ícone lista de índices Índice

Diário de Bordo 25 – Tailândia 2

Diário de Bordo

(18/11/2007 a 03/12/2007)

Antes de entrar no Laos, já sabíamos que neste país, assim como no Vietnã e Camboja, passaríamos a dirigir no lado direito da estrada (igual ao Brasil)… mas uma dúvida ainda pairava em nossas cabeças…

Como funcionaria esta inversão de lados, na fronteira entre Tailândia e Laos?

Esta charada foi resolvida de uma forma muito simples e bem divertida. Veja o esquema abaixo:

 

Mas voltando para a Tailândia, que é o assunto deste diário, gostaríamos de relembrar daquela experiência culinária que comentamos no último diário, marcante e incomível para muitos!!! Foram devorados besouros, grilos, gafanhotos, cigarras, gorós e lagartas, todos fritos e bem crocantes. Poderiam até se chamar ELMA INSÉTS, ao invés de ELMA CHIPS, “impossível de comer um só”. Vocês podem não acreditar mas é muito bom mesmo, e repetimos a dose por mais dias na capital Tailandesa.

Bangkok é mesmo linda e, assim como cita nosso livro guia Lonely Planet, esta cidade é uma constante permuta entre o futuro, o presente e o passado. Moderna, limpa, colorida e enfeitada em cada esquina com um Templo Budista de séculos atrás, ostentado por muito ouro e outras preciosidades.

Foram seis dias que perambulamos na cidade (tempo em que aguardávamos pelo visto do Vietnã) e, em uma das noites, nos sentimos tailandeses quando nos infiltramos em um festival grandioso, promovido por um dos Templos Budistas. Gente, gente e mais gente, com seus olhinhos puxados e de todas as cores pretas de cabelo, comendo das mais exóticas comidas e se divertindo nas diversas atrações da festa.

Os dias se passaram e lá fomos nós, seguindo nosso rumo.

E como é bom chegar no lugar certo, no dia certo!!! Visitamos as ruínas da antiga Sukhothai, declaradas pela UNESCO como patrimônio mundial, bem no dia em que estava acontecendo as festividades de Loi Krathong. As ruínas, que são vestígios do primeiro império tailandês, já são um espetáculo a parte, mas ver tudo aquilo colorido pelos típicos desfiles, teatros, foguetórios, balões, contemplados por milhões de tailandeses, não tem preço! Na verdade, esta festividade acontece anualmente, sempre em lua cheia e no 12º mês do calendário lunar tailandês. Em oferenda a Buda, contestando vida nova, são colocadas elaboradas oferendas com velas e incensos, nos rios e lagos de todo o país. Passamos o dia todo lá, e a noite, como estávamos super cansados, resolvemos dormir exatamente no lugar em que havíamos estacionado nosso carro para o festival. Cedinho do outro dia, quando encostamos nosso narigão na janela pra ver o que se passava lá fora, percebemos que não éramos mais os únicos no local, pois estávamos rodeados de crianças que vinham para as aulas, pois ali era uma escola, hehehe… ligamos o carro e saímos de fininho.

Dali fomos para o norte, região montanhosa e de muitíssimas curvas. Pra se ter uma idéia, em Mae Hong Son é possível até solicitar um certificado quando se percorre as 1864 curvas que ligam esta cidade a Chiang Mai! Rodamos todo esse trajeto, mas logo no começo, ainda em Mae Hong Son, visitamos um povo que há 10 anos atrás se refugiou das brutalidades do regime militar de Mianmar e se instalou na Tailândia. São chamados de Karen de “pescoço comprido” devido as mulheres usarem argolas em seus pescoços de forma que os prolonguem, mas que na realidade, com o uso destas argolas, são seus ombros que sofrem deformação, dando assim a impressão de serem pescoçudas. Foi uma experiência mais do que interessante, a de passar algumas horas perambulando pela aldeia, tendo as mulheres girafas ao nosso redor.

