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Diário de Bordo 61 – Países Baixos 1 e 2, Bélgica e Inglaterra

Diário de Bordo

(15/08/2009 a 07/09/2009)

Até parece que foi ontem, abril de 2007, que fazíamos nosso primeiro despacho do carro, da Venezuela para a Austrália… e agora já estamos entrando na Holanda, lugar de onde despacharemos nosso veículo pela quarta vez.

Ainda com o Lobo em nossas mãos, entramos nos Países Baixos, que é assim denominado por localizar-se numa região de terras baixas. Este nome no plural surgiu da época em que esta área era formada por vários países que hoje são regiões e apenas uma delas, com grande importância histórica, é chamada de Holanda (apesar de muitas pessoas designarem o país inteiro por esse nome). Uma média de 450 pessoas por quilômetro quadrado faz deste país, um dos mais densamente povoados do mundo.

Geograficamente falando, os Países Baixos possuem aproximadamente metade de seu território a menos de um metro ao nível do mar. Seu ponto mais baixo está em -6,76m e o de maior altitude somente a 321 metros positivos. Apesar de ser uma grande planície, seu povo possui uma tremenda paixão por esquis e snowboards, mas para isso, eles precisam se deslocar para as montanhas dos Alpes ou limitar-se às pistas de neve artificiais que existem por lá.

Mas de curiosidades este país está cheio, principalmente quando falamos de sua capital Amsterdã.  O espírito liberal que foi herdado da época da Idade de Ouro, fez das drogas e da indústria do sexo algo legalizado no país. Perambulando por Amsterdã, é muito comum deparar-se com os famosos Coffee-shops, lugares onde estranhamente não se vende café, e sim, drogas leves. E no Distrito da Luz Vermelha, prostitutas expõe-se em vitrines, igual a manequins em lojas de roupas. Vê-se também inúmeros bares com shows eróticos, cinemas pornográficos e até existe o Museu do Sexo. Nas sex-shops existem utensílios para todos os gostos, sem brincadeira, de qualquer forma, cor ou tamanho… é engraçado de ver como tudo isso é mostrada com tamanha naturalidade!

Em Amsterdã, também, é incrível a quantidade de bicicletas que estão por todos os cantos. A cidade conta com uma população de cerca de 700.000 ciclistas para seus 750.000 habitantes. Cada ano, 80.000 bicicletas são roubadas e para isso, já existem até piadas que contam que quando alguém que tem sua bicicleta roubada vai a polícia para dar queixa, tem que preencher um formulário e nele, constam algumas perguntas como: Nome? Endereço? Características da bicicleta? Local do roubo? … e por último: Onde você roubou sua bicicleta?

A aproximadamente 30km de Amsterdã, em frente ao velho Rio Reno (Hazerswoude), nossos grandes amigos Loek e Linda nos aguardavam em sua casa, a qual passou a ser nossa base nos mais de 10 dias que ficamos na Holanda. Conhecemos Loek em Mali quando ele viajava com aqueles caminhões MAN amarelos. Esta figura, de espírito mais jovem que nunca, circum-navegou o Continente Africano em 1968/1969 com um carro holandês 4×2 chamado Daf, o qual não é mais fabricado atualmente. Fora isso, anualmente com os enormes caminhões, ele faz expedições pelo Deserto do Saara para distribuir donativos as cidades mais inacessíveis. Vejam seu web-site: www.hollandafricatour.nl

Quanto ao nosso carro, após termos aproveitado o arsenal de ferramentas do Loek para uma boa manutenção, colocamos-o num container de 20 pés, o qual, a bordo do navio CSAV Santos, irá cruzar o Atlântico em direção a Cartagena de Índias na Colômbia. Além dos dias gastos com carga, descarga e burocracias, o navio levará cerca de18 dias para cumprir o seu destino. Despachos de navio é uma tarefa de nossa viagem que sempre nos dá arrepios, pois os preços não são baratos, nem todo agente aduaneiro tem interesse ou conhece os procedimentos de nossa carga e, o mais difícil, é que quase nunca conseguimos um bom contato do outro lado do oceano que nos dê tranquilidade de um bom trabalho. Ficamos sempre com o coração apertado e ansiosos, em ter o Lobo em nossas mãos novamente!

No tempo em que o carro viaja, decidimos ficar pela Europa e voar para Cartagena somente uns 3 dias antes da chegada do container por lá. Então marcamos nossa passagem aérea para o dia 07/09/09. No fim de semana subsequente ao despacho, fomos a Bélgica visitar um outro casal que conhecemos em Mali, Veerle e Gert. No tempo que ficamos no país, visitamos Lier e Antwerp, duas cidades muito antigas, lindas, cheias de igrejas e torres de relógios com seus sinos que tocam música a cada 15 minutos.

Mas ir para a Bélgica sem experimentar suas famosas cervejas não dá! Orientados por nossos amigos, pudemos saborear diversos dos mais de 450 tipos de cerveja existentes no país. Lá, o interessante não é beber cerveja somente para matar a sede, mas sim para degustar os diversos sabores e processos que elas são preparadas. Alguns tipos de cerveja, como as Trapist, só existem na Bélgica e estas cervejas fabricadas por monges são conhecidas por possuírem altos teores alcóolicos. É interessante também que para cada cerveja existe um copo específico.

