(19/09/2007 a 12/10/2007)
Planejamento é tudo. Mas ter flexibilidade para mudar o que planejou ainda é mais importante.
Em nosso Diário de Bordo 17, comentamos brevemente sobre uma mudança de planos que fizemos em nosso itinerário de viagem, e como já temos nosso mapa atualizado em nosso SITE <menu<itinerário>>, gostaríamos de compartilhar com vocês um pouco do que aconteceu em nosso primeiro plano, assim como o que nos fez alterar tão drasticamente os caminhos por onde passaremos.
8 meses antes de nossa partida é que realmente começamos a olhar para o Mapa Mundi com outros olhos. Buscávamos, já tendo informações e dicas de amigos que já tiveram experiências semelhantes, o melhor e mais seguro trajeto a percorrer por esse mundão afora, tendo como objetivo os 5 continentes: América, Oceania, Ásia, África e Europa.
Mas a quantidade de informações que necessitamos para um maior acerto no planejamento é muito grande, o que é quase impossível se conseguir só no Brasil. Então, um esboço de uma trajetória foi feito, rodando o mundo sentido anti-horário dando prioridade de tempo e dinheiro para os países que estão mais longe de casa, os quais temos mais difícil acesso.
Já na partida, a primeira grande mudança de planos: ao invés de despacharmos nosso carro da Argentina para a Austrália, tivemos que embarcá-lo na Venezuela, por via de um documento chamado Carnet de Passage de Douanes, que apenas conseguimos no Automóvel Clube Venezuelano. Isso atrasou nossa viagem em exatos 2 meses.
A Oceania, que para nós envolveu Nova Zelândia e Austrália, transcorreu normalmente, embora atrasássemos a viagem em mais um mês, devido ao grande tempo de espera por nosso carro que chegava da América do Sul. Então, até agora, temos uma defasagem de 3 meses e isso representa nada menos que uma estação do ano.
Passamos a rever nossos planos com o que é mais importante: estarmos nos países em suas melhores estações climáticas ideais sempre antevendo qual será o próximo destino. Nossa vantagem agora, é que contamos com muito mais informações do que tínhamos antes de sair de casa, pois o encontro com diversas pessoas que já fizeram ou estão fazendo algo semelhante a nós, nos enriqueceu bastante.
12/10/07 partiremos da Austrália sentido Indonésia, onde por 11 dias, tempo que nosso carro levará para viajar até a Malásia de navio, iremos conhecer algumas de suas ilhas tendo como base a ilha de Bali.
23/10/07 voamos para Singapura, e após uma breve visita neste país, nos deslocamos por terra para Port Kelang, Malásia, onde nos encontramos com o Lobo da Estrada e iniciamos os quase 3 meses de viagem pelos países: Malásia, Tailândia, Camboja, Vietnã e Laos.
Despachamos nosso carro novamente da Malásia para a Índia, e nesse tempo voaremos por alguns dias para Hong Kong na China e Tóquio no Japão para então encontrarmos nosso carro novamente na Índia no início de fevereiro para viajar por quase 2 meses neste e em seu pais vizinho Nepal.
Neste momento é que vem a grande mudança de planos. Previamente da Índia, iríamos para a África, iniciando pelo Quênia para rodarmos em 6 meses este continente, mas as ótimas informações que conseguimos aqui na Austrália nos indicaram a possibilidade de cruzarmos da Índia para a Europa via Paquistão, Iran e Turquia, por lugares incríveis e totalmente seguros. As maiores dificuldades que podemos ter serão com os vistos e Carnet de Passage de Douanes, pois em especial o Paquistão, exige algumas questões diferenciadas para se entrar com carro no país.
Passaremos o verão de hemisfério norte na Europa tendo como foco os países orientais e em seguida o verão do hemisfério sul no continente africano (apesar do inverno ser a melhor época para conhecer este continente). O planejamento para a África também sofreu grandes alterações de percurso (já está no mapa), mas não o sacramentamos, pois ainda queremos colher mais informações e isto está a um ano de nós… Mais um verão de hemisfério norte na América do Norte e aí já estamos praticamente em casa, hehe.
Bom, deixando de viajar nos mapas, voltamos à realidade que aconteceu conosco nos últimos dias aqui na Austrália. Em Perth, capital do estado Western Australia, resolvemos o despacho de nosso carro, encaminhamos nosso passaporte para a emissão do visto da Índia, alguns reparos básicos no carro e equipamentos e partimos para os arredores que estão cheios de riquezas naturais.
Ao Norte visitamos algumas encantadoras praias como Cervantes, Two Rocks e Yanchep e, a apenas algumas centenas de metros do oceano, nos divertimos nos Pinnacles, que são milhares de pilares feitos de calcário que brotam da terra em até 4 metros de altura. Por increça que parivel, a procedência deste calcário é das conchas do mar, que foram quebradas em uma areia rica em calcário a qual foi carregada pelo vento para a formação de dunas… e com a ajuda da chuva, da acidez do solo e da vegetação, ocorreu um processo de sedimentação destas protuberâncias, as quais sobreviveram ao arrastão do vento sobre aquelas primeiras dunas relatadas… formando assim essas torres de diversas formas e tamanhos. Ainda nesta região ao norte de Perth, reencontramos os Coalas no Yanchep National Park, que nos renderam mais algumas fotos desses interessantes precursores do urso de pelúcia.
Ao sul de Perth, dirigimos costeando o Oceano Índico até o Cabo Leeuwin, que é o ponto onde o Oceano Índico se encontra com o Oceano do Sul. Toda essa região é encantadora com um mar azul anil quando fundo arenoso e um mar azul marinho quando em fundo de recifes, dando um contraste fora de série. Além de toda essa beleza, a presença dos golfinhos, a visita das baleias e as ondas privilegiadas para o surfe, atraem gente do mundo todo.
Rumamos mais ao sul, costeando agora o Oceano do Sul, que no mundo da vela é indicado aos experientes, e adentramos em terra de gente grande. Florestas e mais florestas com árvores de perder suas copas de vista. A Karri, que está entre as três espécies de árvores mais altas do mundo, pode chegar a quase 90 metros de altitude, pesar cerca de 150 toneladas e, para sustentar tudo isso, criar raízes que se prolongam entre 20 e 30 metros com uma rede de filamentos de raiz ultrapassando centena de quilômetros. Fascinante caminhar por meio delas… imaginem então escalá-las e apreciar a floresta a 75 metros do chão! Show de bola. Subimos em duas dessas árvores, em mirantes que, antigamente, eram utilizados para vigiar possíveis focos de incêndio nas florestas. A subida foi em uma espécie de escada de barras de ferro encravadas na própria árvore e na copa, quatro andares de vigia, he,he… parece até as casas nas árvores que fazíamos em épocas de piá.
Além das Karri, lá existem as Marri, Tingle e Jarrah, cada uma exuberante de seu jeito. As Tingle, por exemplo, se deixam ser escavadas por fungos e insetos no interior de sua base, formando verdadeiras cabanas em seus troncos. Em algumas delas, já se entrou com um carro em seu interior… para se ter idéia de seu diâmetro.
Fora isso, a coisa vai indo de vento em popa. Já está na hora de escrevermos um pouco sobre outro continente. Especialmente quando esse continente é tão cheio de cor, vida, cultura e que para nós é tão diferente e inusitado. Próximo diário, se Deus quiser, estaremos fazendo o fechamento da Oceania e indicando os primeiros passos pela fascinante Ásia.
Álbum: Austrália 7
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