(06/08/2017 a 06/09/2017)
Ao cruzarmos a fronteira da Rússia com a Noruega, nós atingimos uma bela marca: 100 países visitados em nossas duas voltas ao mundo de carro. E não podíamos estar em melhor lugar para celebrar esse marco. A Noruega é, sem dúvida, um dos países mais bonitos do mundo. Paisagens deslumbrantes, onde montanhas, lagos, rios e cachoeiras de centenas de metros de altura, chegam a dividir um mesmo cenário com o mar e os fiordes.
Foi assim em toda a extensão do território norueguês, de norte a sul. Em linha reta, o país tem aproximadamente 1.700km de comprimento, mas nós chegamos a rodar 4.468km nos 30 dias que estivemos no país, pois os fiordes adentram o continente, fazendo-nos ter que contorná-los, as vezes, por centenas de quilômetros. Nessas e outras condições geográficas as estradas, pequenas e estreitas, acumulavam curvas e muito sobe e desce. Mas a baixa velocidade imposta foi perfeita para apreciarmos com mais atenção as belezas que passavam diante de nossos olhos.
Percebemos que os noruegueses preferem construir túneis, do que pontes. Eles são os líderes mundiais em tunelamento, com a impressionante marca de 900 túneis, incluindo o túnel rodoviário mais longo do mundo em Laerdal, que possui 24,5km de extensão. Vale a pena compararmos: o túnel rodoviário que passa por debaixo do Montblanc, divisa entre a França e a Itália, possui 11,6km; já o Eurotunel, que liga a França à Inglaterra, passando por debaixo do Canal da Mancha, possui 50,5km, mas ele é ferroviário. Nós dirigimos por debaixo de montanhas, fiordes e do próprio Oceano Atlântico. Os noruegueses são tão desenvolvidos nisso, que alguns túneis tinham até rotatórias embaixo da terra, para ramifica-los.
De Kirkenes fomos para a terceira e última LATITUDE 70. Na Península de Nordkinn, rumamos ao norte, margeando o Porsangerfjorden, até a estrada acabar no Nordkapp – 70°10’21” N. Este é considerado o ponto continental europeu mais ao norte possível de se atingir por estradas. Dirigir mais ao norte que ali, somente em ilhas longínquas no Ártico. Chegando lá, deixamos nosso carro próximo ao Norkapp e caminhamos ainda mais ao norte, numa península vizinha, e ali sim, Knivskjelodden – 71°10’21” N, estávamos no ponto mais boreal da Europa. Saibam mais sobre essa passagem memorável, acessando o POST completo sobre a Terceira Latitude 70 (CLIQUE AQUI).
O Nordkapp foi diferente das outras duas Latitudes 70 atingidas anteriormente. Nele dividimos a experiência de estar tão ao Norte com milhares de outras pessoas, que provavelmente estavam pela mesma razão que a nossa. Mas tivemos motivos extras para comemorar: vimos pela primeira vez o Oceano Ártico; a Michelle fez aniversário; e nós completamos três anos na estrada.
O Norte da Noruega é menos desenvolvido e por isso havia apenas uma rodovia que acompanhava o Atlântico, cheia de recortes. Uma vez ou outra surgiam vilas, com casas de madeira e arquitetura simples. A cor predominante era o bordô. Como o país mais rico do mundo na atualidade já passou por uma grande crise no passado, o bordô tem uma explicação: era a cor mais barata disponível, portanto a mais usada nas vilas de pescadores e na zona rural. Quem tinha um pouco mais para despender pintava sua casa de amarelo e os mais ricos pintavam de branco. Essas cores, principalmente o bordô, passaram a ser a marca registrada da Noruega.
O clima, apesar de ser verão, não estava bom: chuvoso e frio, com temperaturas muito baixas. Já estávamos ficando entediados. Queríamos desbravar aquela natureza linda, porem éramos desencorajados pelo tempo ruim. Mas percebemos que não adiantava esperar o sol. Agasalhamo-nos para o frio, com roupas impermeáveis e fomos para fora do conforto do nosso carro. Ao todo fizemos doze caminhadas – uma média de uma a cada dois dias. E oportunidades não faltaram, já que a Noruega tem uma ótima infraestrutura, com mais de 20.000km de trilhas demarcadas. CLIQUE AQUI e acesse um post onde listamos as caminhadas realizadas.
