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Diário de Bordo 65 – Brasil: Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí, Pernambuco, Alagoas e Sergipe

Diário de Bordo

(02/11/2009 a 21/11/2009)

Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí, Pernambuco, Alagoas e Sergipe…

… foram os estados onde deixamos nossos rastros nas últimas semanas. O Pará e o Tocantins formam parte do norte do Brasil e os outros estados, já integram o nosso querido nordeste.

Entramos no Pará pelo Rio Amazonas, o qual descemos numa balsa de Manaus até Santarém. Esta cidade, localizada no encontro dos rios Amazonas e Tapajós, foi intitulada de “A Pérola do Tapajós”. Para entender o porque desse título, basta deslocar-se alguns quilômetros, sentido a um vilarejo chamado de Alter do Chão, para encontrar uma praia de rio pra ninguém botar defeito, com areia branca, águas mornas e límpidas, além de muitos, mas muitos lugares pra acampar e fazer um belo de um foguinho. Quem passar por essas bandas, não pode deixar de conhecer este lugar, que é o Caribe da Amazônia, e aproveitar para saborear um delicioso tucunaré!

Cansados de ver tanta água, botamos novamente o pé na estrada. Então, com indicação dos paraibanos que viajaram conosco na balsa, pegamos um atalho onde a estrada tinha asfalto somente em seus primeiros kms e cruzava uma floresta esplêndida com árvores a perder de vista. Mesmo assim no meio do nada, uma vez ou outra, a mata já possuía cicatrizes, clareiras enormes resultantes do desmatamento. Mas o curioso, por outro lado, foi o de ver que em boa parte dessas florestas está sendo feito o bom manejo florestal, ou seja, o corte seletivo das árvores, não colocando em risco, assim, a nossa Amazônia.

Esta estrada que descemos, vindos de Santarém, caiu na BR-230 em Uruará e assim que cruzamos o trevo, a memória já clareou e veio a lembrança de quando James, Tico e eu (Roy) percorremos praticamente toda a Transamazônica a bordo de 3 Hondas Falcon 400cc. Isso foi há algum tempo atrás, quando cruzar essas bandas era um desafio que, em partes, quase nem motos passavam. Entretanto as coisas têm mudado muito por ali e hoje já é possível realizar o mesmo trajeto de carro. Mas mesmo com as mudanças, a poeira e os buracos ainda reinam na rodovia.

A Rodovia Transamazônica (BR-230), que virou o sonho de jipeiros, motoqueiros, ciclistas e outros aventureiros, foi projetada no governo do presidente Emílio Garrastazu Médici (1969 – 1974) e pelas imensas proporções que sua construção impunha, era uma das chamadas “obras faraônicas”. Planejada para integrar melhor o norte com o resto do país, bem como conectar-nos ao Peru e Equador, a rodovia foi inaugurada no dia 30 de agosto de 1972, mas desde essa data, não sofreu maiores modificações ou melhorias, e por este estado de abandono, fora até rebatizada de “Transamargura” ou “Transmiseriana”. A Transamazônica começa na cidade portuária de Cabedelo, na Paraíba e se estende em 4.000 quilômetros até Lábrea, no Amazonas, sendo a terceira maior rodovia do país.

Quanto a nós, de Uruará seguimos sentido leste, cruzando por Brasil Novo, Altamira, Anapu, Pacajá, Novo Repartimento e por último Marabá, onde as condições das estradas melhoram em muito. Entre Anapu e Pacajá, a cena foi de arrepiar e lembrar de imediato daquelas músicas do Sérgio Reis, que contam histórias dos boiadeiros transportando suas boiadas ainda da forma antiga. Eram quatro ou cinco boiadeiros com 1.112 cabeças de gado, os quais viajavam (média de 13km por dia) pelo sexagésimo sétimo dia e para chegar no destino, ainda faltavam cinco. Mas por estas bandas, essas cenas ainda são muito comuns e isso não significa que o progresso não tenha chegado. A razão é que para se transportar mais de mil cabeças de gado de caminhão boiadeiro, o custo ficaria completamente inviável.

