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Diário de Bordo 45 – Tanzânia

Diário de Bordo

(28/09/2008 a 10/10/2008)

O Tanganhica (parte continental da atual Tanzânia), que fora colônia alemã desde 1880, foi entregue ao Reino Unido em 1919, por consequência da derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial…

… da mesma forma Zanzibar (ilhas ao largo da costa da Tanzânia), que na época era um sultanato independente, tornou-se um protectorado britânico. Em 1964, ambos, Tanganhica e Zanzibar, após independentes, uniram-se para formar a República Unida de Tanganhica e Zanzibar, renomeada de República Unida da Tanzânia.

Apesar da Tanzânia ser um dos países mais pobres do mundo, com um IDH considerado baixo, ela possui pontos turísticos riquíssimos, atraindo gente do mundo todo. Mas esta demanda para o turismo a deixa um pouco cara para se explorar, ao menos em nosso caso, que estamos em uma viagem tão longa. Amigos nossos que estiveram aqui antes de nós, descreveram-se sendo, para os olhos dos nativos, dólares ambulantes.

Mas os preços altos não são pra menos, pois este país, em seus quase um milhão de quilômetros quadrados, hospeda o maior pico da África, o monte Kilimanjaro (5.895m); parques nacionais como a Cratera Ngorogoro e Serengueti, que pela natureza e quantidade de animais, são uns dos melhores do continente; a Cidade de Pedra, na Ilha de Zanzibar; dentre outros, que junto a esses, são considerados patrimônios da humanidade (UNESCO).

Quando nós chegamos na borda da Tanzânia (vindo do Quênia), já tendo uma noção da facada que iríamos levar se quiséssemos viajar por todo o país, acabamos comprando um visto de trânsito, o que nos daria somente 14 dias para desfrutar das praias, do povo e da natureza que ficaria em nosso caminho. Logo em Tanga compramos um peixão e lá fomos nós, passar uma, que virou duas, três, quatro noites num camping frente a praia Peponi. Cada dia que planejávamos partir, olhávamos um pro outro e decidíamos ir somente no outro dia… Mas também, com aquele mar, sol, barcos, tranquilidade e o melhor chuveiro que tivemos em toda a viagem, não poderia ser diferente.

Numa quinta-feira resolvemos deixar o camping pois queríamos viajar até Dar es Salaam, para ainda na sexta-feira, emitir nosso visto para o Malawi. No caminho, um fato diferente e interessante: passamos por um ciclista que levava uma desbotada bandeira do Brasil, na traseira de sua bicicleta. Paramos o carro e demos de encontro com um conterrâneo catarinense, o Narbal, natural de Bombinhas, que esta pedalando pela África, depois de ter feito alguns mil quilômetros na Europa. Para quem tiver interesse em visitar seu website, aí vai:  www.eurovias.com.br

Dar es Salaam, maior cidade do país, já foi também a capital, mas apesar de ainda possuir a maior parte da estrutura governamental, perdeu seu posto de capital para a cidade Dodoma. Mas como é lá que ainda estão as embaixadas, foi pra lá que nos dirigimos, pois a missão da emissão dos vistos nos aguardava.

Essa questão de vistos, as vezes, é meio complicada. Tem países que não precisamos de vistos, outros precisamos, uns é possível de se conseguir na própria borda, assim como vários, necessitamos solicitar nas embaixadas e esperar dias até que fique pronto. Alguns países cobram uma taxa razoável, 20, 30 ou ate 50 dólares por pessoa, ao ponto que outros, cobram 100 dólares ou mais. E no caso do Malawi, juntamos as duas piores situações: demorado e caro, pois além de termos que esperar até a próxima terça-feira, tivemos que deixar 100 dólares cada um.

E fazer o que em todos esses dias??? Como estávamos frente ao mar, por duas noites, ficamos em um belo camping… mas para compensar o conforto, nas outras três noites, ficamos em dois postos de combustível diferentes no meio da cidade e outra passamos no pátio de uma igreja. O mais difícil foi explicar para o padre nossa boa intenção, de apenas passar a noite em um lugar seguro.