Conforme os dias foram passando, íamos nos acostumando com os preços noruegueses. Este é considerado um dos países mais caros do mundo. Havíamos estocado o que podíamos na Rússia, mas mesmo assim precisávamos nos reabastecer com alimentos frescos. Nas primeiras visitas ao mercado, saímos com as mãos praticamente vazias. Imaginem, um pepino custava USD 2,50/cada! Mas aos poucos fomos aprendendo o que era mais econômico, como um tipo específico de pão, brócolis, couve-flor e cogumelos. Ah, cogumelo! Delicioso. Ele abunda as regiões nórdicas e por isso torna-se mais acessível. Foi um dos itens que mais comprados e de tão carnudos, substituíam nossa carne. Almoçar ou jantar num restaurante, não podíamos nem pensar.
O diesel também era caro (preços variavam de USD 1,40/L a USD 2,00/L), mas uma prática norueguesa, que custou para a gente descobrir, ajudou a economizar uns trocados. Nos domingos a tarde o preço baixava e voltava ao normal na segunda-feira, ao meio-dia. Na quarta, em alguns postos, baixava novamente, e na quinta já era salgado para os bolsos dos motoristas. Mas mesmo com os altos custos do país, nós, que tínhamos nosso próprio carro, que é nossa casa, conseguimos viajar relativamente barato.
Quando entramos nas Ilhas Lofoten, ficamos ainda mais maravilhados com a natureza. São diversas ilhas – Austvagoy, Vestvagoy, Flakstadoy, Moskenesoy, dentre outras – muito próxima uma das outras e por isso a possibilidade de serem conectadas por pontes ou túneis. Em cada ilha haviam montanhas, baías protegidas, pastos com carneiros e vilas pitorescas. Henningsvaer é conhecida como a Veneza das Lofoten. É uma vila pesqueira de bacalhau, na qual, após o inverno, pode-se ver milhares de peixes pendurados nos varais para secar, para depois serem exportados para o mundo. O turismo é o carro chefe da economia local, alias, ele está em toda a Noruega, mas apesar do norueguês depender disso para o seu sustento, o turista não parece ser muito bem quisto. A insatisfação com o turismo excessivo estava estampada no farol da vila Kabelvag, onde estava escrito “kill a tourist”, ou seja, “mate um turista”. Percebemos que esse incomodo não está acontecendo somente na Noruega, mas em pontos turísticos do mundo, que estão sendo literalmente devorados por massas de visitantes.
Fomos dirigindo, pelas ilhas, ao oeste, curtindo cada beleza do lugar. Ora dirigíamos, ora fazíamos caminhadas, como a realizada até a praia Kvalvik. Não satisfeitos com o visual ao nível do mar, subimos 543m até o Pico Ryten para termos uma vista não só da praia abaixo de nossos pés na beira de um enorme penhasco, mas de grande parte das Lofoten.
A vista mais bonita o Roy teve quando voou de paramotor. Há dias ele vinha sonhando em voar nessas ilhas, mas pela situação geográfica, que tem montanhas para todos os lados e rotorizam os ventos, não era um lugar muito indicado. Acompanhamos a meteorologia e haveria um dia em que o vento estaria na direção favorável, então ele decidiu tentar, mesmo que a Michelle estava relutante com a ideia. As primeiras tentativas de decolagem foram frustradas e quando ele finalmente conseguiu tirar os pés do chão, nos primeiros segundos já estava arrependido, pois enfrentou uma descendente e o paramator relutou em subir, tento abaixo de seus pés um mar congelante. Após alguns minutos conseguiu escapar da enrascada e subiu, subiu, subiu, até estar acima das montanhas, onde o vento estava liso e constante. Ali estava seguro, então, por um breve período, ele pode se deslumbrar com as belezas das Lofoten. Segundo o Roy, esse foi o seu voo mais demorado. Não porque a paisagem foi a mais linda, mas porque ele estava com medo de descer e ter que enfrentar o vento instável. Na descida difícil, seu paramotor lhe deu um susto na hora do pouso, mas ambos ficamos aliviados quando ele colocou, são e salvo, a bunda no chão.
Sonho de voar realizado, seguimos viagem passando por Reine, um dos principais cartões postais do arquipélago, até chegarmos no final da estrada, na vila de Å. Belo nome, não? Por ordem alfabética, essa vila seria a primeiríssima da lista de localidades do mundo. No final da última ilha, para não precisarmos retornar aquelas centenas de quilômetros, embarcamos o Lobo numa balsa (a primeira de muitas) e depois de 5,5 horas, desembarcamos em Bodo.
