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3 dias de caminhada nas montanhas do Quirguistão

Histórias e momentos

Pra quem gosta de montanhas, o Quirguistão é o lugar certo.

Nós gostamos muito e por isso planejávamos desde muito tempo atrás fazer uma caminhada de alguns dias pelos vales e montanhas deste país!

Pegamos então algumas informações na cidade Karakol, achamos um lugar seguro para estacionar o Lobo, ajeitamos as mochilas e partimos pelo vale Karakol com o intuito de conhecermos o lago Ala-Köl, um lugar que nos fascinou pelas fotos que havíamos visto.

A jornada começou tranquila, assim como a moça que nos passou as informações falou. 7 horas no primeiro dia, 8 no segundo e apenas 3 horinhas no terceiro, onde tomaríamos um ônibus de volta para a cidade. Poderíamos até ir sem levar barraca, segundo ela, já que para a primeira pernoite haveria um rancho e para a segunda já estaríamos em uma vila com pousadas. Fácil assim!

Porque não seguimos o seu conselho, não sabemos, mas tomamos a decisão correta. Levamos nossa barraca, fogareiro e comida para todo o percurso.

O primeiro dia até fechou em número de horas. 7h caminhadas em 14km, mas nos 2,5km finais o terreno mudou completamente. A paisagem passou a ficar mais bonita a cada passo, mas a ascensão cada vez mais difícil. Subimos em uma trilha tão íngreme que parecia não ter mais fim. É preciso entender que a quilometragem é estimada por GPS e ele considera uma superfície plana, não os desníveis, para calcular a distância. Mas beleza, chegamos em tempo de armar a barraca para nos protegermos da chuva. Jantamos macarrão instantâneo com atum que estava uma delícia. A ascensão desse dia foi dos 2.050 metros ao nível do mar até os 2.966m.

Segundo dia começamos mais cedo. Era o dia do passe e precisaríamos 8 horas para chegarmos naquela vila que a moça falou, numa distância de 15km. Mas as suas contas não fecharam muito bem dessa vez. Começamos as 9h30 e subimos, subimos, subimos, subimos até as 15h00 da tarde, com paradas curtas somente para comer, descansar e apreciar a natureza. Nessas mais de 5h havíamos avançado apenas 4,5km em distância. Nossa média foi menos de 1km/h. O que seria de nós se não tivéssemos trazido a barraca? O ponto mais alto alcançado foi na crista de uma montanha, a 3.939 metros de altitude, que oferecia uma vista pra nenhum ser vivo botar defeito. De um lado o Lago Ala-Köl, que é alimentado por um glaciar fazendo-o esverdeado, que contrasta com as montanhas rochosas que o rodeiam. Por detrás delas víamos picos nevados de cinco a seis mil metros de altitude. Noutro lado estava o vale por onde desceríamos. Imenso, cercado por outras montanhas e manchado por alguns acúmulos de neve remanescentes do último inverno. Descemos esse lado praticamente escorregando pela trilha, pois também era íngreme e após as 8 horas caminhadas, que era o tempo que deveríamos estar chegando na vila, ainda estávamos longe de lá, quase 8km. Acampamos ao lado de um rio e a noite, pelo frio dos três mil e tantos metros de altitude, a chuva que molhou a cobertura da barraca amanheceu congelada. Para a janta tivemos miojo novamente, mas já não havia mais atum, pois o plano para esta refeição era comer na pousada da vila.

Para o terceiro dia, considerando os quase 8km que nos faltavam para a vila mais os 15km até o ponto de ônibus, teríamos 23km, em um desnível de mais de 1.500m. E esse que era para ser o dia fácil, com apenas 3 horas de caminhada! Além das 9h que levamos para chegarmos no tal ponto de ônibus, aconteceram umas trapalhadas que explicaremos nas legendas das fotos, que, diga-se de passagem, não demonstram a verdadeira inclinação desta caminhada.

Foi fantástico! Faríamos tudo de novo, mesmo sabendo o quanto doeriam nossas pernas nos próximos dias!!!

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