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Diário de Bordo 8 – Equador, Colômbia 1 e Venezuela 1

Diário de Bordo

(31/03/2007 a 13/04/2007)

Um erro da Imigração do Peru nos fez perder horas estressantes nas fronteiras do Peru com o Equador e do Equador com a Colômbia…

Na América do Sul, existem duas Uniões de países. O Mercosul, composto pelos países Brasil, Uruguai, Argentina, Paraguai e Chile e a Comunidade Andina que compreende Bolívia, Peru, Equador, Colômbia e Venezuela! Bom, nas duas Uniões, as pessoas que a estes países pertencem, não necessitam de passaporte para cruzar entre as fronteiras.

Como já prevíamos que em algum lugar desse mundão teremos que renovar nossos passaportes, devido à quantidade de carimbos que os mesmos receberão, planejamos economizar ao máximo as suas folhas sendo que em muitos países da América do Sul poderíamos transitar somente com a Carteira de Identidade. Isso, claro, sem saber exatamente das regras acima descritas. Então, quando entramos pela primeira vez no Peru, que já pertence à Comunidade Andina, foi com a Identidade, e ninguém da Imigração colocou empecilho nisso. O mesmo aconteceu na Bolívia e depois no Peru novamente.

Mas quando fomos sair pela segunda vez do Peru é que o bicho pegou! Não tínhamos carimbo de entrada deste país em nossos passaportes então não iríamos receber o carimbo de saída. Até aí tudo bem, mas o maior problema é que no Equador não nos deixavam entrar sem esse tal de carimbo! Depois de muitas idas e vindas entre as imigrações desses dois países, conseguimos uma segunda via de um documento, que quando se anda somente com carteira de identidade, você o deixa na saída do país… enfim, para clarear essa confusão, conseguimos entrar no Equador, mas com nossa Carteira de Identidade!

– Se vocês saíram do Peru com Identidade, vão ter que entrar no Equador também com identidade, falou o militar da imigração do Equador.

O problema é que essa babaquice dele fez com que nosso problema se estendesse para a próxima fronteira, entre o Equador e a Colômbia… Lá, depois de muita luta, conseguimos nos legalizar com nosso passaporte sem ter que pagar um centavo de propina! Milagre.

Voltando ao Equador, quando pesquisávamos sobre esse país, gravamos a seguinte frase: “É nos pequenos frascos que se encontram as melhores essências”. O autor retratou na íntegra o que representa o Equador… um pequeno país com inúmeras comunidades, cerca de 25 idiomas e é composto por uma imensa diversidade de fauna e flora sediados em 4 regiões: Serra, Costa, Amazônia e Ilhas Galápagos. Devido ao nosso tempo$, acabamos visitando somente duas destas regiões: Serra e Costa!

A caminho de Salinas, praia do extremo sul, passamos pela maior e mais populosa cidade deste país – Guayaquil! Lá, pudemos perceber o quanto que este governo está investindo no turismo, o que, no passado, sempre fora deixado para segundo plano! O centro histórico todo restaurado e muito bem cuidado e uma orla riquíssima. Em uma praça central vivem hoje mais de mil Iguanas, com as quais nos divertimos um monte e tiramos belas fotos. Elas são muito mansas, já acostumadas com as crianças que ficam puxando os seus rabos…

A Costa é banhada pelas águas quentes do Pacífico atraindo muitos turistas e principalmente surfistas do mundo todo!!! As praias que mais nos chamaram a atenção foram Montañita e Canoa, que são pequenas e com as construções utilizando muita palha e bambu. Ainda no caminho para Canoa, cruzamos de Ferry Boat a baía de Caráquez, onde, em conversa com um nativo, tivemos uma informação muitíssima preciosa: a casa dos pescadores de CAMARÕES… compramos diretamente na fonte sem nenhum atravessador, hehe, baratíssimo, e detalhe, os maiores pesavam mais que 200 gramas cada um! A noite, em Canoa, fizemos parte deles fritos e parte ao bafo de uma caipirinha… o bicho!!! Lembrando, o Equador é o maior exportador de camarão e banana do mundo.

Ainda na Costa, porém ao norte, encontra-se a cidade Esmeralda, famosa por sua colonização de negros vindos da África! A história conta que no ano 1.533, um navio espanhol carregado com mercadorias e escravos afundou na região. Salvaram-se 17 homens e 5 mulheres, que entraram para a selva. Mais tarde, juntaram-se a eles outros escravos vindos da Nicarágua. Isolados do resto do país, estes negros mantiveram seus costumes e sua cultura intacta por muitos anos… A comunidade somente foi descoberta dois séculos mais tarde!

Da praia vizinha a Esmeralda, Atacames, subimos para a serra. Rumamos a Ambato, onde fomos muito bem recebidos pelo São Bentense Christian Schwetler, o qual mora lá há quase dois anos. A cidade está situada ao lado de dois vulcões, o Tungurahua e o Chimborazo (6.310m). Tivemos um pouco de azar com o clima, pois as nuvens estavam encobrindo toda a paisagem, mas mesmo assim pudemos curtir as piscinas de águas termais que o Tungurahua oferece. Este é um vulcão que está em grande atividade desde agosto de 2006, e para quem tem sorte, em uma noite limpa, se pode ver a lava sendo expelida do vulcão, bem como suas nuvens de cinza que chegam à 7 km de altura. De tanta lava que esse vulcão expele, é necessário que as ruas que levam a Baños, cidade onde se situam as águas termais, sejam limpas com tratores. Ainda em Ambato, nos divertimos na casa dos familiares da Stefany, namorada do Christian, onde comemos comida típica equatoriana, bebemos, jogamos e cantamos karaokê! Muito bom.