Vale lembrar que o Brasil tem algo em comum com os belgas. A Imbev é uma companhia formada pela fusão das empresas Ambev (Brasil) e Interbrew (Bélgica) e essa companhia, após ter comprado a marca Budweisser (EUA), tornou-se a maior cervejaria do mundo. Em 2007, por dados da própria empresa, produziram 274 milhões de hectolitros, um número que é até difícil de imaginar. As nossas Brahma, Antarctica e Skol também fazem parte dessa ‘pequena’ empresa.

Agora falando em comida, os belgas possuem uma tradição que é a da fritura, através de seus Fritures espalhados pelo país. Lá, você encontrará tudo que for possível para aumentar o seu nível de colesterol, sem exagero. A batata-frita, segundo eles, é a melhor do mundo pois para chegar naquele ponto crocante, ela é fritada duas vezes, mergulhada em óleo quente. E eles disputam com os franceses o título de ter inventado as mundialmente famosas fritas. Ah, tem também os chocolates belgas, que são sem dúvidas uma delícia, huuuummmm.

Voltamos, então, novamente à Holanda para mais alguns dias inesquecíveis. De bicicleta, quando pedalávamos pelas vias asfaltadas específicas para ciclismo, vezes cruzávamos com barcos que navegavam nos canais, porém a uma altura superior à nossa!!! Que sensação engraçada, mas que tem explicação, pois um rio que desagua no mar não tem como ter seu nível a um metro abaixo do nível do mar. E, como a terra por aqui fica a um metro negativo, isso acaba acontecendo. A quantidade de canais e rios são tantas, que é possível de se ir à Amsterdã, Roterdã, ou muitas outras cidades, somente por água.

Nós também tivemos a nossa noite de gala, quando fomos com Loek e Linda para a histórica cidade de Leiden, a bordo de um barco daqueles clássicos, regado a vinho e petiscos. A viagem começou exatamente em frente a casa onde estávamos e percorremos cerca de 15 quilômetros (ida) para ancorarmos em frente a um belo restaurante em Leiden, jantar e depois voltar pra casa a noite, com mais vinho. O dono do barco, o canadense Mark, nos disse que dentro daquele barco ele se sente a pessoa mais livre do mundo, pois este é um dos únicos lugares na Europa, que não existe regra. Por incrível que pareça, mesmo com a imensa quantidade de barcos que circulam por lá, não é necessário nem carteira para pilotar, documento do barco, ou coisa alguma… assim como não existem os postos policiais onde o cidadão está sujeito ao bafômetro! Foi muito legal!!!

Seguimos viagem à Inglaterra, para nossa última semaninha na Europa e para completarmos o planejado de 60 países visitados em nossa expedição. Como fomos de ônibus, descemos para a Bélgica, França e de lá, cruzamos o Canal da Mancha. Esse canal é um braço de mar, parte do Oceano Atlântico, que separa a Ilha da Grã-Bretanha do norte da França, assim como o Mar do Norte do Oceano Atlântico. Mancha é derivado de Manche (francês), o que foi erroneamente traduzido por portugueses e espanhóis. Em francês, “manche” não quer dizer “mancha”, e sim, “manga”. E a forma que o cruzamos, foi através da mega-construção do Eurotunel ou Tunel da Mancha, um túnel ferroviário sub-marino de 50,5km, que atravessa o Canal da Mancha unindo a França a Inglaterra. E sobre essa obra magnífica, aí vai uma curiosidade: nos sete anos que levou para construí-la, a mesma foi escavada por ambos os lados, Inglaterra e França, e no dia que as escavações se encontraram, a 40 metros abaixo do fundo do oceano, possuíam um erro de menos de 2cm de precisão.

Fomos diretamente a Londres, onde também já tínhamos lugar para ficar, com nossos amigos Jennifer e Kinh, que conhecemos em Moçambique, na África. E como os dois possuem origem chinesa e vietnamita, comida asiática por esses dias foi o que não faltou. Tivemos até a sorte de ter sido convidados por uma família vietnamita para participar de um jantar que é uma tradição budista, onde primeiramente são feito oferendas aos antepassados com comida e dinheiro de papel.

Matamos um pouco a saudade de nossos acampamentos quando fomos ao sul da Inglaterra, em Sandbank, acampar e pescar (detalhe, nenhum dos dois era permitido naquele lugar); estivemos no carnaval de Londres, o qual nem parece ser na Inglaterra, quando só se vê jamaicanos; assistimos o espetáculo “Shall we Dance”; revimos dois amigos que fizemos na costa oeste Africana, Cris e Janet; e andamos, andamos, andamos, andamos pela cidade de Londres, percorrendo seus pontos turísticos. E Londres, nesse aspecto, é mesmo encantadora! Sua importância a nível mundial, no que tange ao setor financeiro, cultural, no entretenimento, na moda, artes, etc… ratifica seu status como “cidade global”. É nos arredores de Londres que fica Greenwhich, onde localiza-se o meridiano “0”, a partir do qual passam-se a contar os 360 graus de longitude da terra e cada 15 graus, uma hora no fuso-horário.

Então, chegou a hora… a de embarcarmos no avião sentido América do Sul e completarmos nosso giro pelo mundo, que aconteceu quando colocamos nosso pé em Bogotá – Colombia (dia 07 de setembro de 2009), cidade que cruzamos no nosso primeiro mês de viagem, março de 2007. Próximo diário, será sobre a nossa querida América do Sul!!!!! Até lá…

Álbum: Holanda 1

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Álbum: Bélgica

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Álbum: Holanda 2

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Álbum: Inglaterra

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