O próximo marco em nosso caminho foi a linha do Círculo Polar Ártico, que cruzamos pela sexta e última vez. A partir dali, aconteceu a mudança da paisagem rala de latitude extrema, para as florestas mais do sul. Resolvemos dar uma rápida passada na Suécia, já que ouvimos falar bem sobre uma tal de “Wilderness Road” (Estrada da Região Selvagem). Mas a estrada não era aquelas coisas; talvez por não termos tido a sorte de ver animais. A região é bonita, claro, mas quando se vem de um país como a Noruega, é difícil achar algo que o supere. Nos 400km desse percurso, o que mais nos chamou a atenção foram as vilas do povo Sami como Fatmomakke, que foi construída para catequizar os indígenas. Visitamos a igreja e as “ocas”, onde os Samis moravam. Eram feitas de toras e com isolamento de casca de bétula.
De volta à Noruega, passamos por Trondheim, antiga capital e terceira maior cidade do país, com aproximadamente 165 mil habitantes. Vimos o Palácio Real e também sua coleção de armazéns na beira do rio, que datam dos séculos 18 e 19. Tudo em madeira colorida. Um detalhe clássico dos armazéns eram as mãos francesas presas lá no alto, abaixo das cumeeiras, com uma roldana na ponta, que serviam para erguer as cargas para os armazéns. Na linha dessa espécie de guincho ou talha, em todos os andares, haviam portas maiores para adentrar ou retirar mercadorias. Esse sistema estava nos dois lados das construções: um, que se encontrava no lado do rio ou mar, para carregar e descarregar os barcos; outro, estava virado para a rua, para carregar ou descarregar carroças ou caminhões.
Se alguém pesquisar na internet sobre “as estradas mais incríveis do mundo”, verá que uma delas passa sobre uma ponte em curva, e na foto, provavelmente, a ponte estará sendo banhada por uma onda gigante. Essa é a Rodovia do Oceano Atlântico e localiza-se na Noruega. Nós fomos visita-la, mesmo que ficou fora de mão, ou seja, tivemos que fazer um longo deslocamento. Chegando lá, talvez por nossa expectativa ser muito alta, nos decepcionados um pouco. Num dia de mar revolto, com ondas espirrando água para todos os lados, talvez tivéssemos tido outra conclusão. Achamos que o fotógrafo que fez aquelas fotos foi muito feliz, pois conseguiu dramatizar um lugar que possui algumas pontes sobre o mar e nada de muito especial. Mas há mais um detalhe a ser lembrado. Estávamos na Noruega, um dos países mais bonitos que estivemos. Lá tudo é lindo, talvez isso também influenciou nossa percepção.
Do centro do país para o sul, entramos na região dos fiordes mais bonitos, mas como eram imensos, ao invés de contorna-los, cruzamos seis deles de balsa. Igual aos tuneis, as balsas (ferries) são meios de transporte essenciais na Noruega; sem eles esse país não se conectaria. Existem mais de cem conexões de ferries para veículos na Noruega, isso sem contar os exclusivos de passageiros.
Em Andalsnes esta a maior parede vertical da Europa – o Trollvegen. Tem 1.200m de altura e é considerado o maior dos desafios dos montanhistas. E é a “meca” dos basejumpers, mesmo que seja ilegal saltar de lá. Roy, que é paraquedista e já fez cinco saltos de basejump, pirou. Dava para ver que seus olhos brilhavam quando olhava para a imponente rocha. Mas o basejump é perigoso e não perdoa quem comete erros. Não perdoou o amigo do Roy, Andrezão, brasileiro, que, alias, foi seu instrutor nesse esporte. André morreu neste local em 2012 e para nossa surpresa, seu nome estava escrito num memorial, o último da lista.
Para acessarmos o topo da parede, primeiro contornamos as onze curvas fechadas da serra Trollstigen (Escada do Troll) e depois caminhamos 5,5km, ascendendo 600m. Ao chegarmos na borda da parede e olharmos para baixo, UAU, que coisa incrível. Passamos horas deitados na beira do precipício, imaginando como seria legal se fossemos pássaros. De repente três pontinhos voaram paredão abaixo. Estavam longe, pois tudo ali é grande. Pareciam ser pássaros, mas descobrimos serem pessoas, quando seus paraquedas abriram próximo ao chão.