Comunidades chinesas também podem ser encontradas nas proximidades, e lá, quando os visitamos, pudemos apreciar um pouco de cada sabor e qualidade de suas produções de chá. Para eles, este trabalho se tornou mais do que uma simples produção de chá, pois além da alta especialização no assunto, os mesmos oferecem conjuntos de louças trabalhadas em estilo chinês. Logo após um típico almoço na vila, nos dirigimos sentido Pai, e no caminho visitamos duas cavernas: uma delas, chamada de Fish Cave, abriga uma quantidade exorbitante de peixes, os quais se espremem dentro de um pequeno cubículo… fenômeno que ainda não se descobriu o porquê; e outra, onde ao se pôr o sol, milhares de andorinhas vêm das florestas, local onde passam o dia, para achar seu abrigo na caverna. E para aumentar o espetáculo, quando as andorinhas entram a trocents km/h de velocidade, outros milhares de morcegos saem da mesma caverna para assumir suas vidas noturnas. Estes dois seres dividem os mesmos espaços, só que um de dia e outro a noite.

A cidade de Pai já estava sublinhada em nosso mapa desde o dia em que o compramos. Uma visita a Tailândia sem fazer um passeio de elefante é como se não tivesse viajado por lá. Decidimos então fazer o passeio mais longo, de duas horas, que passa tanto pelas florestas como pelo rio. Que belo 4×4 esses elefantes…, não tinha ladeira que os “bichão” não passassem. E isso ficou ainda mais provado quando fomos para o rio… e lá, meu amigo, foi show de bola!!! O nome dela, elefante fêmea, era Boonma… 4 toneladas nas costas e 47 anos de idade. Subíamos no lombo dela e ela nos jogavam na água, parecendo brincadeira de criança. Mas isso aconteceu somente até pegarmos o jeitinho da gineteada, pois dali para frente, hehe, nem reza braba nos tirava de seu lombo. Nem mesmo quando o passeio tinha terminado, hua, hua!!!

No Sudeste Asiático, igualmente como na África, sempre existiram muitos elefantes, e inclusive selvagens. Mas com o passar do tempo, como não é fácil para eles se esconderem na floresta, todos foram domesticados para trabalhos pesados, principalmente o de puxar toras para as serrarias. Com as rigorosas leis de preservação das matas, tiveram que mudar de emprego, trabalhando agora para o turismo.

Um elefante adulto chega a pesar 4 toneladas, mas também não é para menos, pois come, entre bananeiras, bambus, frutas e outros, entre 250 a 300 quilos por dia. E após passarem o dia inteiro trabalhando, vão a noite para as florestas para se alimentar e aproveitam para dar uma dormidinha de umas 2 horas, que já é suficiente para repor suas energias. Nesta região, conhecemos uma figura, amante também de Land Rovers, que possui nada menos que 40 elefantes… e já era umas 11 horas da noite, nós no meio da cidade conversando, quando veio um tailandês com umas sacolinhas cheias de comida para elefante e um elefantinho vindo já atrás. Ou seja, você compra aquelas sacolinhas e pode tratar o pequeno grande filhote de elefante. Essa figura que conhecemos comprou um pacote daqueles, deu um pouquinho para o elefante e o resto, pediu pra Michelle o fazer, pois falou que já tem 40 elefantes pra tratar todo o dia…, putz, que chato né!!!

Mas voltando ao final do passeio, sorte da dona da nossa amiga elefante ter umas banheiras de águas termais em sua casa, pois se ela não tivesse algo tão legal para oferecer em troca, seria difícil nos tirar de cima da Boonma.

Completamos então aquelas 1864 curvas para fazer jus ao nosso certificado e chegamos em Chiang Mai, parada obrigatória para quem vem a Tailândia. Cidade histórica de pequeno porte, possui quase a mesma quantidade de templos budistas que a capital tailandesa. E detalhe, um mais bonito que o outro. Mas o que nos fez tirar o chapéu foi o templo chamado Doi Suthep, 15km da cidade, situado em um morro a mais de 1000m de altitude, e de onde pode se avistar Chiang Mai inteirinha.

