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O homem é capaz, sim, de causar grandes ferimentos no Planeta Terra

Ambiental

Em nossa passagem pela Ásia Central, mais precisamente no país Uzbequistão, fizemos questão de visitar um lago de água salgada, que se não fosse dessa vez, talvez nem tivéssemos mais essa chance no futuro.

Nos referimos ao Mar de Aral (Mar das Ilhas em português), que já foi o quarto maior lago do mundo cobrindo parte dos países Uzbequistão ao sul e Cazaquistão ao norte. Pode parecer estranho um lago ter “mar” em seu nome, mas é por que possui afluentes e não efluentes, então seu nível é controlado apenas pela evaporação, o que o torna salgado, pois os minerais e sais trazidos pelos rios e chuva não evaporam.

Mas infelizmente desde 1960 o Mar de Aral vem desaparecendo e desertificando a região em proporções catastróficas – o mar reduziu 60% do tamanho e 80% do volume do que já foi um dia.

Os motivos foram os desvios de água feitos nos rios afluentes Amu Darya e Syr Darya desde 1918, quando a União Soviética deu início a projetos de irrigação para a agricultura no Uzbequistão, principalmente no cultivo do algodão, o “ouro branco” da época. O que representou uma solução para uns, foi um desastre ecológico e econômico para outros, pois devido as águas chegarem ao mar cada vez em menor proporção, seu nível baixou e causou problemas climáticos com verões cada vez mais quentes e secos e invernos mais longos e frios. A outrora atividade pesqueira teve seu fim e a prova disso são as dezenas de barcos que ficaram encalhados no meio do atual deserto e a população sofre ainda hoje com o desemprego, a estagnação econômica, escassez de água doce, poluição, etc.

Nós fomos a Moinaq, que já foi uma das principais cidades portuárias do Mar de Aral. Os habitantes que não partiram para outras localidades para buscar emprego, cuidam de seus rebanhos em um deserto seco, salgado, poluído e cheio de destroços de barcos que um dia, ali, já estavam ancorados. Para vermos os primeiros vestígios de água, tivemos que dirigir mais de 100km ao norte deste porto. Inimaginável.

O futuro do Mar de Aral é incerto. Ele, na verdade, se dividiu em duas partes. Na parte norte, Cazaquistão, estão sendo construídas barragens para preservar o fluxo de água doce, manter ou aumentar os níveis d’água e baixar a salinidade e os objetivos estão sendo alcançados. Mas na parte sul, por razões econômicas, o mar foi abandonado e lançado a sua sorte e pode desaparecer em um curto espaço de tempo.

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