Curiosidade: no Trollvegen encontramos um grupo de estudantes noruegueses, com os quais conversamos alguns minutos. O professor nos falou que a matéria que ele lecionava era Outdoor Life, traduzindo, vida ao ar livre. É perceptível que na educação, os europeus estão evoluídos de nós, pois há tempo tiveram a percepção de que atividades básicas da vida, como o contato com a natureza, fazem a diferença SIM na formação de um indivíduo.
Já escrevemos tanto sobre a Noruega, mas ainda não falamos de seus ícones principais, os fiordes. O primeiro que exploramos mais a fundo foi o Geiranger. Ele é, na verdade, um braço de 15 quilômetros que inicia em um outro fiorde maior. É estreito, com paredões altos e cheios de cachoeiras, que despencam diretamente nas águas salgadas do mar. Para contemplarmos as 7 Sisters (7 Irmãs) e a Suitor (Pretendente), que são cachoeiras gigantes que descem desses paredões, colocamos nossa canoa na água cristalina e esverdeada, que de tão limpa nos dava a oportunidade de ver a vida debaixo dela, cheia de águas vivas, ouriços, estrelas do mar e peixes. Remamos em torno de 18km, em mais de 5hs, dividindo a água com barcos maiores, balsas, speedboats e caiaques. Quando voltávamos desse passeio maravilhoso, pela maré ter baixado, os paredões revelaram milhares de mariscos presos na rocha. O Roy, empolgado, catou o pacote vazio de pão, onde levamos nosso lanche, e encheu-o de mariscos. Queria garantir a janta. Final do dia, acampados de frente para o fiorde, saboreamos um espaguete de mariscos na manteiga, que ficou delicioso.
Passamos também pelo fiordes: Sognefjorden, mais longo e profundo da Noruega, com 204km de extensão e 1.308m de profundidade abaixo d’água; Hardangerfjord, com fazendas de frutas e flores selvagens nas suas encostas; Naeroyfjorden, que é um braço menor do Sognefjorden. Neste último, adentramos por uma estrada estreita em sua margem até a vila de Bakka, onde remamos mais uma vez. Nada como poder explorar as águas com nossos próprios remos. Foram mais 3,5hs de remada, ao lado de paredões de mais de 1.200m de altura. O interessante é que a paisagem e as águas eram bem diferentes do fiorde Geiranger. Almoçamos numa linda praia, mas na volta, o tempo fechou, então tivemos que remar contra o vento forte. Tarefa difícil com uma canoa leve como a nossa.
Dos fiordes, fomos para as terras altas da Noruega. Dirigimos pela Sognefjellet, considerada a estrada mais alta da Europa do Norte. Seu passe de 1.434m de altitude passa nas proximidades de Parque Nacional Jotunheimen, terra de mais de 275 picos acima dos 2.000m e de 60 glaciares. Ali encontra-se, também, o maior campo de gelo europeu, com até 400m de profundidade. Nós fizemos uma caminhada até a beira do glaciar Smorstabbreen e a 1.681m de altitude tivemos uma vista de 360 graus da sua imensidão.
No sul do país, colocamos nossas perninhas a ativa novamente e realizamos mais três caminhadas. Talvez as mais famosas da Noruega, pois atraem pessoas do mundo inteiro. Na primeira caminhamos 27km até uma pedra comprida que se projeta sobre um abismo chamada Trolltunga (Língua do Troll). Geralmente, quando vamos para as montanhas, buscamos a paz e o silêncio. Naquela pedra, o que queríamos mesmo era sentar na borda, comer um sanduiche e curtir a energia local. Mas lá, isso é impossível. Havia uma fila de pessoas esperando para tirarem sua foto. O local é alucinante, mas confessamos que nos sentimos um pouco bobos de estar ali, enfrentando uma hora e meia de fila para tirar uma foto também. Aquela pedra parecia um palco de teatro, onde cada um dava o melhor de si para a câmera, enquanto era assistido por centenas de expectadores. Teve circo russo, bundalele e até proposta de casamento. No final, temos que dizer, até que foi divertido.