Nesta mesma cidade, aproveitamos para jantar com um motoqueiro viajante do mundo, com o qual vínhamos mantendo contato por e-mail há bastante tempo. Ron Grant, canadense que após ter vivido parte de sua vida na Austrália, casou em Mianmar e veio parar aqui na Tailândia, para trabalhar! Figuraço…, demos muitas risadas com ele e sua esposa, quando ele nos contava um pouco de suas experiências como viajante.

Em Chiang Mai, tiramos um dia para fazer um curso de culinária. Foi muito legal!!! As aulas começaram em um mercado municipal onde aprendemos tudo sobre os temperos e pimentas e em seguida, fomos para uma cozinha comunitária onde fazíamos os deliciosos pratos tailandeses. Nós aprendemos 7 receitas cada um, dentre elas sopa, molhos, curry, macarrão, saladas, sobremesas, etc… e, sempre após o preparo, tínhamos que experimentar aquilo que havíamos cozinhado. Saímos de lá parecendo que tínhamos comido, em quilos, próximo ao que os elefantes tem de dieta diária! Mas estava muito bom e foi a melhor refeição que tivemos aqui na Tailândia. Logo, logo, colocaremos em nosso site algumas receitas para que todos possam sentir a boca em chamas, devido a quantidade de pimenta usada por aqui.

E depois de todo esse stress dos nossos últimos dias de nossa viagem, nada melhor que relaxar com uma legítima massagem tailandesa ou como se chama comumente, a Thai massagem, que tem um enfoque mais energético do que físico. Praticada na Tailândia há mais de 2500 anos, era exercida apenas em templos budistas (onde as mulheres eram proibidas de entrar) por monges especializados neste tipo de manipulação. Mas hoje esta terapia é praticada em toda a Tailândia, sendo em escolas especializadas, hospitais tradicionais, além de estar amplamente difundida também no ocidente.

Receber uma massagem tailandesa é como fazer yoga sem esforço. Assim, a pessoa é encorajada a ultrapassar seus limites atuais, deixando de lado tanto suas restrições físicas quanto emocionais. A idéia é criar um espaço na estrutura muscular e no esqueleto, dando ao corpo, desta forma, mais flexibilidade. Os massagistas fazem uma manipulação interativa no corpo, usando alongamentos e leves pressões ao longo das linhas de energia. Esses movimentos trazem como benefícios os alívios musculares, os estímulos dos orgãos internos, o equilíbrio dos sistemas energético e nervoso, o relaxamento e o rejuvenecimento do corpo e da mente. Essas massagens aqui na Tailândia são muito baratas, podendo variar entre 6 e 15 reais a hora. Vale mesmo a pena…

Bom, de Chiang Mai, para darmos uma adiantada em nossa viagem, dirigimos praticamente sem paradas até uma cidadezinha que faz fronteira com o Laos. Lá, dormimos em um posto de combustível e no outro dia cedinho, encaramos as burocracias da imigração e da aduana para sair de um país e entrar em outro. Felizmente, após umas duas horas de correria, entramos no Laos sem problemas e seguimos até sua capital, Vientiane.

 

PS – Uma curiosidade sobre a Tailândia. É evidente a paixão que os tailandeses tem por seu rei, Bhumibol Adulyadej, também conhecido como Rama IX. Este é o monarca, atualmente em funções, há mais tempo no trono, governando o país desde 1946. Sua imagem está em todos os lugares, sendo da mais pequena cidade até a capital. Única pessoa capaz de competir com Rama IX é o Hugo Chávez, da Venezuela, cuja foto também se espalha por cada canto de seu país.

Álbum: Tailândia 2

[flickr]set:72157627182169054[/flickr]

Compartilhe

Veja Também

Diário de Bordo

Diário de Bordo 1 – Planejamento 1

21 | dez | 2006
Diário de Bordo

Diário de Bordo 2 – Planejamento 2

21 | fev | 2007
Diário de Bordo

Diário de Bordo 3 – Festa de Despedida

28 | fev | 2007