Como já comentamos neste texto, uma das grandes atracões turísticas da Tanzânia é Zanzibar. E é de Dar es Salaam que ferries partem para lá, que são um conjunto de duas ilhas, Unguja (em swahili) ou Zanzibar e Pemba. Apesar de não termos visitado as ilhas, destacamos uma curiosidade que descobrimos, quando pesquisávamos para este diário. Foi lá que nasceu o grande compositor e cantor Freddie Mercury (banda britânica Queen), considerado pelos críticos e por diversas votações populares, como um dos melhores cantores de sempre e com uma das vozes mais conhecidas do mundo.

Assim que nosso visto ficou pronto, pegamos estrada novamente na boa companhia das Baobabs. E essa foi uma mudança interessante que aconteceu quando deixamos o Quênia e entramos na Tanzânia. A vegetação ficou mais densa e veio repleta das lindas Baobabs, árvore que possui galhos no formato de raízes, recebendo outros nomes como: árvore de ponta cabeça, árvore pão de macaco, árvore garrafa, Boab e Boaboa. São oito as espécies da Baobab e quase todas em Madagascar, sobrando apenas uma espécie que habita o continente Africano e outra que já vimos na Austrália. Pode atingir 30 metros de altura e seus troncos, característicos por armazenarem grande quantidade de água (120.000litros), chegam a 11 metros de diâmetro. Na Africa do Sul, na província de Limpopo, existe um exemplar com 50 metros de altura e 15 metros de diâmetro. Vamos tentar fotografá-la, quando passarmos por lá, se é que caberá em nossa máquina fotográfica…

Logo mais ao sul, quando a principal rodovia cruzava a reserva nacional Mikumi, passamos a avistar novamente animais. O primeiro encontro foi com os elefantes, que vagavam a menos de 10 metros da estrada. Já em seguida os impalas, que estavam por todos os lados; as majestosas girafas que quando correm, parecem que estão em câmera lenta; os búfalos; as zebras; baboons amarelos; etc… É uma sensação muito boa, viajando e contemplando esse espectáculo da natureza.

Mais alguns quilómetros e já estávamos as margens do terceiro maior lago da África, Lago Malawi, juntamente com a borda para este país, que é considerado um dos mais pobres, porém, mais calorosos da África, devido a seu simples e acolhedor povo. Detalhes desta passagem ficarão para nosso próximo diário, até lá…

 

Animais interessantes que vimos na Tanzânia:

Baboon: Existem na Tanzânia duas subespécies de Baboon: o Oliva e o Amarelo, diferenciados pela cor de sua pelagem. Possuem um complexo meio social e são abundantes em todo país, nas savanas abertas. Comem desde grama, frutas, invertebrados até pequenos vertebrados. Podem atingir 45kg, sendo o macho até duas vezes mais pesado que a fêmea.

 

Búfalo africano: os dois sexos possuem chifres que se encontram na altura de sua testa, formando um massivo capacete, sendo o do macho maior do que o da fêmea. Grupos de até 1.000 indivíduos ocupam vastos territórios com abundância de água e pasto. Mesmo que aparentemente dóceis, podem ser bastante perigosos, principalmente os machos sozinhos e as fêmeas com filhotes. De 400 a 900kg, são uma das presas preferidas dos leões, que porém, para abatê-los, os mesmos têm que atacar em grupo.

 

Girafa: Embora seus longos pescoços, as girafas possuem apenas 7 vértebras cervicais como em todos os mamíferos, incluindo os humanos. Existem muitas espécies, mas a mais comum é a girafa Masai. Os “chifres” dos machos são carecas, enquanto que o das fêmeas possuem cabelos. Podem viver em até 50 indivíduos juntos onde as fêmeas geralmente estão em grupos e os machos são mais solitários. Se alimentam de folhagem altas, que outros herbívoros não conseguem acessar. São vulneráveis ao leões quando bebem água ou ainda aos leopardos, que eventualmente estiverem na árvore em que a girafa estiver se alimentando. Atingem até 1.400kg e 5,5 metros de altura.

 

Impala: Os impalas são famosos por sua velocidade e habilidade de saltar. Podem cobrir em um pulo até 10 metros de distância e alcançar 3 metros de altura. Devido a sua abundância, muitas vezes são desprezados de atenção, mas os impalas são antílopes únicos e sem nenhum parente próximo. Os machos possuem um longo chifre que pode atingir até 75cm. São presas comuns dos leões, leopardos, chitas, cachorros selvagens e hienas.

Álbum: Tanzânia

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