O Tocantins cruzamos em poucos quilômetros, bem ao norte do estado e chegamos em Imperatriz do Maranhão, onde familiares da Michelle já nos aguardavam para uma visita. Ficamos por três ótimos dias, onde no aniversário de um cidadão aqui, passamos da cota na cachaça, quando queríamos experimentar um pouquinho de cada uma delas, as quais vêm de cada canto do país. Além de matar a saudade dos familiares, fizemos algo muito simples, mas que há muito tempo não fazíamos… um domingo de futebol na TV, enquanto as mulheres faziam feirinha na cidade.

Deixamos Imperatriz para fazer um tiro longo, de quase 2.000km, seguindo pelas BRs 230, 316 e 232, rodando o Maranhão, Piauí e o Pernambuco. E para quebrar um pouco da monotonia da viagem, valeu a dica para visitarmos as belezas naturais de Riachão (sul do Maranhão), com cachoeiras e poços azuis cristalinos que já foram palco até de novela da Globo.

Mudando de saco pra mala, quando comparamos o Brasil com os outros países que passamos nesta viagem, dá para dizer que este está sendo um dos melhores países para se acampar, onde qualquer lugar é possível. Quando não achamos a barranca de um rio ou a sombra de um coqueiro a beira mar, paramos em postos de combustível que sempre possuem banheiros, chuveiros, cafézinho e segurança durante a noite. Mas também não foram poucas as vezes que simplesmente chegamos aos locais e pedimos um pedacinho de seu quintal para passar a noite e, sempre fomos muito bem recebidos.

Já lá na costa nordestina, alguns anos após o descobrimento do Brasil, o figaldo português Duarte Coelho teria dito: “Oh, linda situação para se construir uma vila” e de acordo com esse mito popular, foi aí que Olinda, essa linda cidade, ganhou seu nome! De tão linda e preservada, Olinda foi a segunda cidade brasileira a ser declarada como Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade (UNESCO). Em seu agitado carnaval, o que Olinda tem de destaque são seus bonecos gigantes, que dançam pela cidade toda ao som do frevo, maracatu e outros ritmos originais do Pernambuco. A maior concentração da folia do carnaval é numa esquina de quatro ruas, com casas coloniais de todas as cores, batizada de Quatro Cantos. São muitas as coisas que se têm pra ver nesta cidade, mas o que não se pode deixar de fazer, é experimentar a tapioca que é vendida em tendas nas ruas, que pode ser servida com carne seca, camarão, queijo, côco ralado, etc…

Cruzamos Recife e rumamos devagar ao sul, aproveitando as praias paradisíacas que o nordeste tem a oferecer, além das pessoas que são amigáveis ao extremo, felizes e descontraídas, aquelas que prosperam muito mais que 100 anos de vida. Foram acampamentos e mais acampamentos em praias como Porto de Galinhas e Tamandaré (Praia dos Carneiros) no estado de Pernambuco; em Alagoas dirigimos pela Rota Ecológica, que é uma estrada pequenina, com vilarejos de pescadores e praias (Porto das Pedras, Tatuamunha, Praia do Toque, Praia do Riacho) que formam o paraíso. Passamos por Maceió, Praia do Gunga, Jequiá da Praia, Lagoa do Pau até que chegamos no importante Rio São Francisco e paramos para uma visita em mais uma encantadora cidade colonial, chamada Penedo.

Quando cruzamos o Rio São Francisco pela BR-101 deixamos o Alagoas e entramos em Sergipe, que apesar da ótima recepção pelos radioamadores do estado, não tivemos quase tempo para explorá-lo. Dirigimos somente pelo interior e apreciamos aquelas lindas fazendas, com suas enormes casas coloniais, além das grandes plantações de cana de açúcar, que é uma das forças da economia do estado.

Bahia e parte do sudeste brasileiro ficará para nosso próximo diário de bordo, até lá!!!

 

Álbum: Brasil_Tocantins_Maranhão_Piauí

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Álbum: Brasil_Pernambuco_Alagoas e Sergipe

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