As outras duas caminhadas foram as margens do Lysefjord até as pedras Preikenstolen ou Pedra Púlpito, assim chamada pela sua forma e a Kjeragbolten, uma pedra redonda presa a uma fenda a mais de 1.000 de altura sobre o fiorde. Subimos nessa pedra redonda, que tinha em torno de dois metros quadrados, tendo um abismo aos nossos pés. O Roy subiu tranquilamente, mas a Michelle não conseguia ficar em pé, tamanha a sensação de perigo.
Stavanger é uma das maiores cidades norueguesas ou até do mundo, feita só de madeira. É muito charmosa. Mas assim como em todo o país, estava vazia, sem vida. Por todo o país víamos carros circulando, casas com luzes acessas e cortinas abertas, fazendas equipadas, mas não víamos as pessoas. O que a Noruega tem em vida natural, perde em vida humana. Conversamos com outros viajantes e eles tiveram a mesma carência: o contato humano.
Em resumo: A Noruega é um dos países mais desenvolvidos do mundo. Pudemos fazer as caminhadas tranquilos, deixando nosso carro estacionado na beira da estrada, pois o país é muito seguro. Também é o país mais rico do mundo. É o segundo maior exportador de frutos do mar, tem alto potencial turístico, possui grandes reservas de petróleo e todo o seu dinheiro é investido em ações de bolsas de valores. Seu povo tem uma garantia de que se um dia os recursos naturais acabarem, o país ainda terá dinheiro para manter a saúde e o ensino, além de uma boa previdência social. Com tão pouco a se preocupar, nos pareceu, num primeiro momento, que o norueguês tem uma vida perfeita. Mas depois, vimos que eles também podem ser infelizes. Achamos que quando a vida é perfeita demais, ela perde a graça. São os problemas e desafios que nos motivam a estar ativos. Talvez é por isso que os países de terceiro mundo são cheios de vida. Todo mundo tem que correr atrás, todos os dias, sem trégua. Reclamamos que a vida é difícil, mas temos certeza que se tivermos a vida ganha, estaríamos entediados e sem propósito na vida. O equilíbrio seria o ideal.
Na estrada, quando fazíamos um dos últimos trechos da Noruega, enquanto esperávamos na fila de uma obra na estrada, um homem veio bater na nossa janela. Ele era landeiro (é claro!), e seu filho, de longe, havia identificado que nosso carro também era um Land Rover. Conversa vai, conversa vem, Ron acabou nos convidando para irmos em sua casa em Valle. Aceitamos, mas estranhamos, pois um norueguês jamais teria essa atitude de vir falar conosco e depois de fazer esse convite. Quando fomos a sua casa, desvendamos o mistério: Ron era holandês e sua esposa Ania, polonesa. Ambos moravam lá há anos, onde tiveram dois filhos, Ulvar e Vilja. Achamos que eles também estavam carentes de uma boa conversa, pois segundo Ron, ele malmente conhece seus vizinhos.
Na fronteira da Suécia aconteceu um fato cômico. Um policial sueco pediu para o Roy (motorista) fazer um teste de bafômetro. Roy não perdeu a chance e falou ao oficial: “É impossível estar bêbado, vindo da Noruega”. Para quem não sabe, eles taxam altos impostos sobre o álcool, então beber, naquele país, é só para quem tem muito dinheiro.
PS: Vocês devem ter percebido no decorrer desse diário que muitos nomes de lugares possuíam “Troll”. A explicação está na mitologia Escandinávia. Troll é uma criatura sobrenatural e antropomórfica imaginaria das lendas locais. Pode ser um gigante feio, com orelhas e nariz enormes, assim como uma pequena criatura com cauda de animal. Por causa de sua aparência assustadora, as crianças nórdicas cresceram temendo essas criaturas que vivem em locais isolados das florestas, montanhas, cavernas e grutas. Geralmente são descritos como maldosos e estúpidos, como seres muito antigos e fortes, mas ao mesmo tempo são lentos. Nos contos lhes foram atribuídas diversas características, como sua transformação em pedra quando expostos a luz solar. Por isso muitos locais e pontos turísticos são associados aos trolls.
Saiba mais sobre esse trajeto:
- Noruega, país no. 100 do Mundo por Terra!;
- 71° 10′ 21″ N;
- Terceira Latitude 70;
- Sol da Meia Noite e Noite Absoluta!;
- 12 caminhadas incríveis na Noruega.
Itinerário percorrido
Fotos