assim como o castelhano, catalão, italiano, francês, romeno (e outros) é uma língua do grupo ibero-romântico, falada por mais de 215 milhões de nativos distribuídos, além de Moçambique e Brasil, na Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Macau, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Galiza. É a quinta língua mais falada no mundo e a terceira mais falada no ocidente.

Igualmente a outros idiomas, o português foi influenciado por outras línguas e teve sua evolução, mas podemos considerar que além de vários dialetos, subdialetos, falares e subfalares, são reconhecidos internacionalmente o português europeu e o português brasileiro. Como curiosidade, no Brasil, os dialetos estabelecidos são: caipira, maranhense e piauiense, baiano, fluminense, gaúcho, mineiro, nordestino, nortista, paulistano, sertanejo e sulista.

Mas voltando a Moçambique, adentramos por uma borda ao sul do Malawi, a qual nos deu acesso ao centro do país e isso, pelas longas distâncias, nos fez desistir de conhecer o norte, mesmo sabendo que perderíamos as maravilhas que costeiam Pemba, Ilha de Moçambique e o arquipélago de Quirimba.

Nosso primeiro contato com o mar foi em Quelimane, estado de Zambézia, famoso por possuir a maior floresta de coqueiros do mundo. Em Beira, segunda maior cidade do país, fizemos uma parada para comemorar o dia 7 de Novembro (aniversário de um dos tripulantes) e acabamos nos deliciando com uma Feijoada da Gambas, prato tradicional composto de feijão com camarões.

Quando partimos de Beira sentido sul, já era de tardezinha, e a dificuldade de se achar um lugar para acampar, acabou nos forçando a uma parada num lugar diferente, cheio de caminhões, musica alta, luzes vermelhas… o que nos deu a nítida impressão que não era uma casa de família, hehe. É que acampar por aqui, principalmente fora das estradas principais, não é nada aconselhável, pois Moçambique está repleto de minas da recente guerra civil em que o país atravessou entre os anos de 1976 e 1992 por consequência do desencanto popular frente as políticas de cunho socialista estabelecido em 1975, quando Moçambique se tornou independente de Portugal.

Uma coisa engraçada que presenciamos nas estradas, quando esburacadas, que crianças ficam ali ao lado dos buracos e quando os carros se aproximam, começam a jogar terra, representando que estão trabalhando e arrumando os buracos para melhorar as estradas. É uma jogada de terra e uma estendida de mão, para pedir dinheiro!!!

A praia de Inhassoro foi um ótimo lugar para uma faxina geral, e foi nesta etapa que começou o delicioso festival de frutos do mar. Peixes, lagostas, lulas, arraias, caranguejos, camarões, moluscos, etc… fizeram parte de quase todas as próximas refeições, e como o melhor da história, por um preço definitivamente barato.

A pesca em toda a costa do país é uma das grandes fontes da economia, sendo que em 2006, mais de 30 mil toneladas de vida marinha foram capturadas e o camarão é o principal produto exportado. Por este motivo, não é difícil de encontrar dois homens tendo que carregar um peixe, que mesmo pendurados na altura dos ombros, arrastam suas caudas no chão. E a nossa pergunta sempre é a mesma: “Como vocês pegaram esse peixe, na rede?” Mas não, quase sempre são pegos em linhas de mão de seus barcos a vela.

Um casal de ingleses de olhos puxados passou a nos fazer companhia daqui para frente. Jennifer e Kinh, a bordo de uma Toyota Land Cruiser, estão rodando a África depois de terem percorrido da Inglaterra até a India. Por coincidência, eles encontraram pelas estradas nada menos que três amigos nossos, que também conhecemos na viagem. Além da ótima companhia, Jennifer e Kinh colocaram um toque oriental naquele festival de frutos do mar que estávamos tendo que encarar todos os dias.

Vilanculos foi a praia que mais nos encantou e podemos, talvez, considerá-la como a mais bonita de toda a viagem. Quando maré baixa, pode-se caminhar quilômetro adentro do mar, parecendo-se dar caminho a pé para a turística Ilha de Bazaruto. Mas por ser turístico, claro que mais caro e isso nos fez ter uma experiência um pouco diferente do usual. Quando perguntávamos o preço de um lugar para acampar, devido ao alto valor, começamos a barganhar. Então o moçambicano, por não poder dar desconto, nos falou: “Se fosse minha casa, com certeza poderia baixar o preço, mas aqui o preço é fixo.” E nossa resposta: “Sua casa? Seria ótimo, aí te pagamos um valor e todos saímos felizes.” E foi para lá que rumamos, bem no centro da vila, em uma casa muito simples e bem cuidada. Aliás, a vila toda, apesar de pobre, foi um dos pontos fortes da cidade, com suas casas de palha sempre impecáveis.

Um pouco mais ao sul, chegamos em Inhambane e praia de Tofo. O lugar aqui é famoso por sediar um dos mergulhos mais emocionantes do planeta. É possível de fazer mergulho autônomo ou mesmo apneia tendo as arraias manta e os tubarões baleia como companhia. Isso sem contar nos dugongs, que são mamíferos marinhos herbívoros, quase que parecidos com nosso peixe boi.

Planejávamos fazer este mergulho, porém, devido a água estar muito fria, haviam vários dias que os gigantes da água não foram vistos pela região, possivelmente por gostarem de águas quentes. Não foi desta vez, mas pelo menos temos uma razão para voltar.

E o festival culinário continuou, agora, em Chidenguele. Lagosta grelhada de entrada e uma feijoada com camarão bem caseira para completar.  Neste acampamento, único inconveniente foi o dono do Resort vizinho, provavelmente da África do Sul, que veio ameaçando chamar a polícia se não fossemos embora dali. Acreditamos que ficou bravo pois não foi convidado para a ceia, hehehe.

E já que falamos de polícia, aqui em Moçambique eles já são famosos, principalmente entre os viajantes estrangeiros, pois gostam de uma propina. Existem as regras, por exemplo: temos que ter dois triângulos de sinalização no carro, mas se tivermos três, pode ser motivo para multa também, hahaha. Se pegar o policial de mau humor, até o óculos escuro pode ser pretexto para rolar uma graninha. O mais importante é cuidar na velocidade e que satisfação é encontrá-los quando estamos dentro do permitido, quando eles não podem fazer nada!!! Ficam desapontados, e nossas mãos fazem acenos escondidos.

Chegamos então em Maputo já com endereço certo, que era a casa de um casal de franceses que conhecemos no caminho. Foram dois ótimos dias na companhia de Helene, Pascal, Xavier, Sylvain, Jennifer e Kinh. Rolou até badmington… e daqui, seguimos para a casa da Sra. Maria João, mãe de nossa amiga Mônica, que conhecemos na Índia. Diz-se ser uma cozinheira de mão cheia, estamos ansiosos.

Álbum: Malauí 2

[flickr]set:72157627063657559[/flickr]

Álbum: Moçambique 1

[flickr]set:72157631545658053[/flickr]

Compartilhe

Veja Também

Diário de Bordo

Diário de Bordo 1 – Planejamento 1

21 | dez | 2006
Diário de Bordo

Diário de Bordo 2 – Planejamento 2

21 | fev | 2007
Diário de Bordo

Diário de Bordo 3 – Festa de Despedida

28 | fev | 2007