– Precisamos ir ao norte… temos um tramite importante a fazer, o despacho de nosso carro por navio para a Austrália, e temos datas a cumprir.

Passamos por Quito, famosa por seu centro histórico muito bem conservado (declarado como patrimônio da humanidade) e visitamos a famosa cidade Mitad del Mundo, que apesar de sua fama, não é tão interessante assim. No ano de 1736, a expedição científica de Charles-Marie de la Condamine sinalizou a linha que divide o mundo, constatando também que a terra não é completamente redonda. Foi criado um centro de estudos, o qual mais tarde dividiu área com o que é hoje o complexo turístico.

Alguns quilômetros ao norte, por uma estrada alternativa cheia de pedras, curvas que você quase voltava para o lugar de onde veio e ainda uma paradinha para desatolar um Fiat, chegamos a Otavalo, que cedia a maior feira de artesanato do país. Detalhe que merece destaque, aos sábados, os campesinos, índios e demais comunidades fazem seu comércio através da troca de animais por artesanato, informações, previsões, etc… Chegamos lá no sábado, porém já era noite, e apenas pudemos apreciar, no outro dia, as cores daquela imensa quantidade de artesanatos equatorianos.

– Agora não temos mais tempo. Temos que subir diretamente e no menor tempo possível para Caracas – Venezuela, senão, perderemos nosso vôo para Oceania.

Saímos do Equador e passamos por aquilo que já contamos no começo deste diário! Problemas na Aduana para entrar na Colômbia.

Sempre que conversamos com as pessoas sobre a Colômbia, tivemos a informação de que este é um país cheio de problemas de segurança. A guerra civil que ali acontece amedronta turistas e inclusive os nativos. Confessamos que não vimos nada… mas também sabemos que o perigo não está desenhado em um Outdoor, a vista de nossos olhos… O interessante é que toda a rodovia Panamericana, em seus quase 1.500km de extensão, está repleta de policiais rodoviários e militares colombianos! Aí é que vem a dúvida: estão lá e assim a Colômbia é um país seguro ou estão lá por ser este um país inseguro? Podemos dizer que o que nos ajudou é que fomos pela sombra… mas também, com aqueles sombreiros imensos, dava até vontade de parar o carro, armar uma rede e dumi, dumi!!!

Mesmo rodando mais de 16 horas por dia, levamos mais tempo do que o planejado pois foi lá que passamos pelas serras mais íngremes e com maior quantidades de curvas de toda a nossa viagem até aqui. Em asfalto não conseguíamos manter a média dos 50km/h! Na descida de uma das serras, a qual baixava muito, ainda tivemos um leve problema mecânico em nosso carro… FREIO!!! Hehehe, faltou freio… mas logo voltou! Acreditamos que tenha entrado uma bolha de ar no circuito hidráulico… sei lá.

Bogotá cruzamos ao pôr do sol, mas nem pensamos em visitá-la pois tínhamos mais alguns quilômetros a rodar. A beira da estrada deste país, algumas coisas que nos chamavam a atenção: leitões assados inteiros que davam água na boca e também muitas frutas saborosas…

Cruzamos para a Venezuela por San Antônio de Táchira, agora sem problemas com nossos passaportes e seguimos até Caracas. Uma longa jornada!

Em Caracas, bastaram poucas horas em um hotelzinho para cedinho irmos ao Automovil Club de Venezuela, com quem vínhamos mantendo contato via e-mail e MSN desde o Brasil! Fomos muito bem recebidos e o melhor: tudo certo com nosso Carnet de Passage de Douanes, o qual foi o motivo da viagem até aqui (quase 15.000km). Este órgão Venezuelano deu um baile em todos com os quais tentamos conseguir este documento no Brasil e em todos os sentidos… atendimento, agilidade, etc.

De lá, depois de fazer alguns contatos com agentes aduaneiros, seguimos para Puerto Cabello, onde está situado o maior porto da região. Já tivemos a grata informação de que em menos de duas semanas não conseguiremos despachar nosso carro a Austrália. Existem muitas burocracias que farão parte desses próximos 15 dias, portanto já tivemos a ajuda da Alpina Turismo para a transferência dos nossos vôos.

Estamos ansiosos para conhecer a Oceania e também com muita saudade do Brasil!!!

PS – Detalhe que estávamos esquecendo… Imaginem vocês, o Kleber, com seu potente Galax LTD V8, branco, ano 76 que deve fazer em média seus 4km por litro, poder encher o tanque de seu carrão por apenas 4,60 reais!!! Gente, incrível… aqui na Venezuela o combustível é mais que 50 vezes mais barato que no Brasil. Não dá para acreditar, mas o Lobo da Estrada, com seu tanque de 75 litros, para enchê-lo no Brasil custava pelo mínimo R$ 135,00 e aqui, para a mesma quantidade, gastamos em Bolívares 3.600, que equivalem a R$ 2,39.

Façam vocês mesmos as contas:

Gasolina na Venezuela – 70 Bolívares;

Diesel na Venezuela – 48 Bolívares.

 

Conversão:

1 US Dollar = 3.300 Bolívares

1 US Dollar = 2,2 Reais (imagino que seja esta a conversão atual)

Então 1 Real = 1500 Bolívares = 21,42 litros de gasolina ou 31,25 litros de Diesel.

Kleber, daria para ir no ensaio da orquestra de Galaxão, hein???

 

Álbum: Equador

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